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Bailarino volta a dançar após terapia celular

05/07/2011

Pesquisa inédita no Brasil avaliará cerca de 300 bailarinos

 

Integrante da Companhia Oficial de Balé da Cidade de São Paulo, o bailarino Cleber Fantinatti, de 28 anos, viu o seu sonho interrompido há um ano, quando teve um diagnostico de uma lesão no quadril esquerdo. Com oito anos de profissão, Cleber almejava participar do espetáculo da coreógrafa Lara Pinheiro, no Theatro Municipal de SP, que entrará em cartaz durante este mês de junho.

 

Passado exato um ano, Cleber volta a sonhar graças ao ortopedista Carlos Henrique Bittencourt, que através da terapia celular interrompeu a lesão no seu estágio inicial. “Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, no qual se utiliza as células-tronco adultas do próprio paciente. O objetivo deste procedimento é acelerar o processo de regeneração da área lesionada. A terapia atua evitando a história natural da lesão degenerativa articular”, detalhou o médico, que também foi o percussor dos estudos e aplicações em PRP (Plasma Rico em Plaquetas), hoje sucesso absoluto.

 

Cleber coletou as suas células em dezembro e após injetá-las, ficou dois meses andando com auxílio de muletas e nos cinco meses seguintes iniciou a fisioterapia aliada aos exercícios de musculação.

 

Atualmente, tratamentos realizados a partir da própria célula do paciente já são realizados no Brasil e no resto do mundo no segmento de ortopedia. Carlos Bittencourt , que trabalha junto com o professor Radovan Borojevic, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor científico do laboratório Excellion, coordena as pesquisas e aplicações de células regeneradoras no campo ortopédico.

 

“As células-tronco mesenquimais têm a capacidade de se diferenciar de acordo com o ambiente tecidual em que são aplicadas. Elas não formam ossos onde não deveriam formar. Isso já foi comprovado e nos deixa tranquilos e seguros para avançarmos ainda mais com as terapias celulares”, diz Radovan lembrando que no Brasil já foram realizados tratamentos celulares em diversos casos como em pacientes que sofriam de necrose da cabeça do fêmur, falha de reparo de fratura de osso, e também em reparo de cartilagem.

 

Em estudo inédito no país, o ortopedista mapeará cerca de 300 bailarinos, do Rio de Janeiro e de São Paulo, cuja lesão do quadril é predominante, com a intenção de diagnosticar precocemente esta patologia, através de exames de imagem. A intenção é que aqueles que já apresentam sintomas realizem a terapia com células regeneradoras.

 

Até o momento, cerca de 90 bailarinos já participaram do estudo, que conta com a parceria de outros especialistas, entre eles ortopedistas e radiologistas.

 

Segundo Bittencourt a terapêutica vem apresentando resultados muito positivos, principalmente quando comparados às terapias ortopédicas convencionais. “Em vários países, tratamentos com o uso das células-tronco adultas já estão sendo realizados com sucesso. No Brasil, as terapias celulares na ortopedia também já estão em franca expansão e o que pouca gente sabe é que possuímos um laboratório brasileiro, a Exellion, autorizado pela Anvisa a manipular essas células para uso humano, portanto já estamos vivenciando esta realidade”.

 

 

Saiba mais sobre as células regeneradoras:

 

Afinal, o que são as células regeneradoras?

 

As células-tronco adultas são diferentes das células embrionárias e das células do cordão umbilical. As células embrionárias têm potencial de proliferação elevado, podendo ocasionar a formação de estruturas estranhas ao local de aplicação (chamadas de teratomas). Além disso, elas originam discussões éticas, morais e religiosas, uma vez que o embrião utilizado na terapia proposta poderia originar um ser vivo. As do cordão umbilical só se diferenciam em células do sangue (células de linhagem hematopoiética), o que limita o seu uso. Outro fator limitador é a indicação de uso em pacientes com até 20 kg apenas - tendo em vista a pouca quantidade de células obtidas do sangue do cordão. Já as células-tronco adultas podem ser extraídas a partir de qualquer tecido vascularizado. Sua aplicação é ampla e de fácil controle médico. As células adultas têm a capacidade de se diferenciar em diferentes tipos celulares como osso, músculo, vaso sanguíneo, cartilagem, fibroblastos e tecido, promovendo o reparo e a regeneração da área na qual é aplicada.

 

 

Como é feito o procedimento de coleta das células regeneradoras?

 

É possível coletar células-tronco adultas através de biópsias de pele ou de aspirado subcutâneo (gordura). Uma grande oportunidade é obtê-las a partir do tecido excedente de cirurgias plásticas ou convencionais, o chamado TEC. A coleta do material deve ser feita por um médico, em acordo prévio com seu paciente. A Excellion é responsável por receber o tecido, separar as células-tronco e cultivá-las em laboratório, visando sua expansão (multiplicação). Após serem cultivadas e manipuladas, as células são congeladas e preservadas no laboratório da Excellion em condições adequadas, para uso imediato ou em longo prazo, de acordo com o pedido do médico.

Mirian Barbosa/Viviane Mendes - dmc21@dmc21.com.br

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