19/09/2012

Dr. Jamal Azzam, otorrinolaringologista, fala sobre os perigos, diagnóstico e tratamento da apneia do sono.
 

Se você ronca, saiba que pode ser um incômodo para a pessoa ao lado, mas para você é um problema muito grave, afinal a apneia do sono (Síndrome de Apneia e Hiponímia Obstrutiva do Sono) é um distúrbio provocado pela obstrução dos canais respiratórios (especialmente na garganta) durante o sono, culminando numa diminuição drástica do fluxo de ar, chegando às vezes a obstruí-lo completamente, levando a paradas respiratórias. Estas paradas respiratórias acontecem com frequência durante a noite e as pessoas não imaginam a gravidade. “Lembramos que Apneia significa ‘parada respiratória’ e Hiponímia significa ‘diminuição da respiração’, mas clinicamente a repercussão é praticamente a mesma”, afirma Jamal Azzam, otorrinolaringologista do Hospital Leforte.
O especialista explica que durante o sono, o paciente sente por vezes como se tivesse passando por um engasgo forte e depois puxa a respiração com muita força, fazendo um barulho muito alto, assustando a pessoa que está ao lado, dando a impressão de que está sufocado. Muitas vezes acorda assustado neste momento, chegando até a ter uma sensação de “morte iminente”.
Durante muitos anos o ronco foi interpretado erroneamente como sendo apenas um barulho que incomoda. Sim, o incômodo existe e é grande. Mas, é preciso interpretar o ronco como um aviso, um sintoma e procurar ajuda médica.
Ainda existe um preconceito grande em nossa sociedade quanto ao ronco. Na maioria das vezes as pessoas tem vergonha de dizer que roncam, como se isto dependesse da vontade deles.
Certamente o ronco pode criar situações bastante constrangedoras e até ser motivo de separação do casal. “Um exemplo são os pacientes que roncam em ônibus fretados de empresas. Os companheiros de trabalho frequentemente reclamam”, diz Jamal Azzam. Outro exemplo são os casais que dormem em quartos separados pela presença do ronco.
As consequências da apneia do sono no dia-a-dia da pessoa podem ser inúmeras. Geralmente, quem tem apneia sofre com muita sonolência e cansaço constante durante o dia, causados por uma noite de sono pouco relaxante. “O paciente acorda sentindo-se mais cansado do que quando foi dormir”, afirma o otorrinolaringologista.
Outros fatores mais graves que podem ocorrer são: hipertensão arterial, arritmias cardíacas, doenças nas coronárias, insuficiência cardíaca, morte súbita dormindo, redução da quantidade de sono profundo, diminuição da libido, impotência sexual, redução da memória e dificuldade de assimilar novas informações.
No caso das crianças o especialista afirma que o distúrbio pode causar hiperatividade, baixo rendimento escolar e déficit de atenção.

O diagnóstico médico da apneia do sono é realizado através do exame Polissonografia, onde o paciente dorme no laboratório do sono e permanece sob cuidados durante uma noite completa. O procedimento é indolor e não invasivo. Caso seja diagnosticada, a apneia pode ser tratada com um aparelho dentário especial, com um aparelho de pressão positiva (CPAP) e até mesmo  com cirurgia.

“Não deixe a doença evoluir e causar muitos males à saúde. Relate o ronco se você presencia e oriente sempre para procurar ajuda médica”, finaliza o especialista.
 
Ana Pontes - rojascom@uol.com.br