Mundo Mulher

Carnaval e Filhos

Carnaval e Filhos

   


Carnaval e Filhos

 


Fonte: (foto) www.exposicaovirtual.hpg.ig.com.br/ O Carnaval faz parte da vida dos brasileiros e está fortemente instituído na nossa cultura. Somos internacionalmente conhecidos pelas nossas festas, no que elas têm de bom e de ruim.

Para os pais, o reinado de Momo levanta uma questão que está presente o tempo todo: quais os limites que devemos manter com os nossos filhos e como lidar com mais esse desafio no tocante à proteção deles? Não se deixem enganar. As drogas - que fique bem claro, o álcool está entre as mais preocupantes -, o sexo inseguro e a violência não são absolutamente privilégio do Carnaval, embora sejam mais toleradas e até incentivadas socialmente nesta época.

Pensando na faixa etária, a criança pequena não vai a baile sozinha, o que subentende o cuidado dos pais. Para ela, a fantasia é o grande brinquedo e a graça do baile costuma ser juntar o máximo de confete e serpentina. Não há grande interesse pelas músicas e até pouca compreensão dos temas envolvidos. Mantenha-as assim. O contato com o que lhes é próprio da idade, pode ser muito divertido.

Quanto aos pré-adolescentes, que estão começando a pensar em "ficar" e eventualmente "ficando", os apelos de erotização pela mídia e consumo de roupas adultas é intenso e implacável. Vale a presença dos pais nos arredores e a fiscalização do ambiente freqüentado. Que se respeitem as idades e não se misturem com adultos, para quem a conotação do erótico leva às vias de fato sexual. Neste caso, o que está em jogo, para meninos e meninas, é brincar com os papéis adultos.

Por mais "sexy" ou viril que possam parecer, o que interessa para os pré-adolescentes é o "fingir-se de" e não há estrutura para bancar a mesma sexualidade, o que seria desastroso. A criança fica segura quando percebe que o adulto não confunde as coisas. Um exemplo são os blocos onde pessoas adultas se fantasiam com roupas e maquiagem do sexo oposto. Isso é motivo de muita piada, mas só conseguem brincar com isso se a brincadeira for respeitada, não confundindo com pessoas de outro sexo. Também não podemos confundir nossas candidatas a "lolitas" com mulheres adultas. Quanto à droga e a violência, falar é pouco. Precisamos estar por perto ou conhecer bem o lugar.

Já os adolescentes, que nesta fase da vida encerra um paradoxo - corpo com as funções de adulto, mas sem ter o "status" social que pode lhe dar autonomia para assumir totalmente os próprios feitos - é preciso ser coerente com as atitudes tomadas até agora. O mesmo limite que os pais dão para as festas tem que ser mantido. O adolescente não se emancipou só porque chegou o Carnaval. Por outro lado, é uma ótima oportunidade para falar em sexo seguro e drogas.

Rapazes e garotas nessa idade têm hora para chegar e é importante que os pais realmente saibam onde vão "pular". Que não fique dúvida sobre o papel dos pais na adolescência, tanto como foi importante nas etapas anteriores. Agora, os pais não podem se abster de impor limites e de cobrar responsabilidades.

Na medida em que forem capazes de mostrar maturidade, os pais vão outorgando mais liberdade. Por isso, cada pai e mãe vai poder ter essa medida no convívio diário com os filhos. Se um filho mais novo der mostras de maturidade maior que o mais velho, pode-se claramente ter uma atitude diferente entre eles.

Agüentar cara feia, choro e ranger dos dentes, faz parte do papel dos pais e é necessário que tenham convicção quando impuserem limites para que não voltem atrás levianamente. Muitas vezes, há necessidade de uma primeira negociação - com quem, como, quando e onde -, mas depois cabe a firmeza.

O que está em jogo não é o lazer do adolescente, mas quanto os pais se tornam figuras confiáveis e o ajudam a fazer o mesmo.

* Dra. Vera Iaconelli é especializada na relação entre pais e filhos. Coordenadora da Clínica Gerar - Escola de Pais, é mestre em Psicologia pela USP e psicoterapeuta corporal biodinâmica adulto e infantil.
Mundo Mulher
Mundo Mulher
Mundo Mulher
box_veja