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Quando o papel do educador ganha função familiar

Quando o papel do educador ganha função familiar

26/09/2012

Coordenadora do Colégio Itatiaia fala sobre a atuação do professor na sociedade atual

Quando o bebê nasce, a presença dos pais se torna fundamental na vida dele, já que a partir de então, o pequeno aprenderá a se comunicar com o mundo de acordo com a orientação dada por eles. Mas à medida que a criança cresce e se desenvolve, ela necessita aprimorar sua capacidade de aprendizado e neste momento, surge um terceiro elemento também importantíssimo na vida dela: o educador.

Na sociedade atual, muitos pais, por conta das ocupações do dia a dia, acabam permanecendo um bom período longe dos filhos de modo que estes chegam a passar mais tempo na escola do que com a própria família. Diante deste cenário somos obrigados a refletir se o papel do educador nos dias de hoje também acaba por suprir a ausência familiar.

Para a coordenadora do Colégio Itatiaia, Cláudia Fernanda Venelli Razuk, o papel do educador nunca mudou, ele apenas se aprimorou. “O professor sempre foi responsável por ajudar na educação acadêmica e social, porém, hoje há uma cobrança maior da sociedade (principalmente dos pais) para que esse papel seja aumentado a cada dia” diz.
 
Diante das inúmeras tecnologias (celulares, tablets, computadores) que acabam por ocupar demasiadamente o tempo de pais e filhos, além dos primeiros estarem sempre atarefados profissionalmente, o diálogo familiar tem diminuído cada vez mais.
 
De acordo com Cláudia, essa situação acaba contribuindo para que a sociedade atual cobre dos professores que eles também sejam pais e mães de seus alunos. “Mas há que se ter limites quanto a isto, pois educação é parceria, e as famílias jamais poderão se isentar desse papel. O ditado que circula pelas redes sociais é super verdadeiro: professor é transitório, família é para sempre”, ressalta a coordenadora. Ela ainda completa que muitos pais, na busca por uma escola ideal, confundem o “lugar para deixar o filho” com o “lugar que educa”.
 
Entretanto o que acontece muitas vezes é que nem mesmo a função de instruir os alunos, os educadores conseguem exercer adequadamente como se pode ver principalmente no ensino público brasileiro, cuja qualidade tem decaído cada vez mais. Mas em muitos casos a culpa não é deles, de acordo com Cláudia, a falta de investimento em educação pública, em maiores salários e treinamentos, além do término da estabilidade – que impossibilita um péssimo professor de ser demitido – são os verdadeiros responsáveis por este problema.
 
Hoje em dia são muitos os desafios que um educador precisa enfrentar, pois, também tem se tornado cada vez mais comum a prática de ações agressivas entre os próprios alunos, como o famoso bullying, que cresce a rápidas proporções nas escolas.
 
Diante deste fator é preciso refletir se os educadores estão preparados para lidar com mais esta situação: “Existe a questão do ‘estar preparado’ e do ‘querer estar preparado’. O desrespeito à profissão e a falta de incentivo têm prejudicado a solução para tais acontecimentos. Ao perceber uma situação de bullying, por exemplo, o professor deve ter apoio de seus superiores, o que nem sempre acontece”, diz Cláudia quem completa que, muitas vezes, quando o professor chega a ser ameaçado por um aluno mais velho acaba não tendo a quem recorrer não por falta de interesse, mas sim de apoio.
 
 No Colégio Itatiaia, que é especializado em Educação Infantil, é inevitável que alguns educadores acabem desempenhando funções familiares com os alunos já que a instituição possui turmas que vão desde o berçário até o Fundamental II. Muitos professores, também pelo fato de passarem um longo período com as crianças, acabam se sensibilizando com elas. “Por outro lado, faz parte de nosso papel colocar os limites necessários aos educadores para que eles não ultrapassem os muros da escola exageradamente”, conclui Cláudia.

www.colegioitatiaia.com.br
Mariana Mascarenhas / lucky@luckyassessoria.com.br

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