Mundo Mulher

Novas tecnologias no desenvolvimento da cirurgia plástica

20/12/2012

Os procedimentos estéticos são técnicas de evolução constante em todas as suas áreas, um exemplo disso são as diversas cirurgias diferentes para redução de estômago, mas até que ponto eles podem chegar? Como se vem noticiando, o novo limite é o uso de células-tronco, já aprovado pela ANVISA. Esta técnica poderia ser usada para remodelar músculos, ossos e tecido corporal.

 

- Doutor, seria possível, por exemplo, aumentar partes do corpo com o uso das células tronco? Ao invés de se implantar silicone, poderia, hipoteticamente, usar células tronco para aumentar seios, nádegas e outras partes do corpo?

Não exatamente apenas com células tronco, mas com enxertos de gordura enriquecidos com células tronco.  Explico: descobriu-se recentemente que o tecido gorduroso é rico em células tronco. Através de um processo de centrifugação pode-se separar estas células, que podem ser cultivadas, aumentando enormemente o seu número. Quando adicionadas novamente ao tecido gorduroso, acontece o que chamamos de enriquecimento de células tronco neste tecido, que poderá então ser enxertado em outra área, aparentemente com melhor integração do que se a gordura fosse simplesmente enxertada sem este enriquecimento.

 

- Em que nível se encontram os estudos para o avanço desta técnica? Ela já é utilizada de que forma? Caso não seja, a sua futura utilização é distante ou próxima?

A lipoenxertia simples ou enriquecida, já é usada por nós para corrigir deformidades e aumentar os seios, nádegas e outras regiões corporais.

Mas existem ainda limitações importantes quanto ao volume que se consegue aumentar.  No caso das mamas, o volume máximo hoje atingido, gira em torno de 140 a 150 ml.  Como os implantes mais usados atualmente estão na faixa de 250 a 350 ml, a lipoenxertia para o aumento das mamas fica a desejar. 

Entretanto, com o uso de um equipamento auxiliar de sucção das mamas, que tem que ser usado permanentemente durante um bom tempo, consegue-se já ultrapassar estes volumes. Mas ainda não contamos com esse dispositivo entre nós e o seu uso é extremamente incômodo, obrigando as pacientes a carregar uma espécie de maleta ligada por tubos aos dispositivos aplicados sobre as mamas.

 

- É necessário que o cirurgião plástico tenha uma formação a mais para poder manipular essas células?

A manipulação e cultivo de células tronco ou fibroblastos, deve ser feita em laboratório de biologia por pessoal treinado.  O cirurgião plástico normalmente retira e reinjeta a gordura, devendo prepará-la convenientemente, através de centrifugação e lavagem.  Para tanto, precisa ter conhecimento e treinamento específicos, mas não se trata exatamente de uma manipulação de células a nível microscópico.

 

- As células são coletadas do próprio corpo do paciente?

Como dito anteriormente, as células tronco são mais facilmente obtidas da gordura dos pacientes, ainda que existam em outros tecidos.

 

- Seria uma mudança radical a ponto de deixar em desuso as técnicas antigas? Poderia haver uma junção de técnicas antigas com essa técnica das células-tronco?

Novamente chamo a atenção de que não tratamos aqui do uso específico e único de células tronco, que estão ainda em estágio de pesquisas experimentais.

Mas é claro que o seu uso clínico, ainda que experimental, já se faz em algumas áreas, com resultados surpreendentes. 

Não há dúvidas de que as células tronco irão revolucionar inúmeras técnicas, assim como está ocorrendo com a lipoenxertia.  É uma área de pesquisas que abrange inúmeras aplicações e os estudos se concentram em torno do uso de células tronco adultas ou embrionárias, estas últimas com maior potencialidade, mas entretanto mais perigosas, pois podem desenvolver tumores.

 

- Existe alguma novidade a ser apresentada nos próximos encontros de cirurgia plástica que surpreenda mais que o uso de células-tronco?

A grande novidade hoje e para a qual se estão pesquisando os limites da sua utilização, são exatamente os enxertos de gordura.  As suas aplicações crescem a cada encontro científico, tanto na área da cirurgia estética quanto na reparadora.

Dr. Tomaz Nassif é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, chefe do Serviço de Microcirurgia Reconstrutiva do hospital federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro e professor do curso de pós-graduação em cirurgia plástica da PUC-RJ, além de consultor da Clínica Pitanguy.

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