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Lentes de Contato

O primeiro esboço de uma lente de contato foi feito pelo genial Leonardo da Vinci. Nas décadas de 60 e 70 conseguiu-se grandes avanços nesta área e em 1979, nos Estados Unidos, a Agência para Controle de Drogas e Alimentos ( F.D.A.) liberou o uso das primeiras lentes hidrofílicas para uso prolongado. 

Na década de 80, as lentes de contato se popularizaram. Sem dúvida alguma, este auxílio óptico foi um grande avanço na área oftalmológica, mas hoje a banalização do uso das lentes preocupa os oftalmologistas. São muitas as complicações advindas do mal uso e má adaptação. Muitas delas de difícil tratamento e com risco de perda da visão.

Neste artigo falarei somente sobre dois problemas a Conjuntivite papilar gigante e a ceratite por Acanthamoeba, isto porque estão aumentando gradativamente.

A conjuntivite papilar gigante é uma alergia causada por hipersensibilidade a substâncias depositadas na superfície da lente. Não existe um tempo pré-fixado para seu aparecimento, podendo ocorrer semanas ou anos após o uso das mesmas. É mais comum em usuários de lentes gelatinosas. Caracteriza-se por intolerância ao uso de lente de contato, prurido, secreção mucosa, dor, desconforto e papilas conjuntivais. 

Para tentar evitar é importante fazer a limpeza e manutenção correta das lente. O tratamento inicial consiste em suspender o uso das lentes, reorientar quanto a correta manutenção, trocar produtos químicos e substituir as lentes.

A Acanthamoeba é uma ameba de vida livre encontrada no solo, ar, água doce e salgada, entre outros. O primeiro caso de ceratite por Acanthamoeba associado ao uso de lente de contato foi descrito em 1984 e, desde então, o número vem aumentando. É particularmente comum em usuários de lentes gelatinosas. Esta ameba pode aderir a lente de contato nova ou usada e a estojos usados para sua manutenção. 

A lente, além de agir como carregadora do agente, pode levar a ruptura do epitélio corneano, facilitando a adesão da ameba à córnea. O quadro clínico caracteriza-se por sensibilidade a luz, lacrimejamento, e dor importante. 

A doença progride lentamente e na fase tardia pode haver opacificação da córnea, catarata, glaucoma, entre outros. Para prevenir a contaminação deve-se evitar nadar com as lentes, não usar solução salina de fabricação caseira, armazenar as lentes em recipiente contendo soluções com preservativos (ex. Opt free, Complete etc). A eficácia destas soluções é maior se associada à limpeza mecânica por fricção dos dedos, quando comparada somente a imersão. O método de desinfecção mais eficaz (100%) contra Acanthamoeba é o térmico.

Enfim, para evitar problemas com o uso das lente de contato, é importante seu correto uso, limpeza e manutenção. A adaptação das lentes deve ser feita SEMPRE com um oftalmologista, só ele poderá avaliar corretamente a relação lente-córnea e orientar o usuário adequadamente. Consultas a cada 6 meses ou no máximo 1 ano são imprescindíveis para avaliar as condições da córnea e das lentes.

 

Dra. Juliane de Freitas

OBS: Dúvidas, perguntas ou sugestões podem ser enviadas para o e-mail: intersiteweb@uol.com.br

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