Mundo Mulher

Pais Devem Monitorar Conteúdo dos Games

   

O segredo, para a psicóloga, é os pais fazerem a triagem (e conhecerem) do conteúdo dos jogos.

No livro Brincando de Matar Monstros Por que as Crianças Precisam de Fantasia, Videogames e Violência de Faz-de-Conta (Editora Conrad), o jornalista e crítico cultural americano Gerard Jones entra como defensor do jogos. Os games são, de todas as formas de violência no entretenimento, a menos perigosa. O fato de nos fazerem pensar em tiroteios verdadeiros e treinamento militar não significa que as crianças os tratem como tal quando jogam seria o mesmo que dizer que consideram soldadinhos de plástico ou peças de xadrez guerreiros de verdade”, escreve.

Jones cita o caso Columbine, em que dois adolescentes americanos atiraram contra vários colegas de escola. Ambos eram fãs desses games, e muita gente colocou a culpa nos jogos. Houve 16 tiroteios em escolas, protagonizados por 18 adolescentes, nos últimos anos. Apenas em Columbine os responsáveis eram jogadores exagerados de videogames. Outros elementos eram mais comuns: os garotos costumavam ser ameaçados pelos colegas, eram hostis ou isolados dos pais, tinham feito ameaças de suicídio e mostravam fascinação por notícias a respeito de tiroteios anteriores. Características comuns também ao, na época, estudante de medicina Mateus da Costa Meira. Em novembro de 1999, ele disparou tiros de submetralhadora numa platéia de 40 pessoas que assistia ao filme Clube da Luta num cinema de São Paulo. Meira repetiu as mesmas seqüências do game Duke Nuken. Desde a entrada no cinema, no banheiro, à escolha e à regulagem da arma.

Em 2004, o estudante foi condenado a 120 anos de prisão. Em 2007, a pena foi diminuída para 48. O episódio causou comoção nacional . A polêmica sem falar no fascínio – em torno do jogo violentos aumentou desde então. Videogames não são deuses nem demônios, mas um recurso tecnológico, ressalta a psicóloga Laércia Abreu Vasconcelos, doutora pela Universidade de Brasília (UnB). A pesquisadora, que trabalhou no Japão com sobreviventes da bomba atômica de Hiroshima e, em Cuba, com crianças expostas ao acidente com césio 137 de Goiânia, acredita que a polêmica pode contribuir para uma discussão maior do que apenas dizermos se somos a favor ou contra uma lei que proíbe alguns jogos. Simplismo Para a pesquisadora, é preciso eliminar a visão simplista que imagens violentas geram seres violentos.

A complexidade na explicação do comportamento humano conta com análises que buscam tanto a história do indivíduo, de sua família, de seu povo, como o seu momento atual. O não-diálogo, a não-parceria diária com os filhos e a adoção da máquina como companhia para as crianças e jovens representam sérios riscos para eles, que podem desenvolver sentimentos de tristeza, auto-avaliações desfavoráveis e comportamentos agressivos, explica.

O segredo, para a psicóloga, é os pais fazerem a triagem (e conhecerem) do conteúdo dos jogos. “A indústria do videogame tem apresentado excelentes recursos produzidos por equipes altamente treinadas, bem informadas e que introduzem às crianças idiomas, história geral, entre outros temas. É preciso selecionar, ensina. É a mesma solução apontada pelo autor de Brincando de Matar Monstros. Gerard Jones acredita no bom e velho diálogo entre pais e filhos. Algo difícil para muitos pais aceitarem é que, quando seu filho estiver com 14 ou 15 anos, ele provavelmente terá jogado qualquer jogo e visto qualquer imagem que quiser – goste você ou não.

Você pode certamente ajudar a orientá-lo, mas não pode achar que vai impor um controle. Porque todos têm amigos com pais mais liberais ou irmãos mais velhos. Sempre haverá um jeito de ter acesso a essas coisas, escreve. Game over. > O Justiceiro (the punisher)

No game, totalmente contra os direitos humanos, o jogador comanda o "justiceiro", personagem que mata e tortura para obter informações. Os interrogatórios com vítimas sendo torturadas são o ponto alto do jogo, segundo os fãs. Dá para quebrar o braço das vítimas, fechar a janela na cabeça delas, bater com bastão, dar choque... E aqui o componente de maldade natural do jogador é testado: depois da tortura, muitos gostam de matar a vítima, mesmo sem "necessidade"

> Shadow of Rome Espécie de versão violentíssima para o Playstation 2 do Gladiador. No Coliseu de Roma, o jogador vive um gladiador que deve exterminar seus oponentes com crueldade. Os mais sanguinolentos gostam de arrancar braços e cabeças das vítimas e atear fogo em inimigos ainda vivos. Os fãs alegam que neste jogo a violência faz sentido pelo "contexto histórico"

> GTA (grand theft auto) A série em três versões (GTA 3, Vice City e San Antonio) é das mais politicamente incorretas do momento. O jogador pode cometer todo tipo de barbaridade: roubar carros, atropelar pedestres, matar policiais, atirar em portadores de deficiências com bazucas, espancar velhinhas, fazer programas com prostitutas e depois executá-las a sangue frio para pegar o dinheiro de volta, surrar pedestres com um taco de beisebol até encharcar a rua com o sangue, etc. Quanto mais maldade comete, mais estrelas conquista.

> NARC O jogador comanda policiais cuja missão é exterminar uma grande quadrilha. A controvérsia está no fato de que, uma vez em poder de drogas, o policial pode usá-las e acabar se viciando. Corrupção policial também é praticada por muitos jogadores.

> Manhunt Banido em alguns países, tem como protagonista um criminoso que está no corredor da morte, cujo objetivo é executar seus inimigos presidiários. O realismo das cenas de assassinato faz muita gente considerar este o game mais violento da atualidade.

Fonte: Jornal O Popular

   
Mundo Mulher
Mundo Mulher
Mundo Mulher
box_veja