Victor Mendonça Sales, 15 anos, e Lucas Henrique de Oliveira Sales, 16, têm biotipos diferentes, mas um objetivo em comum. Um é mais baixo e cheinho; o outro é mais alto e magro. Ambos estão matriculados em uma academia para conseguir chegar ao meio-termo, um físico nem franzino nem corpulento. “Eu preciso ficar um pouco mais forte, sem exageros”, diz Lucas. “Quero ficar com definição muscular”, emenda Victor. Eles são adolescentes de uma geração que não tem mais nos fortões um ideal a ser atingido. Uma tendência que vem predominando nas salas de musculação e ergometria.

“A musculação atual está mais voltada para o wellness, que significa qualidade de vida, bem-estar, e não mais um corpo excessivamente musculoso”, alega o professor de educação física e personal trainer Bruno Saliba. Segundo ele, quem enfrenta a malhação com alguma disciplina quer conquistar melhor condicionamento físico e trabalhar o corpo com bom senso.

“A maioria dos adolescentes vem a uma academia por conta do convívio social que encontra neste espaço e também para chegar a um corpo mais bonito. Mas é justamente esse padrão de beleza que mudou”, analisa. De acordo com o professor, as pessoas muito musculosas perderam terreno para quem tem um corpo definido.

De acordo com ele, 80% dos jovens alunos querem definir o corpo e não ganhar massa muscular em excesso. Aí estaria a principal razão pelo aumento do interesse por esportes coletivos, como vôlei e basquete, e por modalidades que trabalham o corpo de maneira mais completa, como natação e triatlo. Uma mudança que não ocorre somente entre os alunos.

“Os professores também estão menos musculosos do que antes. Nas academias de hoje, é difícil ver alguém hipertrofiado.” Para Bruno Saliba, a melhor orientação nutricional também auxilia nessa modificação. A procura maior é por dietas bem orientadas que ajudem o aluno a ganhar massa magra e perder gordurinhas sem, porém, ficar bombado.

Meninas
A professora de educação física Johen Carneiro confirma esta mudança de foco do fitness, voltado para o porte físico, para o wellness, centrado no bem-estar de quem pratica exercícios. Ela afirma que muitos jovens procuram academias que dão mais opções de atividades. “Eles fazem isso quando decidem que ganhar músculos não é a prioridade e sim esculpir o corpo.”

Daí, segundo Johen, a grande quantidade de horários para aulas de alongamento, o sucesso do pilates. “Os homens querem perder a barriguinha e fortalecer um pouco os braços. As mulheres se preocupam com o bumbum e as coxas. Mas sem exageros.”

As gêmeas Nathalia Gleicienny e Nayara Gleicielly da Costa Dantas, 17 anos, ilustram esse fenômeno. Preocupadas com a balança, elas se exercitam para manter o corpo bonito. Por isso, ao invés de se acabarem na musculação pesada, as duas fazem alongamento, aulas de ritmos e boxe. “As mulheres muito musculosas ficam com aparência de homem”, critica Nathalia.

Quanto aos meninos, as duas concordam que preferem antes um rapaz com corpo sarado sem excessos que alguém com músculos exagerados. “Estes muito fortes costumam ser bastante convencidos, além do que não ficam muito bonitos”, avalia Nayara.