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Moda G

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14/06/2010

Mercado cresce para gordinhas, apesar do preconceito  

Stefanie Medeiros tem 18 anos, e sempre sofreu para entrar nos padrões de magreza exigidos pelas agências de modelo. Ela começou a trabalhar aos 14, quando passou a fazer dietas malucas, e dois anos depois (aos 16!) fez lipoaspiração. Conseguiu, enfim, enxugar as medidas, mas alguns meses depois recuperou o peso.

Quando já estava desistindo da carreira, foi convidada para entrar no Ford +, novo departamento da Ford Models, dedicado às meninas “mais cheinhas” (por “cheinhas” entenda-se manequim a partir de 40). É a única agência no Brasil com tops “plus size”, como elas são chamadas. “A Ford Americana já possui este departamento há 15 anos”, conta Denise Céspedes, vice-presidente da Ford Models Brasil.

“Agora, se eu engordar não tem importância”, comemora Stefanie, paulista de Jundiaí, que chegava a passar um mês inteiro só tomando shakes e ficou um ano sem comer sorvete, sua paixão. “Mesmo quando fiz a cirurgia e estava com 58cm de cintura, 89cm de quadril e pesava 50 quilos, me falaram que eu estava gordinha”, lembra a modelo, que mede 1,75m e atualmente vive contente com suas medidas mais generosas – 98cm de quadril, 64 cm de cintura e 63 quilos. “Hoje tenho uma alimentação saudável. Como arroz, feijão, tudo que não comia antes”.

Nos EUA, mercado cresce

Stefanie está de malas prontas para Nova York. Isso porque o mercado brasileiro para as tops “plus size” ainda é quase inexistente. É na cidade americana que vive a brasileira Fluvia Lacerda, conhecida como a Gisele Bündchen tamanho GG. Ela é uma das mais requisitadas quando o assunto é “plus size”, e após sete anos de carreira tem uma vida confortável – já comprou apartamento em Manhattan e casas no México e na Austrália.

“Essa resistência permanece somente no Brasil”, diz Fluvia. “A consumidora existe, a demanda é inquestionável, mas as pessoas preferem perder dinheiro e oportunidades de crescimento por preconceito”, diz ela, do alto de seu manequim 48.

De fato, no Brasil não se vê editoriais e campanhas com modelos mais gordinhas, salvo raras exceções. Desfiles, então, nem pensar. “Muita celulite e banha não tem como virar tendência”, ataca Sérgio Mattos, dono da agência 40º Models. “É uma novidade, mas não acredito que vá virar tendência”. Karl Lagerfeld, da Chanel, também não quer saber das mulheres com gordurinhas a mais. “Ninguém quer ver gente cheinha. Isso é coisa dessas gordas que ficam sentadas diante da TV, com seus sacos de batata frita, dizendo que as modelos magras são feias", disparou ele em uma entrevista.

'Escravidão emocional', diz modelo plus size

Por aqui, o estilista Walter Rodrigues é a favor da diversidade – “há beleza em todos os corpos” -, mas, na hora H... Ele nunca trabalhou com modelos “plus size”. “Roupa na passarela precisa fotografar bem”, justifica. “Pensar em uma multiplicidade de mulheres não significa que se deva fazer ou só desfilar roupas em mulheres com um número maior. Isso seria hipocrisia”, afirma Walter, que apesar de não escalar as “gordinhas” para trabalhar, faz roupas com manequim até 48, coisa rara entre as grifes brasileiras.

Para Denise, a aceitação por parte do mercado brasileiro é questão de tempo. “Toda proposta que nasce quebrando os padrões estabelecidos pode gerar estranhamento e críticas. Mas cada vez mais vejo as revistas de moda mais importantes do universo fashion mostrando que existem mulheres além do manequim 36 e 38”, diz. “As mulheres querem se libertar da escravidão emocional que é essa busca eterna a ideais de beleza que não refletem a maioria da nossa população”, completa Fluvia.

Goiasnet.com/Ego

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