Mundo Mulher

O CÂNCER NA TERCEIRA IDADE

07/09/2011

De acordo com a ONU, uma em cada três mulheres e um em cada quatro homens, entre 60 e 79 anos, desenvolverão algum tipo de câncer

O número de idosos no Brasil tem aumentado, já que a expectativa de vida do brasileiro tem sido maior nos últimos anos. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE publicado em dezembro de 2010, a expectativa de vida era de 72,86 anos em 2009 e, no ano passado, alcançou os 73,17. 

O País passou a ser referência internacional ao adotar sérias medidas no combate ao câncer, como restrição à publicidade de cigarro, por exemplo. Com isso, a incidência de câncer de pulmão diminuiu expressivamente nos últimos dez anos.

O que dizer, no entanto, da incidência de câncer nos brasileiros que estão na Terceira Idade? O risco de pessoas com mais de 65 anos desenvolverem doenças cancerígenas é 11 vezes maior do que pessoas com idade inferior. Casos de tumores de colón, reto, estômago, pâncreas e bexiga acometem de 2/3 a 3/4 das pessoas que têm mais de 65 anos. Da mesma forma, mais da metade dos casos de tumor de pulmão e linfoma não-Hodgkin (neoplasia do sistema linfático) também ocorre em pessoas nessa idade (Instituto Nacional do Câncer – INCA).

Segundo levantamento da Organização das Nações Unidas - ONU, de cada três mulheres, uma terá câncer. Entre os homens, um em cada quatro homens desenvolverá a doença. Ambos, entre 60 e 79 anos de idade, infelizmente.

A incidência de câncer cresce com a idade, devido ao ‘envelhecimento celular’, tornando essa célula mais propensa a sofrer mutações e menor a chance de corrigi-las quando ocorrem. “Com o envelhecimento da população mais pessoas terão câncer, em contra partida com o desenvolvimento de tratamentos mais efetivos e menos deletérios as pessoas também vão se curar cada vez mais desses cânceres, afirma Bruno Santucci, oncologista do Instituto Hemomed.

Os mais comuns

Só no ano passado, 500 mil novos casos de câncer foram registrados no Brasil (Revista Onco& - maio 2011). No ranking dos mais comuns aos idosos, o câncer de mama está à frente no que diz respeito às mulheres e, os de próstata e vias urinárias, prevalentes em homens com mais de 60 anos. Já os tumores de pele do tipo não melanoma são os mais incidentes em ambos os sexos. Neste tipo de câncer, o Brasil ocupa o segundo no pódio mundial, ficando atrás apenas da Austrália, felizmente esses são cânceres menos agressivos e potencialmente curáveis.

O câncer de colon e reto é o segundo tipo mais frequente nas mulheres e a projeção são de que surjam 28 mil novos casos ainda neste ano.  “No entanto, as chances de cura chegam a 95%, quando diagnosticado precocemente”, garante Santucci.

Prevenir ainda é o melhor remédio

O câncer é uma doença ligada ao estilo de vida e hábitos. E quanto mais idosa a pessoa, naturalmente, mais suscetível a essa neoplasia. Os exames preventivos são grandes aliados na prevenção de qualquer problema de saúde e não seria diferente em relação ao câncer. Exames médicos e laboratoriais periódicos ajudam a identificar problemas que sequer deram sinal de existência. Se detectados precocemente, problemas maiores podem ser evitados.

No caso do câncer de mama, a mamografia feita sistematicamente ajuda muito. Sobre o câncer de colo de útero, o Papanicolau é o mais comum e bastante eficaz, e hoje em dia ainda temos a vacina contra o HPV, que é extremamente eficaz na prevenção de câncer de colo de útero. Para os homens, a visita ao urologista permite diagnosticar tanto a Hipertrofia Benigna da Próstata quanto o câncer em fase inicial e, portanto, ainda curável.

Tratamentos                                                                 

As características de uma pessoa que está na terceira idade são completamente diferentes das de um jovem ou adulto, pois os riscos de descompensação de alguma doença pré-existente, pelo tratamento do câncer são muito maiores quando se fala em idosos. Assim, o tratamento do câncer também tem, necessariamente, de ser distinto dos demais. “Uma das diferenciações no tratamento é o tipo de abordagem, pois nem sempre lançamos mão de quimioterapia dependendo da condição física da pessoa e do tipo de câncer ”, comenta o oncologista.

Dentre os tratamentos convencionais realizados mesmo em idosos está a cirurgia, o método mais antigo e definitivo. É utilizado nos casos em que o tumor está num primeiro estágio. A  quimioterapia, famosa e mais conhecida pela forma abreviada ‘quimio’ é usada mediante medicamentos que podem causar alguns efeitos colaterais, na maioria das vezes leves e o objetivo é inibir a proliferação das células doentes.

A radioterapia é o método mais utilizado nos tumores que não podem ser retirados com cirurgia e de maneira completa. Por último, vem a hormonioterapia, “um tratamento que busca impedir a ação dos hormônios que fazem as células cancerígenas se desenvolverem. Ela age no bloqueio ou suprimindo os efeitos do hormônio que incide sobre o órgão-alvo, matando assim o tumor “de fome””, explica Bruno Santucci.

Existem, contudo, instruções a respeito dos agentes quimioterápicos que possuem menos efeitos colaterais para os idosos, bem como métodos e escalas (Avaliação Geriátrica Multidimensional) para ajustes e diminuição de doses, já que são, naturalmente, mais sensíveis aos efeitos nessa idade.

 

Novas soluções

Novas drogas no tratamento de cânceres têm sido desenvolvidas ano a ano. Tendências promissoras apontam, cada vez mais, para o foco no perfil genético do paciente, e isso diz respeito a todas as idades. Na prática, significam soluções personalizadas para combater os tumores.

“Todos os tratamentos, no entanto, sejam cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico devem ser definidos pelo médico, que vai levar em consideração o tipo de câncer somado ao estágio da doença e a condição física da pessoa”, ressalta o médico.

Viver melhor

Existem também outras formas de não só evitar doenças, mas conviver melhor com elas. Especialmente, na terceira idade. Os exercícios físicos são algumas delas. A orientação e a realização de exercícios específicos ajudam a melhorar a vida da pessoa idosa. Afinal, a ideia não é apenas viver mais, como as estatísticas apontam, mas, viver mais, com qualidade de vida. Sem contar que o amor e o apoio da família são mais que fundamentais, especialmente, nessa fase da vida.

Dr. Rodrigo Santucci, oncologista do Instituto Hemomed

Nathalia Fernandes - rojascomunicacao@uol.com.br

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