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Afaste o risco da obesidade infantil

 

Crianças com baixo peso e com deficiência nutricionais já foram a maior preocupação dos profissionais de saúde.  Com uma alimentação incorreta e vida sedentária, as crianças brasileiras estão ficando mais gordinhas, característica antes tida pelos pais como sinal de saúde. Estima-se que 10% delas e dos adolescentes são obesos, com risco de se tornarem adultos com problemas cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial.


O alerta está no recém-lançado guia de nutrição infantil Crescendo com Saúde 2, da nutricionista Maria Luiza de Brito Ctenas, que tem apoio científico da Sociedade Brasileira de Pediatria. O livro traz informações coletadas entre 840 pediatras brasileiros, em nome de uma alimentação adequada, que tem início com o aleitamento materno. A autora explica que de nada adianta o avanço da tecnologia sem a boa alimentação na infância, “o prenúncio para a vida de um adulto saudável”.


A pediatra Edna Maria Ferreira, que atua em Goiânia e participado livro, lembra que o videogame, a TV e o comodismo que impede o preparo do cardápio apropriado são alguns fatores que contribuem para a aquisição de maus hábitos alimentares que levam a criança á obesidade. O que o livro propõe, conforme destaca a autora, é o retorno de uma alimentação mais natural, feita com cuidado e em casa. Por mais que a pessoa responsável por essa tarefa não tenha tempo, ela observa que o importante é fazer o máximo para cumprir uma rotina alimentar adequada.

O que comer?
Toda criança deve comer, todos os dias, alimentos energéticos (carboidratos e gorduras), proteína (leite, ovos e grãos) frutas e legumes, num total de 30 alimentos diferentes, orienta Maria Luiza. Pode parecer muito, mas ela explica com o cardápio de um almoço: arroz, feijão, carne refogada com chuchu, salda de alface com tomate e cebola ralada, regada com limão. Com o óleo, sal, alho, salsinha e azeite usados no preparo, uma única refeição reúne 13 alimentos, que dão cor ao prato. Ela diz que a refeição deve ser colorida. Do contrário, é monótona e, provavelmente, pouco adequada.


Maria Luiza observa que ensinar uma criança a comer os alimentos certos é um trabalho árduo, mas que se torna mais fácil se a família der o exemplo. A nutricionista diz que os pais não devem descartar o alimento logo na primeira vez que a criança provar e não gostar do sabor. É preciso oferecer o mesmo alimento em diferentes apresentações pelo menos cinco vezes, antes de desistir dele. “Não comeu a cenoura em forma de purê, experimente incluir o alimento numa salada, raladinho, ou como recheio de pastel”, sugere.

NÃO AO EXCESSO
- Prepare os lanches da criança. Sem o controle dos pais, ela pode comer em pouco tempo um pacote de bolachas ou de batatas fritas. Opte por lanches saudáveis e imponha limites na quantidade.
- Criança que come a toda hora pode ficar obesa. Por isso, estabeleça hora certa e cardápio para as refeições da família.
- As crianças imitam os adultos. Portanto, eles também devem ter bons hábitos alimentares e comer no horário estabelecido para dar o exemplo.
- Evite a tentação, mantendo alimentos menos calóricos na despensa e na geladeira. Exclua, por exemplo, biscoitos, chocolates, salgadinhos, sorvetes e refrigerantes da lista de compras. A medida, porém, não significa proibição. Sair com a criança para tomar sorvete ou comer sanduíche é um prazer e faz bem para o relacionamento. O que não pode é virar hábito.
- Evite também incluir alimentos gordurosos nas receitas, como creme de leite, leite condensado, bacon, salsicha, lingüiça, maionese, amendoim, nozes, castanha e coco. Substitua-os por outros menos calóricos.
- Diminua a quantidade de óleo nas preparações e exclua as frituras do cardápio. Duas colheres das de sopa de óleo têm 180 calorias.
- Troque refrescos artificiais e refrigerantes por sucos de frutas naturais, com pouco ou nenhum açúcar.
- Crianças habituadas desde cedo a comer frutas no lanche e na sobremesa comem menos sanduíches, salgadinhos, doces, sorvetes e chocolates.
- Prefira alimentos naturais. Ao comprar, alimentos industrializados, leia a tabela nutricional no rótulo e opte pelos menos calóricos.
- Leve a criança mais vezes ao parque, estimule-a a praticar esportes, limite o tempo para TV e jogos eletrônicos.

 

SABOR E SAÚDE


Ao preparar, torne menos calóricos e mais nutritivos alguns alimentos.
SANDUÍCHES
- Use somente carne magra, como peito de peru ou de frango.
- inclua legumes ralados, como cenoura, rabanete e pepino.
- Use pouca quantidade de gordura para grelhar o hambúrguer.
- Escolha sempre os queijos com menos gordura.
- Substitua os molhos à base de maionese por tomate, pepino, cenoura falada e vegetais folhosos.
- Use o mínimo de sal e abuse de ervas que contêm nutrientes importantes.
- Evite usar embutidos e frios. Prefira os sanduíches com carnes preparadas em casa.
- Faça opções variadas de recheios. Não coloque ao mesmo tempo carne, ovos e queijo, porque todos eles são fontes de proteínas. O ideal é ter apenas uma fonte de proteína no sanduíche.


BOLO MENOS CALÓRICO
- Reduza a quantidade de manteiga ou use Óleo de milho ou azeite de oliva.
- Experimente prepará-lo com menos gemas ou mesmo sem. Já as claras são menos calóricas e não têm colesterol nem gordura. Em neve, dão roeis leveza à massa.
- Opte por leite desnatado ou semidesnatado.
- Sucos naturais diluídos em água podem ser usados no preparo.
- Corte pela metade a quantidade de açúcar. Para deixar o bolo mais doce, cubra-o com geléia de frutas sem açúcar.
- Evite bolos recheados e cobertos com cremes e caldas com muito açúcar. Uma opção é rechear com gelatina preparada com leite desnatado.
- Para regar o bolo, troque a calda de açúcar por suco de fruta sem açúcar ou leite desnatado batido com frutas.
- Substitua parte da farinha de trigo por farinha integral ou de aveia. O teor calórico não diminui muito, mas o bolo ganha fibras e fica mais saudável.
- Para cobrir bolos de chocolates, dispense o brigadeiro e prepare uma mais leve: uma xícara (de chá) de leite desnatado, achocolatado em pó, uma colher (de sopa) de maisena e duas colheres (de sopa) de açúcar. Misture bem e leve ao fogo, sem parar de mexer, até engrossar. Espalhe sobre o bolo.

E quando a criança não come?


O livro Crescendo com Saúde 2 orienta sobre nutrição, mas, lembra a autora, Maria Luiza de Brito Ctenas, não substi¬tui a visita ao pediatra. A anda do médi¬co é importante, por exemplo, para detectar o que causa falta de apetite prolongada. Maria Luiza diz que até os 7 anos de idade, é normal a criança se interessar mais em brincar com a colher; por exem¬plo, dó que propriamente em comer. Mas pode ser que recuse a se alimentar porque os pais oferecem mais comida do que ela precisa.


Falta de apetite esporádica pode ser resolvida, caprichando na próxima refei¬ção. Mas caso a criança a rejeite nova¬mente, não reaja oferecendo guloseimas nem a obrigue a comer. “Deixe que espere a hora do lanche”. Maria Luiza diz que tomar o momento das refeições um estresse é um passo para que a criança te¬nha um problema alimentar para o resto da vida: ou ela pode valorizar demais a comida e comer muito, podendo ficar obesa, a, ou usar a alimentação como arma para dominar a família.


QUEM É A AUTORA
Maria Luiza de Brito Ctenas é na¬tural de Goiânia. Formada em Nutri¬ção pela Universidade Federal de Goiás, foi professora na instituição por dez anos. Mora há 20 anos em São Paulo, onde tem uma empresa, a C2 Editora e Consultoria em Nutrição. O guia de nutrição infantil Crescendo com Saúde 2 foi patrocinado pela Bristol-Myers Squibb e é o segundo volu¬me de uma série de cinco publicações do gênero. Deve chegar às livrarias nos próximos dias, ao preço sugerido de 59 reais, mas já pode ser adquirido no endereço eletrônico www.c2.com.br, pelo mesmo preço. O primeiro, lança¬do em 1999, vendeu até agora 30 mil exemplares. Pode ser consultado no site www.crescendocomsaude.com.br. O segundo volume já está sendo disponibilizado na internet para consulta e o terceiro, sobre desenvolvimento in¬fantil, tem publicação prevista para o ano que vem.

 Jornal O Popular

 


   

 

 

 

 

 

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