15/12/2009

Quatro em cada 10 brasileiros desconhecem que além da proteção UV, óculos escuros podem eliminar reflexos, outras frequências de luz nocivas aos olhos e receber filtros medicinais para doenças graves.

 

A falta de informação ainda faz com que 4 em cada 10 brasileiros optem pelos óculos escuros falsificados, mostra um levantamento da Abióptica (Associação Brasileira da Indústria Óptica). Como se não bastasse, muitos dos que usam lentes corretivas desconhecem que os óculos escuros podem ter grau, afirma Mário Natali Neto que há mais de 20 anos dirige a Ótica Mário Neto em Campinas. Ele ressalta que o risco dos óculos falsificados vai muito além da falta de proteção contra a radiação UV (ultravioleta). No trânsito, exemplifica, os óculos piratas podem provocar acidentes porque não passam por tratamento que torna a direção segura. Para motoristas e outras atividades ao ar livre como a pesca, exemplifica, o ideal são as lentes polarizadas. Isso porque, recebem filtros especiais que reduzem o reflexo da luz sobre superfícies. O resultado é o aumento da visão de contraste e de profundidade que são menores em quem não enxerga bem e até em quem não precisa de correção visual quando a claridade é excessiva.

Para checar se a lente é polarizada, ele diz que basta segurar os óculos em frente a uma superfície reflexiva, como por exemplo, o capô de um carro, de forma que só um olho visualize esta superfície e girar os óculos em 90 graus. Se a lente for polarizada a claridade diminui.

Para descansar os olhos no Computador ou videogame

“Bons óculos escuros ajustam a quantidade de luz que entra nos olhos sem alterar a visibilidade”, diz Mário. Quem passa horas usando computador ou videogame pode experimentar até 30% menos cansaço visual com lentes fotocromáticas, independente da acuidade visual.  Isso porque, explica, além de absorver a luz UV emitida pelo monitor, criam uma barreira ao brilho excessivo da tela. Já dentro de veículos não são as mais indicadas porque o pára-brisa bloqueia grande parte do UV. Isso impede o escurecimento da lente e os olhos de motoristas ficam expostos ao desconforto da claridade em dias ensolarados.

Coloração depende da atividade

Além da luz UV, o óptico afirma que as lentes escuras recebem resinas especiais capazes de absorver parte da luz azul que também provoca catarata e degeneração da retina.

A tonalidade determina o espectro de luz que é absorvido pelas lentes e deve ser escolhida de acordo com a atividade. As dicas para adequar os óculos escuros ao seu dia-a-dia são:

COR

ATIVIDADES

CARACTERÍSTICAS

·       Âmbar e marrom

Internas e externas

Reduz reflexos, melhora a visão de contraste e de profundidade

·       Cinza

Direção diurna

Reduz reflexos, não altera cores, melhora visão de profundidade.

·       Verde

Internas e externas em dias nublados

Alto contraste e precisão visual

·       Rosa e púrpura

Caça e esqui aquático

Alto contraste em fundo verde ou azul

Filtros medicinais

Doze tipos diferentes de filtros medicinais podem melhorar a visão de contraste e diminuir o esforço visual de motoristas noturnos, portadores de visão subnormal, retinopatia diabética, degeneração macular, fotofobia (aversão à luz) e astenopia ou síndrome da visão no computador, conta Mário. A cor do filtro medicinal varia de acordo com a alteração visual. Só para visão subnormal são seis cores diferentes. Em casos de degeneração macular pode ser indicado o uso de dois filtros – azul claro para ambientes internos e azul escuro para ambientes externos, comenta. A indicação exige exame médico de um oftalmologista que faz um teste de prova para verificar a adaptação e a necessidade de combinar filtros medicinais. Por isso, este tipo de lente só é vendido mediante apresentação de receita médica.  Um erro comum cometido por motoristas é comprar nas bancas de camelôs óculos com lentes amarelas para melhorar a visibilidade noturna no trânsito. Além da falta de acompanhamento médico, estes motoristas podem ter visão distorcida causada pela irregularidade das lentes, comum nos óculos falsificados que acabam provocando outros problemas na visão.

  Eutrópia Turazzi – eutropia@uol.com.br