Mundo Mulher

A Epidemia da Obesidade

 Dr. Almino Cardoso Ramos

A obesidade é uma doença de saúde pública com implicações sócio-econômicas representativas. Calcula-se que no Brasil entre 35% a 40% da população esteja acima do peso, com aumento proporcional do risco para o aparecimento de comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, apnéia do sono, insuficiência respiratória, afecções cárdiovasculares e lesões osteoarticulares. Todos estes fatores colaboram para que os obesos tenham sua qualidade e expectativa de vida alteradas.

Os indivíduos são considerados obesos mórbidos quando possuem Índice de Massa Corpórea (IMC) - peso em quilogramas dividido pela altura em metros ao quadrado (IMC=P/H²) - maior que 35Kg/m² associado a comorbidades ou acima de 40 Kg/m², independente de outras doenças. Para essas pessoas, a cirurgia para redução de estômago (restritiva), que é feita para diminuir o volume de alimento ingerido, bem como outra para diminuir a digestão e absorção dos alimentos (desabsortiva) ou a associação de ambas (mista) representa a melhor solução.

As técnicas cirúrgicas existentes são: Banda Gástrica Ajustável, Scopinaro, Gastroplastia com Bypass em Y de Roux, Capella e a utilização do Balão Intragástrico. Este último consiste em uma prótese de silicone colocada no estômago por endoscopia. Segundo Dr. Galvão Neto, gastroenterologista especialista no tema e também da equipe da clínica Gastro Obeso Center, "deve-se levar em conta que este tratamento é temporário e o balão deve ser retirado ou trocado num prazo de seis meses".

"A indicação para a cirurgia é dada de acordo com a avaliação do médico especialista em obesidade", diz o Dr. Almino Cardoso Ramos, diretor da Gastro Obeso Center. Segundo ele, os métodos podem ser realizados por uma técnica denominada videolaparoscopia ou simplesmente laparoscopia, evitando o trauma e o risco de grande incisões.

A cirurgia laparoscópica é minimamente invasiva. No procedimento são utilizadas cinco punções por onde são introduzidos os instrumentos para realização da operação juntamente com uma microcâmera para a visualização. "A laparoscopia é menos agressiva em relação à cirurgia aberta", afirma Dr. Almino, que é um dos médicos que operam por este método.

Na cirurgia com Banda Gástrica Ajustável, um anel inflável de silicone é colocado em volta do estômago formando uma ampulheta, diminuindo assim a capacidade de receber alimentos para cerca de uma xícara de cada vez. "É uma operação reversível, de baixíssimo risco e unicamente restritiva pois apenas o excesso de volume de comida ingerido será barrado, sendo que líqüidos passam livremente", explica Dr. Almino. Segundo o médico, este método é menos indicado para pessoas que preferem refeições pouco volumosas, porém muito calóricas, como doce, sorvete e chocolate.

A Gastroplastia com Bypass em Y de Roux é uma cirurgia mista que proporciona restrição e má-absorção alimentar ao mesmo tempo. O estômago é grampeado formando uma pequena câmara gástrica, reduzindo sua capacidade em cerca de 90% e, também, há desvio do intestino. Nesta técnica, alimentos ou líqüidos hipercalóricos (sorvete, leite condensado, entre outros) não são bem absorvidos e, se ingeridos em excesso, causam mal-estar e irritam o intestino, causando diarréia.

Já a cirurgia conhecida como Capella é, também, mista, porém com predomínio da restrição alimentar. É semelhante ao Bypass anterior, porém em volta da pequena câmara gástrica, é colocado um anel de silicone.

A diferença entre a Gastroplastia com e sem o anel é que o anel induz a uma restrição mais elevada, com maior possibilidade de vômitos.

Para evitar este incomveniente sem o risco de engordar, Dr. Almino desenvolveu uma nova técnica, semelhante ao Bypass, porém com maior desvio de intestino, reduzindo ainda mais a absorção dos alimentos.

A técnica de Scopinaro induz, predominantemente, a uma diminuição de absorção alimentar. Ela se caracteriza por retirada parcial do estômago ou um grampeamento com secção simples, reduzindo sua capacidade em cerca de 50%. O intestino também é seccionado e um desvio considerável é feito. O paciente pode comer normalmente, mas a maior parte do alimento não é absorvido.

Segundo Dr. Almino Ramos, o médico irá recomendar a cirurgia depois de analisar uma série de fatores como objetivo de emagrecimento, riscos e hábitos alimentares do paciente. "Cada caso merece uma avaliação específica", afirma. Segundo ele, é necessária também a participação da equipe multidisciplinar, composta por psicólogo, endocrinologista, nutricionista e anestesista. "A observação destes vários aspectos é primordial para termos sucesso absoluto no tratamento da obesidade severa", finaliza o médico que já realizou mais de 1500 operações.

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