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10 Dúvidas Sobre Cirurgia Bariátrica

10 Dúvidas Sobre Cirurgia Bariátrica

27/01/2012

 

BRASIL POSSUI 1 MILHÃO DE PESSOAS COM OBESIDADE MÓRBIDA

Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica responde perguntas sobre cirurgias bariátricas

No Brasil existem atualmente cerca de um milhão de obesos mórbidos. A população brasileira está cada vez mais obesa e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, em 2020, 70% dos problemas de saúde serão atribuíveis a doenças crônicas associadas à obesidade. Com o crescimento assustador no número de obesos do país e tantos dados pessimistas em relação ao futuro da saúde, as cirurgias bariátricas tem sido cada vez mais uma alternativa para reverter a situação.
 

No início deste ano, a cirurgia bariátrica por videolaparoscopia passou a fazer parte da cobertura obrigatória dos planos de saúde. A nova resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que obriga os planos a cobrirem os custos da cirurgia bariátrica, popularmente conhecida como redução de estômago por vídeo, foi publicada em agosto do ano passado e contribuirá para o aumento da procura pela operação.
 

Porém, a solução não é tão simples. Além de todo o processo pré-operatório, que irá avaliar a possibilidade de realização do tratamento, ainda há pacientes com muitas dúvidas em relação aos riscos conseqüentes do procedimento que temem em realizar a cirurgia.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) e proprietário da clínica Multidisciplinar, que é especializada em todos os três procedimentos, o cirurgião Maurício Emannuel Gonçalves Vieira, responde ás 10 questões mais freqüentes e tira as dúvidas de quem deseja fazer, mas antes quer saber mais sobre cirurgias bariátricas.

O que é Obesidade Mórbida?
Obesidade Mórbida é definida como um Índice de Massa Corpórea igual ou superior a 35 Kg/m2 com comorbidades ou 40 Kg/m2 ou mais, sem comorbidades.
 

O que é Índice de Massa Corpórea?
É o peso (em Kg) dividido pela altura do paciente (em M).
 

O que significa comorbidade?
A condição de obesidade severa está associada a um grande número de problemas de saúde. Alguns desses problemas são causas de morte precoce como a doença das artérias coronárias, o diabetes de início em idade adulta, as dificuldades respiratórias do obeso e apnéia do sono, o risco aumentado de embolia pulmonar por alterações da coagulação sanguínea e outros. Existem também outros problemas que podem estar presentes como doenças articulares graves dos membros inferiores e até mesmo um risco aumentado para alguns tipos de câncer (útero, mama, intestino grosso).
Estima-se que o risco de morte prematura de homens severamente obesos é 12 vezes maior quando comparado com homens não obesos na faixa etária dos 25 aos 34 anos.
 


Quando se opta pelo tratamento cirúrgico?
Normalmente os pacientes que são submetidos à Cirurgia Bariátrica já passaram por vários tipos de dieta ou por outros meios que objetivam a perda de peso. Contudo, quando se alcançam índices de peso que definem obesidade mórbida, com ou sem comorbidades, a indicação cirúrgica torna-se incontestável no sentido de se minimizar os riscos de mortalidade precoce.
 

Quais são os tipos de cirurgia?
As cirurgias realizadas e que são reconhecidas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e pelo Conselho Federal de Medicina são as seguintes:

Cirurgias restritivas – são as menos utilizadas atualmente, têm o objetivo de restringir o volume de alimento ingerido. A mais realizada constitui-se na colocação de um anel ajustável de material altamente especializado na transição esôfago-gástrica.


Cirurgias restritivas com desvio do trânsito intestinal (Capella / Wittgrove)
– são as mais realizadas. Transformam uma porção do estômago em um pequeno reservatório de +/- 30 ml, diminuindo bastante a quantidade de alimento ingerido, e também promovem uma disabsorção de uma fração dos alimentos através de um desvio no trânsito do intestino delgado.


Derivações bílio-pancreáticas (Scopinaro/Duodenal Switch) – são procedimentos com indicações mais selecionadas que levam a um processo de maior disaborção alimentar e não interferem na quantidade de alimento ingerido.
 

Essas cirurgias oferecem riscos? Quais?
Sim, como quaisquer outros procedimentos cirúrgicos. Embora mínimos, existem índices de morbidade e mortalidade cirúrgicos. A mortalidade desse procedimento varia obviamente com a condição clínica pré-operatória do obeso e seu grau de obesidade. As complicações mais comuns no período pós-operatório são as pulmonares (pequenos colabamentos no pulmão–atelectasias e pneumonias), trombose venosa profunda e embolia pulmonar (coágulos que se forma dentro do sistema venoso), infecção da ferida operatória, vazamento do conteúdo gastrointestinal através da abertura das suturas (costuras) realizadas, sangramento digestivo pelo reto, e cálculos na vesícula biliar a longo prazo.  De modo geral, a mortalidade encontra-se em níveis inferiores a 3%.
 

Por que optar pela cirurgia aberta ou videolaparoscópica?
A cirurgia realizada da forma aberta (convencional) ou por videolaparoscopia é exatamente a mesma, o que muda é o acesso utilizado – grandes incisões (na aberta) ou mini-incisões (na laparoscópica). Obviamente, quando se opta pela forma menos invasiva, a dor pós-operatória e as complicações com a própria ferida cirúrgica são menores, o tempo de internação e de recuperação também é menor, fazendo da cirurgia por videolaparoscopia a mais adequada e devendo ser indicada sempre que possível.
 

Em média quanto tempo dura o procedimento?
Em média esses procedimentos duram em torno de 1h e 30 min. a 2 horas, mas depende da experiência do cirurgião e do entrosamento de sua equipe cirúrgica, principalmente quando realizada por videolaparoscopia.
 

É uma cirurgia dolorosa?
As cirurgias realizadas da maneira convencional (aberta), diferentemente daquelas realizadas por videolaparoscopia, tendem a proporcionar mais dor no período pós-operatório devido à extensão da incisão cirúrgica, mas é um fato totalmente controlável uma vez que existem no mercado poderosos esquemas de analgesia pós-operatória, seja forma endovenosa ou por via oral.
 

Qual o tamanho da cicatriz?
No procedimento convencional, é realizada uma incisão vertical acima da cicatriz umbilical, cuja extensão varia de acordo com o cirurgião e o paciente, porém esta deve ter no mínimo 20 cm. Já no procedimento videolaparoscópico, são realizadas cinco a sete pequenas incisões estratégicas de 10 a12 mm.
Há alguma recomendação específica para o pré-operatório?
Além do preparo pré-operatório que se faz de rotina para qualquer procedimento cirúrgico, é solicitado ao paciente que se esforce para uma certa perda de peso, pois alguns quilos a menos podem significar melhores condições para uma anestesia geral e também podem ajudar durante o procedimento.
 

Qual é o tempo médio de recuperação?
O paciente estará apto a realizar atividades leves em aproximadamente 7 a 10 dias. Já para atividades que exijam esforços físicos moderados é razoável aguardar um período de pelo menos 30 dias.
 

Como será o pós-operatório?
Nas operações realizadas por videolaparoscopia o período pós-operatório costuma ser tranqüilo, com pequeno desconforto nos locais das incisões. É muito importante salientar que a dieta (líquidos) adotada nesse período deve ser seguida rigorosamente.
 

Como será minha alimentação?
Em decorrência do processo restritivo que é criado com a cirurgia, mínimas quantidades de alimento várias vezes ao dia são suficientes para gerar saciedade plena.
 

Sentirei muita fome?
Não. O primeiro reflexo de saciedade da fome é o enchimento do estômago, e como agora ele é bastante reduzido, poucas quantidades de alimento são suficientes.
 

Drº Maurício Emmanuel Gonçalves Viera – Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Rio de Janeiro.
Diretor Clínico da Multidisciplinar

Luanda Melo - dmc21@dmc21.com.br

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