Mundo Mulher

Nova proposta para o Diabetes no Brasil Por Dra. Denise Franco

 

22/06/2010

 

 

         Ganhe 10 minutos do seu tempo para ler um artigo que pode alertar sobre o número cada vez mais crescente de portadores de doenças crônicas, entre elas o diabetes. Esta é uma das principais causas de mortes na maioria dos países. Chega devagar, sem avisar e, com o passar do tempo, começa a se manifestar. Na maioria das vezes, provoca muita sede e fome ao longo do dia, aumenta a necessidade de urinar, há perda de peso e traz a sensação de uma falta de energia, nunca antes sentida.

 

         Segundo o relatório da Federação Internacional de Diabetes, publicada em junho deste ano, o Brasil ocupa atualmente o 5° lugar na lista mundial de nações com o maior número de portadores da enfermidade. Em 2007, último ano da publicação do chamado “atlas global da doença”, os brasileiros estavam na 8ª posição.

 

A IDF prevê que o diabetes irá custar para a economia mundial no mínimo US$ 376 bilhões em 2010, ou 11,6% do total dos gastos com cuidado da saúde de todo o mundo. Até 2030, este número deve ultrapassar US$ 490 bilhões. Mais de 80% dos gastos com diabetes estão concentrados nos países mais ricos do mundo e não nos mais pobres, onde vivem mais de 70% das pessoas com diabetes.

 

No Brasil, só até março deste ano, os portadores de diabetes ocuparam 36.267 leitos em todas as unidades de saúde públicas. Os pacientes internados por causa da doença estão em ascensão, o que mostra que as complicações relacionadas à dificuldade de controlar a glicose (em casos mais graves há casos de cegueira e amputação de membros) também estão crescendo.

 

Entre 2008 e 2009, a ampliação de pacientes com diabetes internados foi de 7,1%, passando de 131.734 para 141.174. Com base em todos esses dados, o leitor se deu conta da epidemia mundial e nacional? Diante deste panorama, será que os profissionais de saúde estão capacitados para atender este público?

 

Dentro da Associação de Diabetes Juvenil de São Paulo, e no meu próprio consultório, ouvi inúmeros casos de pessoas com diabetes que relatam que já precisaram ir a hospitais públicos e privados e perceberam que os profissionais tiveram várias dificuldades em recepcionar, diagnosticar o problema e aplicar o tratamento adequado. Muitos deles tiveram que orientar os colaboradores do procedimento correto.

 

É importante ressaltar que os profissionais de saúde não precisam somente saber o conhecimento técnico da doença, necessitam transmitir as principais informações a seus pacientes de como ele pode se cuidar e aceitar como conviver com o diabetes, de requerer todos os seus direitos, estimulando a obter todos os serviços destinados para garantia de um tratamento adequado.

 

Uma dessas grandes vitórias que precisam ser transmitidas aos pacientes foi a criação da lei, em 2007, que permite que o portador de diabetes retire remédios e insumos gratuitos nos Postos de Saúde, desde que passem por um processo de educação em diabetes.

 

 

Dessa forma, aliando esta lei com todo o conhecimento do colaborador de saúde, o paciente continuará a viver e fazer todas as suas atividades diárias, acrescentando a isso mais qualidade de vida. Uma das iniciativas que tem gerado transformação foi a parceria da Sociedade Brasileira de Diabetes com a Associação de Diabetes Juvenil com apoio da Federação Internacional de Diabetes, que está capacitando estes profissionais para que possam se qualificar em educação em diabetes, estimulando os cuidados clínicos, o autocuidado, além de aumentar a adesão ao tratamento do diabetes,  buscando a  promoção à saúde.

 

Desde 2008, o programa já esteve em nove cidades brasileiras e qualificou 437 profissionais das seguintes áreas, enfermagem, nutrição, medicina, farmácia, psicologia e educação física. Deste público, surgiram 152 projetos em saúde para otimizar o atendimento de portadores de diabetes, o que envolveu diretamente 800 profissionais deste segmento, impactando 3.200 pessoas.

 

Sérias iniciativas estão sendo tomadas em muitos países para aumentar o alerta sobre os riscos da doença. A epidemia é um dos mais sérios desafios do mundo pós-moderno. A implementação de ações governamentais também fazem parte do processo de mudanças, pois o objetivo é possibilitar transformações no comportamento público, nutricional e no meio em que vivemos.

 

         Fazer alguma coisa não é somente uma opção, é um dever moral para trazer benefícios para uma sociedade que tem necessidades e desejos. Você que é cidadão e conhece um portador de diabetes ou um profissional de saúde, informe sobre os riscos da doença e sobre os cuidados especiais desse público. Se engaje por uma sociedade melhor e mais justa.

 

Dra. Denise Reis Franco, Endocrinologista e Coordenadora de Educação da Associação de Diabetes Juvenil.

 

Vanessa Pirolo - vanessapirolo1@gmail.com

 

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