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Exame diminui riscos para a visão



Procedimento não invasivo ajuda diagnosticar glaucoma e ceratocone em fase inicial. Nas cirurgias refrativas e de catarata melhora a precisão.
 
Recente divulgação do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que de todas as deficiências, a visual é a mais frequente. Mesmo usando óculos ou lente de contato 35,8 milhões de pessoas continuam com dificuldade de enxergar. O levantamento também aponta que a deficiência visual severa atinge 6,6 milhões de brasileiros. Desses 0,3% ou 506,3 mil são cegos.


Para o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, a pesquisa revela falta de prevenção das doenças oculares no país. Uma evidência disso é que as duas maiores causas de cegueira em idosos, glaucoma e catarata, podem ser controladas com tratamento e cirurgia. Entre jovens não é diferente. “O ceratocone, doença que afina a parte central da córnea, geralmente aparece na adolescência e responde por 70% dos transplantes de córnea.


Queiroz Neto afirma que no início muitas doenças oculares não têm sintomas. Por isso, só são percebidas quando a visão já está bastante comprometida. Este é o caso do ceratocone e do glaucoma. A boa notícia é que o mais novo equipamento para examinar a parte anterior do olho pode antecipar o diagnóstico dessas doenças.


Ceratocone


O especialista explica que o aparelho associa tomografia e topografia, gerando mapas 3D precisos do segmento anterior dos olhos. Por analisar a superfície posterior da córnea, permite diagnosticar o ceratocone em fase inicial. “É o momento ideal para aplicar o cross link”, afirma. Isso porque, a terapia interrompe a evolução da doença pela associação de riboflavina (vitamina B2) e luz ultravioleta que enrijece a córnea. “É bem verdade que todos nós sofremos um cross link natural pelo contato dos olhos com o sol. Mas, para tratar o ceratocone a terapia só faz sentido no início da doença”, comenta.


Glaucoma
O equipamento também analisa o ângulo da câmara anterior, onde a íris se encontra com a córnea. Olhos que apresentam este ângulo muito estreito indicam risco de desenvolvimento do glaucoma de ângulo fechado.


O médico destaca que há evidências de que este tipo de glaucoma causa o dobro de cegueira que o de ângulo aberto. “Diagnosticar o estreitamento antes do bloqueio da malha trabecular pode interromper a evolução da doença” afirma.


Ele explica que o estreitamento do ângulo só causa dor nos olhos quando já provocou danos irreparáveis no nervo óptico. Por isso, a avaliação deve fazer parte do exame oftalmológico. O aumento da espessura do cristalino também pode diminuir a profundidade da câmara anterior do olho.  “Neste caso, sinaliza catarata e a cirurgia elimina o risco de desenvolver glaucoma”, afirma.


Cirurgia refrativa


Mais de 1 milhão de brasileiros já passou pela cirurgia refrativa para eliminar o grau de miopia (dificuldade de enxergar longe), hipermetropia (não enxerga bem de perto) e astigmatismo (enxerga turvo de perto e longe).


No Brasil metade da população precisa usar óculos. A maioria preferia se livrar deles, segundo vários estudos, mas parte dessas pessoas tem medo de passar pelo procedimento, conta o médico. “A cirurgia que já era bastante segura ganhou mais precisão com o uso deste equipamento na pré-avaliação”, afirma. Só para se ter uma idéia, incluindo as aberrações que crescem com a idade, são 122 mil pontos da córnea avaliados, contra 9 mil pelo similar. “Ainda assim, só 5% das pessoas que passaram pela refrativa no Brasil quando esta tecnologia não existia tiveram problema de hipocorreção visual”, comenta.


Cirurgia de Catarata


Ele diz que o equipamento também garante mais precisão na cirurgia de catarata. Primeiro, porque  calcula a lente intraocular sem contato com a córnea e o cristalino, através de laser. Isso evita que sofram alterações decorrentes da pressão do aparelho.
Outro fator é o diagnostico de astigmatismo durante o mapeamento da superfície posterior da córnea e do cristalino que pode modificar o tipo de lente a ser implantado.


Queiroz Neto diz que na avaliação pré-cirúrgica algumas pessoas podem ser diagnosticadas com ângulo kappa, ou seja, terem o eixo da pupila não coincidente com o da visão. Neste caso, ressalta o implante de lente multifocal pode ser contraindicado, principalmente se este ângulo for grande. “Acontece porque a lente multifocal permite enxergar nas várias distâncias através de degraus e a pupila deve estar centralizada na área reservada a ela”, conclui.
 
Eutrópia Turazzi – eutropia@uol.com.br

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