Na hora de pôr o bloco dos foliões mirins na rua, todo cuidado é pouco. No quesito fantasia, optar por tecidos leves, de algodão e cor clara é uma das dicas de especialistas para evitar que os bailes de carnaval tenham alergias e brotoejas como efeitos colaterais.

A atenção deve ser redobrada ainda com substâncias químicas presentes em produtos de maquiagem, sprays de espuma e até mesmo no protetor solar.

“Ao escolher a fantasia, deve-se evitar o material sintético, principalmente para crianças de até 5 anos. Esses e outros tecidos mais pesados acabam ocluindo a pele, facilitando o aparecimento de brotoejas. Pode estimular a coceira e levar a uma alergia na pele, por causa do calor”, explica a dermatologista Elisa Fontenelle, coordenadora do departamento de dermatopediatria da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro.

Quando o objetivo é driblar o calor, fantasias de índio e havaiana dão um banho naqueles longos e cintilantes vestidos de princesa. O difícil é explicar isso à criançada. A jornalista Christina Martins vem negociando com a filha Carolina, de 10 anos, o modelito deste carnaval.

“O ideal é buscar fantasias bem leves, com poucas coisas para carregar, o que geralmente sobra para as mães. Minha filha está com 10 anos e já não tenho tanta autonomia. Sugeri que ela fosse de índio, por causa do calor, e ela pediu um vestido da Pocahontas. Aí eu disse: índia nacional, não americana!”, conta Christina, que há cinco anos mantém, com as jornalistas Angela Tostes e Denise Moraes, o site Amigas da Pracinha, com dicas e serviços para pais e mães.

Mas os cuidados com a folia mirim vão além do guarda-roupa: segundo a dermatologista Elisa Fontenelle, aqueles sprays de espuma que viraram febre nos bailes infantis também podem causar alergias e levar à absorção de substâncias tóxicas pela pele. Já na hora de escolher a maquiagem das meninas, o ideal é buscar produtos voltados para as crianças e dermatologicamente testados.

“O melhor é evitar. Mas é um problema, porque elas sempre querem”, diz.

De olho na composição do protetor solar

O protetor também exige cuidado na escolha: segundo Elisa, o ideal é optar por um fator de proteção solar 30 e aplicar duas camadas sobre a pele, meia hora antes da exposição ao sol, sem esquecer de áreas como pescoço, orelha, colo e dorso de pés e mãos. O produto deve ser reaplicado a cada duas horas. Em caso de banho de mar, piscina ou muito suor, esse tempo deve ser reduzido para uma hora e meia.

Os pais devem prestar atenção também à composição do produto: de acordo com a dermatologista, há os filtros físicos e os químicos, que têm mais substâncias em sua composição.

“Quanto menos substâncias químicas, melhor. Os filtros que são só físicos são mais seguros”, explica.

Para diferenciar os dois deve-se ficar de olho na embalagem: os físicos contêm óxido de zinco e dióxido de titânio. Já os químicos contêm substâncias como mexoril, octil metoxcinamato, oxibenzona e avobenzona. A dermatologista ressalta que há os filtros físicos e químicos, que contêm substâncias desses dois grupos. “Os exclusivamente físicos são mais seguros”.

As fantasias devem ser de tecidos leves, arejados e fáceis de vestir. Deve-se evitar o uso de tecidos sintéticos, que produzem excesso de transpiração, facilitando o surgimento de brotoejas. O ideal é o tecido 100% algodão.

O melhor é evitar maquiagem. Quem não conseguir convencer a criançada, deve procurar produtos hipoalergênicos, testados dermatologicamente, com aprovação da Anvisa e do Inmetro.

As serpentinas em spray também podem provocar alergias, principalmente nas peles mais sensíveis, por conter resinas na composição.

Em caso de irritação, os pais devem lavar o local com água abundante para remover ao máximo o produto. Se os sintomas persistirem, deve-se procurar auxilio médico.

O sol nos horários entre 10h e 16h deve ser evitado. E o protetor solar deve ser usado inclusive em dias nublados.