Mundo Mulher

Má saúde bucal é risco para a gestação

Má saúde bucal é risco para a gestação

06/01/2012

 

                Uma das principais preocupações de uma futura mamãe é, sem dúvida, manter a saúde em dia para que o bebê nasça saudável e se desenvolva sem complicações. Mas entre exames de pré-natal e cuidados diários, muitas vezes a saúde bucal é deixada de lado.   De acordo com o Dr. Luciano de Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Oral e Coordenador da Pós-graduação em Implantondologia do Instituto de Odontologia da PUC-Rio, este quadro deverá ser invertido nos próximos anos, com pesquisas recentes que relacionam doenças bucais, principalmente a periodontite, a complicações na gestação.   Através das lesões na gengiva causadas pela periodontite, infecção crônica que aos poucos destrói o tecido ósseo que segura os dentes na arcada, bactérias presentes no tecido periodontal invadem a corrente sanguínea, podendo desencadear em mulheres grávidas a incidência de partos prematuros de crianças com baixo peso, uma das principais causas de mortalidade infantil.               Segundo estudo dinamarquês realizado pela Universidade de Aarhus, as doenças periodontais podem aumentar em 4,8 vezes as chances de ocorrer parto prematuro, em comparação a uma gestante sem problemas de saúde bucal. Na entrevista abaixo, o cirurgião-dentista Luciano de Oliveira esclarece pontos importantes sobre o assunto.           1) O que é periodontite e como ela pode afetar a gestante e o bebê?       A periodontite é uma infecção caracterizada pela contínua destruição do colágeno dos ossos e ligamentos que sustentam os dentes à boca. Nestas doenças, a carga enzimática local utilizada por nossas células de defesa para conter a agressão bacteriana é algumas vezes tão grande que termina por gerar prejuízos ao próprio indivíduo. A lenta e frequentemente indolor degeneração destes tecidos termina por comprometer a implantação dos dentes, tornando-os amolecidos e podendo até mesmo levá-los à esfoliação espontânea.     
2) Como ela se desenvolve?       As periodontites desenvolvem-se a partir da colonização da superfície dentária por um grupo específico de micro-organismos que, ao encontrar um ambiente favorável e um indivíduo geneticamente susceptível, pode desencadear uma série de eventos danosos.       3) Como a infecção pode afetar a gestante e o bebê?       As doenças periodontais seriam fator de risco à gestação, pois as substâncias vindas da infecção se acumulariam em um “reservatório” de organismos que representariam uma ameaça à placenta. Quanto ao peso do recém-nascido, uma pessoa com problemas de saúde bucal tem como consequência a diminuição nutricional e, no caso da gestante, isso afeta diretamente o feto.       4) Quais são os sintomas da periodontite?       Entre os sintomas da doença, estão o amolecimento dentário, a migração ou deslocamento dos dentes, o sangramento gengival espontâneo ou estimulado, o mau hálito e a dor.       5) Como preveni-la?       A maneira mais eficiente de prevenção da maior parte das doenças periodontais é uma higiene diária bem executada, com uso de escovas dentais apropriadas e fio dental. Visitas periódicas ao dentista também são importantes para a manutenção da saúde oral.   6) Gestantes com doenças periodontais possuem mais chances de ter um parto prematuro?   Pesquisas apontam a relação entre o nascimento de prematuros em mães portadoras de doença periodontal, o que, definitivamente, é um alerta para que médicos e gestantes fiquem atentos também à saúde bucal.      
7) Como é o tratamento da infecção em pacientes gestantes?       O tratamento se baseia na remoção das colônias já estabelecidas nas raízes dentárias, através da raspagem destas superfícies. Algumas vezes, é necessária a utilização de antibióticos, assim como procedimentos de regeneração tecidual.   8) O nascimento de crianças prematuras com baixo peso é uma das principais causas de mortalidade infantil. Considerando a doença periodontal como um fator de risco, como a odontologia pode ajudar a evitar esse mal?   Atualmente, profissionais brasileiros debatem a necessidade de inclusão da saúde bucal em exames de rotina do brasileiro. É bastante preocupante que exista hoje, no Brasil, apenas um programa de saúde bucal, assim mesmo com recursos limitados, voltado basicamente para o controle de cáries.   Dr. Luciano de Oliveira - membro da Sociedade Brasileira de Medicina Oral e Coordenador da Pós-graduação em Implantondologia do Instituto de Odontologia da PUC-Rio   Camila Mendonça - camilaseculoz@gmail.com
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