Mundo Mulher

Usar colírio com outros medicamentos pode ser perigoso

 

23/07/2010

Alterações cardíacas, aumento da pressa arterial e hemorragia são os maiores riscos. Interações medicamentosas dobram no inverno.

 

Com a chegada do frio, combinações perigosas de colírios e medicamentos atingem 20% dos pacientes atendidos pelo Instituto Penido Burnier. É o que mostra um levantamento feito nos prontuários do hospital pelo oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto. “Esta é a média dos 12 mil atendimentos realizados nos últimos 3 meses. Comparado ao período de janeiro a março, o clima frio dobra o número de  interações medicamentosas”, afirma. Os grupos de maior risco são os idosos que fazem tratamentos para doenças crônicas e mulheres que tomam contraceptivos ou fazem TRH (Terapia de Reposição Hormonal).

O especialista diz que a inocente mistura de aspirina com colírio para combater a irritação ocular, tão comum nesta época do ano, pode causar uma hemorragia. Não é comum, ressalta, mas hipertensos, cardiopatas, asmáticos e até fumantes que têm as artérias obstruídas pelos componentes do cigarro devem manter atenção redobrada com esta interação medicamentosa. Isso porque, a aspirina é um antiagregante plaquetário que interfere na coagulação.  Já o colírio mais usado para deixar os olhos branquinhos é o vasoconstritor que ao diminuir o calibre dos vasos pode causar, em longo prazo, elevação da pressão arterial, alterações cardíacas e catarata. Como a maioria das pessoas não pressiona o canal lacrimal durante a instilação, os princípios ativos interagem, potencializando o risco de hemorragia.

A recomendação do médico é usar lágrima artificial ou compressa de água fria para reduzir o desconforto da irritação ocular provocada pelo frio. Se o sintoma não desaparecer em dois dias a recomendação é consultar um oftalmologista.

Para Queiroz Neto o problema no Brasil é a venda livre da maioria dos medicamentos. “Os efeitos dos medicamentos associados diferem de quando são tomados isoladamente. Por isso, quem vai ao médico deve informar todos os medicamentos que está usando para proteger a própria saúde”, alerta. 

Os principais efeitos da interação de colírios com outros medicamentos são:

Combinação potencializadora dos medicamentos

·         Colírio anti-histamínico + calmante

Combinações que inibem o efeito de colírios

·         Lágrima artificial + anti-histamínico ou contraceptivo

·         Colírio antiglaucomatoso + descongestionante ou inibidor de apetite

·         Lágrima artificial + Amiodarona (antiarrítmico)

Combinações desastrosas

·         Colírio Beta-bloqueador + broncoldilatador = falta de ar

·         Colírio antiglaucomatoso + corticóide = risco de progressão do glaucoma

·         Colírio anti-inflamatório + anticoagulante= hemorragia

·         Colírio vasoconstritor + anti-hipertensivo = hipertensão

·         Colírio Vasoconstritor + Amiodarona ou antiespasmódico = taquicardia

·         Colírio antibiótico + contraceptivo = corta o efeito da pílula

Como a maioria das pessoas toma medicações sem prescrição médica, ler a bula atentamente antes de fazer associações  que possam provocar reações adversas é fundamental. Quando se trata de colírio, Queiroz Neto diz que a simples oclusão do canal lacrimal com o polegar evita  interações medicamentosas de risco.

Os passos para o uso correto de colírios são:

Lave as mãos antes da aplicação. Verifique no frasco se é recomendado agitar o produto antes de usar Incline a cabeça para trás. Flexione a pálpebra inferior com o indicador.  Com a outra mão segure o dosador Coloque o medicamento  sem relar  no bico dosado, evitando a contaminação. Feche os olhos por 3 minutos para garantir o efeito Pressione com o polegar o canto interno do olho para reduzir efeitos colaterais Se usar lentes de contato retire-as antes da aplicação Recoloque as lentes de contato depois de 10 minutos da aplicação Em caso de prescrição de mais de um colírio aguarde 15 minutos entre um e outro Só aplicar medicação dentro do prazo de validade estipulado na embalagem

 

Eutrópia Turazzi – eutropia@uol.com.br

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