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Automedicação e Auto-avaliação

Automedicação e Auto-avaliação


Quando você sente dores nas costas, pensa logo em procurar um ortopedista, certo? Para resolver aquela dor de cabeça insuportável, a solução encontrada acaba sendo uma consulta com um neurologista ou oftalmologista, concorda? Segundo o oncologista Carlos Eduardo de Moura, membro do Instituto de Oncologia de Sorocaba - Integração (IOiS), a auto-avaliação é uma característica marcante dos povos da América Latina e representa um risco muito maior que outro problema grave (e mais difundido): a automedicação.

Segundo Moura, é preciso reviver a figura do médico generalista, aquele que examina e elabora uma anamnese detalhada do paciente. "É um erro pressupor que todo médico especialista avalia o paciente como um todo", posiciona-se. "Essa é justamente a função do clínico geral".

Como exemplo, Moura cita o caso de uma pessoa que sentindo fortes dores nas costas procurou um ortopedista. Ao relatar suas atividades profissionais (trabalhava sentada, era sedentária e não praticava exercícios físicos), a avaliação foi de que o problema poderia ser um pequeno desvio na coluna. A medicação indicada constituiu-se de antiinflamatórios. Realmente, a dor diminuiu. Porém, passados alguns dias, o sintoma voltou. Aumentou-se a dosagem do remédio e contornou-se, novamente, o sintoma.

Depois de algum tempo nesse impasse - e de ter usado o arsenal de antiinflamatórios disponíveis -, o médico decidiu solicitar uma tomografia computadorizada. O resultado foi um tumor localizado atrás da coluna. "O câncer ósseo não deixa de ser uma lesão na coluna", explica o profissional. Portanto, o uso de um antiinflamatório propicia, mesmo que temporariamente, um certo alívio. "Mas o tempo decorrido entre o tratamento deficiente e o diagnóstico correto do problema foi extremamente prejudicial ao tratamento oncológico necessário".

A questão envolvendo os médicos generalistas tem um outro lado. As escolas médicas brasileiras não têm formado esse tipo de profissional. Tanto que há cerca de dois anos, os ministérios da Saúde e da Educação resolveram reformular o ensino médico brasileiro, criando o Promed (Programa de Incentivo às Mudanças Curriculares das Escolas de Medicina). O principal eixo foi a formação do médico generalista e mais humanizado em relação aos problemas da saúde pública. Vinte faculdades de Medicina do País foram selecionadas e aprofundadas as discussões sobre esse novo modelo de aprendizagem médica. Em 2005, prevê-se que o novo sistema seja implantado em nível nacional.

Moura aponta para um dado importante nessa questão. "Atualmente, gasta-se dez anos para se colocar um especialista no mercado - seis anos de faculdade mais quatro de residência. Porém, precisa-se de apenas oito para se formar um generalista - os anos da faculdade mais dois de residência em clínica médica". Há, ainda, a cultura do jovem universitário. "No segundo ou terceiro ano do curso de Medicina, o estudante observa o cenário nacional, reflete e conclui que quase ninguém procura um clínico geral e, portanto, o melhor para sua carreira seria especializar-se em alguma outra área".

Resumindo, são vários os aspectos que precisam ser alterados. Muitos dos quais envolvem aspectos culturais ligados à profissão médica. Outros, aos hábitos dos cidadãos enquanto pacientes. Para o dr. Carlos Eduardo de Moura, enquanto esses fatores não forem corrigidos a saúde dos brasileiros é a maior prejudicada.

Mais informações para a Imprensa:
Dr. Carlos Eduardo de Moura - (15) 232.2119 - cmoura@splicenet.com.br
Assessoria de Imprensa - Sérgio ou Andréa - (15) 222.3040

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