Mundo Mulher

Má alimentação prejudica a visão

13/08/2011


Prontuários comprovam associação entre déficit de vitaminas e degeneração da retina. Dados do IBGE revelam alto índice de hipovitaminose no Brasil.

A visão do brasileiro passa mal quando o assunto é alimentação. Isso porque, de acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, dos 132 pacientes com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) atendidos pelo hospital nos últimos seis meses, 62 ou 42% apresentaram nível das vitaminas D e E abaixo do recomendado.  A doença apontada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a maior causa de cegueira definitiva no mundo é caracterizada pela morte das células da parte central da retina, a mácula, responsável pela visão de detalhes.

Atinge 2,9 milhões de brasileiros com mais de 65 anos e tende a crescer por causa do envelhecimento da população.   Segundo o especialista, um teste simples que pode ser feito em casa é desenhar um ponto preto no centro de um papel quadriculado e verificar cada olho separadamente, fechando o outro. Os sinais de que algo está errado com a retina são: visão desfocada, embaçada ou tortuosa. Indicam necessidade de consulta urgente com um oftalmologista. Se depender dos hábitos alimentares do brasileiro a degeneração da retina pode tomar proporção exponencial. Isso porque, um recente levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que a deficiência das vitaminas D e E atinge mais de 98% da população. A falta de vitamina A abrange 63% das meninas com idade entre 10 e 13 anos e 83% da população masculina de 14 a 18 anos. “A importância dessas vitaminas para a visão já está comprovada, mas a suplementação só deve ser feita após confirmação da deficiência no exame de sangue”, afirma.

Como a vitamina E afeta a visão
Queiroz Neto esclarece que a retina é uma membrana que reveste o fundo do olho. É ela que transforma a luz em estímulo nervoso e o envia para o cérebro, onde são formadas as imagens. A vitamina E, comenta, é um dos antioxidantes que interrompe a degeneração das células da mácula provocada pel oenvelhecimento.

O consumo recomendado para adultos é de 8 a 10 UI (unidades Internacionais).  As principais fontes são: gérmen de trigo, cereais integrais, ovos, frutos secos, óleos vegetais e vegetais de folhas verde-escuro. A absorção é potencializada pela suplementação de selênio, outro antioxidante essencial para a saúde ocular.

Vitamina D melhora a circulação
O especialista explica que a vitamina D responde pela boa circulação sanguínea e, portanto, pelo aporte de oxigênio na retina. O comprometimento da circulação por falta da vitamina D leva à formação de neovasos e à falência das células da mácula. Ele diz que nos casos de degeneração macular úmida os vasos se rompem e o portador enxerga uma mancha escura.  Na degeneração seca, ressalta, forma-se uma cicatriz ou drusa que impede a visão central. Derivados de leite, peixe e fígado são os principais alimentos ricos em vitamina D. A absorção depende da exposição ao sol por 15 minutos.

O médico elenca alguns fatores que podem reduzir a absorção da vitamina D:

·         Período de inverno
 ·        Poluição
 ·        Pele escura
 
·         Menopausa
 ·        Idade acima de 50
 ·        Doenças no fígado ou rins.

Nestes casos a recomendação é passar por consulta com um oftalmologista para  checar a necessidade de suplementação, já que nada justifica a exposição prolongada ao sol que também danifica a visão.

Tratamentos
Nove em cada 10 portadores são acometidos pela degeneração macular úmida. O tratamento é feito com aplicação de laser que evitam a progressão da doença em 90% dos casos. O problema é que a maioria dos pacientes confunde a doença com “óculos vencidos” e até atribuem a baixa visão à idade. “Não é bem assim. A visão pode ser recuperada quando o diagnóstico é precoce”, alerta o médico.

 
Eutrópia Turazzi – eutropia@uol.com.br

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