Gravidez: uma mistura de sentimentos

Com a gravidez, as modificações acontecem não só no âmbito físico, mas também na vida emocional do homem e da mulher, que passa a ter um novo sentido, muito diferente de tudo o que eles já experimentaram. Numa avaliação mais detalhada sobre o complexo ato de ter um filho, é inevitável o surgimento de sentimentos ambíguos. A cabeça do casal pode se transformar em um poço de sensações antagônicas: do sim e do não; da alegria e do medo; da confiança e da insegurança.

E isto é comum mesmo quando desejamos a chegada do bebê. Já quando o filho anuncia sua vinda em um momento inoportuno, o sentimento de rejeição à gravidez pode prevalecer. Mas ainda assim haverá uma parte que dirá: “Talvez não seja uma hora tão inadequada”. É importante lembrar que essa mistura de sentimentos não é exclusividade apenas dos pais, mas de todo relacionamento humano. Por isso, torna-se fundamental admitir que tal ambivalência existe e que ela se manifesta de várias formas ao longo da gestação e após o nascimento da criança.

Infelizmente, para muitas pessoas é complicado aceitar sentimentos tão distintos em relação ao próprio filho e passam a se condenar pelos pensamentos “errados”. Muitas vezes, a futura mãe reclama que o homem está indiferente à chegada do bebê, quando na verdade ela está precisando ver nele os sentimentos “ruins” para que fique nela somente os “bons”.

Casais grávidos

Certamente a gravidez tem conseqüências bem diferentes no homem e na mulher, apesar de ambos contribuírem igualmente para ela aconteça. É a mulher que irá sentir o desenvolvimento do bebê dentro de seu útero, vai dar à luz e amamentar a criança. Tanta intimidade pode despertar no homem sentimentos como ciúme e inveja da capacidade feminina de gerar e de alimentar o filho.

Por não ter esse vínculo sólido com o bebê, é comum, por exemplo, que em caso de uma ameaça de perder a criança, muitos homens se preocupem mais com o risco para a mulher e sintam-se tristes por causa da tristeza dela e não pela perda do neném em si. O fortalecimento da relação entre pai e filho acontece gradualmente após o nascimento e, principalmente, à medida em que a criança vai se desenvolvendo.

Curioso ainda é o caso de homens inconformados em não poder participar diretamente da gestação. Eles chegam a ter sensações comuns à gravidez, como sonolência, aumento de apetite e náuseas. Mesmo sendo impossível que ele participe de tudo, é fundamental que o futuro papai não se exclua do processo. Estudos recentes sobre o desenvolvimento precoce do ser humano revelam que os recém-nascidos são sensíveis e receptivos ao contato com o pai e necessitam tanto do carinho da mulher quanto do homem.

E é devido a essa importância que atualmente já se fala em casais grávidos. Quando um homem e uma mulher esperam um filho têm por obrigação ampliar um espaço interno para acolher emocionalmente o neném e, mais, compreender que não é só mais um filho que está sendo gerado e sim um novo ser dentro deles mesmos.