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CRESCE DOAÇÃO DE CÓRNEAS EM SÃO PAULO

Dr. Leôncio Queiroz Neto

Nos três primeiros meses deste ano a média de captações em parte do interior e capital cresceu cerca de 23% comparado a 2007. Em Campinas o tempo de espera caiu de 12 para 6 meses. Hoje existem 2093 pessoas na fila de espera por córnea em São Paulo, segundo a Central de Transplantes do estado. Significa uma queda de 7% se comparado ao final de 2007, mas as doações tiveram um aquecimento maior.

De acordo com a assessoria de imprensa do BOS (Banco de Olhos de Sorocaba), que atende parte do interior e da capital, os três primeiros meses desse ano já totalizam 1088 captações feitas pela equipe. A média mensal de captações no período foi de 362 córneas, contra 292 em 2007, o que representa um acréscimo de cerca de 23% em relação ao ano passado. O crescimento poderia ser bem maior. Isso porque, um recente estudo do IBOPE em parceria com a Secretaria da Saúde do estado mostra que 85% das pessoas são favoráveis à doação de órgãos, mas só 43% comunicam aos parentes.

Resultado: Por desconhecer este desejo, a maioria das famílias impede a captação que só pode ser feita com o consentimento de um parente. Tanto que para cada doação é necessário abordar, no mínimo, seis famílias. De acordo com o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto, diretor médico do Banco de Olhos de Campinas, a recusa familiar também está relacionada ao mito da desfiguração e à falsa crença de que a córnea pode ser retirada com a pessoa viva. Além de não alterar a aparência, comenta, a córnea é um tecido que não contém vasos e por isso pode ser retirada até seis horas após o falecimento.

O especialista diz que no início de 2007 a espera por uma córnea em Campinas era de 12 meses. A integração da cidade à área de atuação do BOS reduziu esta espera para seis meses. A região, observa, também aguarda o retorno à atividade do Banco de Olhos da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) que deve agilizar ainda mais a fila, mas o ideal seria a capacitação profissional nos outros estados para que toda a população tivesse acesso ao transplante. QUEM TEM DIREITO À PRIORIDADE Queiroz Neto afirma que no Brasil o transplante de córnea é uma questão de direito à saúde – todos têm que entrar em uma fila única.

São emergências com direito à prioridade: Perfuração da córnea ou do globo ocular. Falência do transplante com opacidade por mais de 30 dias. Úlcera sem resposta ao tratamento. Criança com menos de 7 anos e opacidade corneana bilateral A maioria das perfurações e úlceras na córnea, adverte, é causada por descuido – falta de EPI (Equipamento de Proteção Individual) no trabalho e uso incorreto de lentes de contato, respectivamente.

Portanto, podem ser evitadas. Das pessoas que necessitam de transplante, ressalta, 7 em cada 10 têm ceratocone, doença que geralmente começa na adolescência e provoca o afinamento da porção central da córnea. Isso explica o grande número de jovens na fila de espera, comenta. Também podem levar à cirurgia, observa, casos de infecção, inflamação, trauma, herpes, doenças congênitas, algumas doenças sistêmicas, ceratite bolhosa, ulceras e edemas.

As principais dicas para prevenir grande parte das complicações corneanas são:

Procurar o oftalmologista ao primeiro sinal de desconforto.

Não usar colírio sem receita médica.

Proteger os olhos no trabalho e na exposição ao sol.

Informar ao médico sobre uso de medicamentos.

Evitar excesso de ar condicionado.

Seguir rigorosamente as recomendações de uso de lentes de contato.

Evitar coçar ou esfregar os olhos.

Proteger os olhos da água do mar ou piscina

 Eutrópia Turazzi -  eutropia@uol.com.br  

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