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Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins

17/02/2010

Com inspirações que vão desde os trabalhos da pintora Tarsila do Amaral até a Copa da África do Sul, os designers brasileiros inovam cada vez mais em termos de joais. Surpreendentes, as peças deixam a ditadura do ouro puro e do diamante e abusam de pedrarias coloridas, contornos sinuosos e lapidações diferenciadas.

Todas essas tendências foram mostradas por expositores na 50ª Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins (Feninjer), realizada em São Paulo.

“Antigamente eram só peças tradicionais. Agora usam-se várias pedras diferentes, como o quartzo. Há um interesse maior pela poesia das coisas”, confirma a consultora criativa Regina Machado. Dentro desse conceito, a Joalheria Guilherme Duque apresentou uma coleção diferenciada, apostando em desenhos de flores esmaltadas e cores inspiradas na coleção do estilista Fause Haten para a edição Inverno 2010 da São Paulo Fashion Week.

“Ele queria uma coleção com flores exóticas da Amazônia, misturando pétalas diferentes”, explica a designer da joalheria, Rosana Rossi. Por causa da ligação da joalheria com a moda, também ganhou destaque a fita gorgurão, um dos mais clássicos aviamentos. A peça foi reproduzida em ouro em formatos de anéis, gargantilhas e brincos. Algumas vêm em tons de chumbo, ouro velho, amarelo e ouro pálido.

Autor de várias peças que são exibidas na televisão, o diretor da joalheria Manoel Bernardes, que leva o seu nome, trabalhou com os conceitos de cosmos e flora na sua nova coleção. Na linha Rain Drops, ele privilegiou as pérolas e os diamantes, mas com o desafio de deixar um pouco o aspecto clássico e torná-las mais jovens. A superposição de pérolas de vários tamanhos, combinadas com os diamantes, criou uma atmosfera movimentada, que valoriza ainda o contraste entre o brilho do metal e o branco da pérola.

Já na coleção Botânica, o ponto de partida foram as folhagens brasileiras, com cortes feitos a laser e dobraduras manuais. O processo de construção das peças foi artesanal, para dar um caráter exclusivo a elas. “O efeito é uma peça leve e delicada”, explica Manoel Bernardes. O mesmo toque foi dado à coleção Pétala, com a intenção de reconstituir o aspecto delicado e sutil da pétala. Após o recorte a laser na chapa de ouro, cada pétala é dobrada manualmente e só depois são incluídos os brilhantes.

Mas uma das coleções mais modernas de Manoel Bernardes é a Quasar, que simula a trajetória dos planetas. O quasar é um objeto astronômico luminoso, que fica nos centros das galáxias e é um emissor poderoso de energia. No centro dele os buracos negros sugam matéria, compactando-as. A ideia do diretor foi simular a trajetória da matéria em direção ao buraco negro, representado por uma gema lapidada especialmente para esse efeito. “São peças modernas, antenadas, para formadores de opinião”, descreveu. Para o designer Andre Faria, da Muredi Joias, a inspiração veio da África do Sul, em razão da Copa do Mundo de Futebol, que será realizada este ano. Para a coleção Savana, o designer brincou com o visual das zebras, reproduzindo peças em ônix, ouro branco e diamantes. A principal peça da campanha Savana é um pingente em pedra cachalon e jade negra.

Mas o designer também buscou referências literárias e cinematográficas, desta vez para a coleção The Dream. A base para realizar esse empreendimento foi o conto de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, recentemente adaptado para o cinema pelo cineasta Tim Burton. “As curvas sinuosas são como no sonho de Alice.

Pedi uma lapidação que remetesse à suavidade em contraponto à sinuosidade, para lembrar a Alice menina e a Alice mulher. É como se fosse a transformação da personagem”, descreve.

Feninjer premia designers de joias

O Prêmio de Design de Joias promovido pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM) foi entregue a três vencedores durante a 50ª Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins (Feninjer), realizada em São Paulo. Na categoria Joias da Natureza, a vencedora foi Aline Miranda, com o brinco de topázio London e ouro branco, inspirado nos rios do planeta, feito para a Colorgems Ltda.

Em Joias com Lapidação Diferenciada, o colar de ouro amarelo e quartzos fumês de Maíra Paiva abocanhou o prêmio para a Calx Design & Jewellery e Arte na Pedra Lapidações. O desafio da designer foi criar elos sem cola ou emendas, utilizando técnicas que valorizassem o quartzo. Já a joia eleita como A Cara do Brasil foi o brinco de ouro branco, diamantes, cristal rosa, topázios azuis Sky e London, prasiolita e ametista roxa, que Carla Abras assinou para a joalheria Manoel Bernardes. A peça, segundo sua criadora, representa os movimentos, a sensualidade e a contemporaneidade do povo brasileiro.

Durante a Feninjer, também foi exposta a publicação Luxo Year Book, que aparece no Rank Brasil como o livro mais caro do País. A capa do anuário contém uma joia assinada pela designer Ruth Grieco. Produzida em papel couchê 230 gramas, revestida com couro de pelica preta, a capa abriga a joia em formato de rosa dos ventos, contendo 180 gramas de ouro branco, 788 brilhantes e 34 turmalinas paraíbas, totalizando 27,16 quilates. A turmalina paraíba é considerada hoje a pedra mais preciosa do mundo, com quilate valendo 10 mil dólares.

Foto 1- Anel e brinco da coleção Botânica de Manoel Bernardes: folhagens brasileiras, com cortes a laser e dobraduras manuais

Foto 2 - Brinco criado por Aline Miranda: topázio e ouro branco

O Popular / Erika Lettry de São Paulo

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