"Pode parecer estranho um médico cardiologista anunciar a sua preocupação com aspectos que vão muito além do coração, muito além dos limites do corpo físico.

Mas, a cada dia que passa, a ciência se encarrega de mostrar e demonstrar que, para ter qualidade de vida, o ser humano precisa equilibrar as coisas do corpo, da mente e do espírito.

Sabemos que não é fácil para muitos acreditar naquilo que não se vê, em algo que não se encaixe no manequim da comprovação científica.

Mas o que dizer então da eletricidade, que não vemos, dos aromas das flores do campo, que nos fazem tão bem e para usar um recurso bem familiar a nós médicos, do efeito placebo, gerado pela crença do paciente de que ali pode estar a cura?

Em contrapartida, pensamentos e atitudes negativistas podem levar as pessoas ao insucesso.

Pode parecer estranho mas há pacientes que dificultam sua cura simplesmente por não desejá-la.

Todos podemos usar positivamente nossa mente para ajudar o médico na busca da cura.

A esta altura você deve estar pensando nas velhas receitas de livros e cursos de auto- ajuda, de auto-estima e de outros do gênero.

Não, não é preciso nada disso.

Para provar que você tem a força, vamos fazer um teste?

Experimente pensar em uma enorme fatia de limão verde com sal, sendo levada à sua boca.

Sentiu a salivação?

O que você me diz de usar este recurso para pensar positivamente e, assim, ter uma vida melhor?

Por falar em vida melhor, já está mais do que na hora de pensar no Natal e na virada do ano.

Para muitos, é chegada a hora de fazer um balanço de vida.

As férias anuais são, para muitos, motivo para a realização de check-up e de promessas de iniciar, numa segunda-feira qualquer, um regime para perda de peso e de velhos hábitos.

Tudo isso é muito bom e necessário.

Mas não podemos esquecer que isto não é tudo.

Na vida, precisamos de equilíbrio.

Não precisamos ser escravos das dietas, das proibições rigorosas, dos regimes desumanos.

Na busca de um corpo escultural e de bons hábitos, não precisamos agir como se estivéssemos em uma gincana.

Os limites do bom senso precisam ser respeitados. Senão, você que deseja uma vida melhor, começa errado, tendo uma vida pior, tensa, sem alegrias.

Tenho a obrigação profissional de recomendar que todos cuidem do coração. Mas, como ser humano, também desejo enfatizar que todos cuidem da mente e do espírito.

Façam as coisas que fazem bem ao coração, não apenas como órgão, como músculo, mas como o centro da alma, como acreditavam os antigos pensadores gregos.

O amor faz bem ao coração"

José Roberto Souza, cardiologista.