Mundo Mulher

Decoração - combinando estilos diferentes

11/07/2009

Decoração se rende às recriações do estilo Luís XV

  Um clima de romantismo invade o cenário do quarto em que a cama, com cabeceira imponente, onde se destacam as curvas, o acolchoado volumoso e a

Renda-se a um mobiliário luxuoso, com ar festivo e romântico. Poltronas, chaises, namoradeiras apresentam-se com almofadas soltas e estofados. Os braços aparecem recuados e com aberturas para dar mais conforto. O assento e o espaldar se unem, compondo uma única linha.

As pernas cabriolet (curvas) às vezes trazem entalhes e apliques de bronze. As sinuosidades demarcam o território das principais características que definem o mobiliário que predominou nas artes decorativas europeias entre 1730 ao final do século 18 e que leva o nome do rei francês Luís XV.

No ano em que se comemora o Ano da França no Brasil, o estilo Luís XV ou rococó francês, em releituras, se mistura com personalidade a outros tipos de mobiliário no cenário de residências com vocação contemporânea. Ele está de volta a promover parcerias interessantes. “Há uma graciosidade do jogo de formas em C e S, e os ornamentos são sempre assimétricos”, explica Denise Oliveira, professora da Faculdade de Arquitetura da UCG.

Trata-se de um mobiliário de herança nobre e que tem a marca registrada do movimento, do acabamento em madeiras finas (tons envelhecidos), em marchetaria, envernizada ou laqueada (em cores claras) ou dourada. São escrivaninhas, cômodas, armários, poltronas de madeiras esculpida, mesinhas de cabeceira, camas, penteadeiras, pequenos móveis para todas as finalidades.

Essas peças remetem com força ao traço do luxo, da feminilidade. “Estamos vivendo um revival, mas é preciso cuidado para que haja equilíbrio na composição, porque este estilo de mobiliário tem uma estética muita forte”, observa a arquiteta Maria Luiza Rocha de Siqueira. O estilo bebeu ainda na fonte do Oriente e dos tradicionais elementos chineses. Vale ressaltar que peças autênticas são raras e caríssimas e encontram-se bem guardadas em museus ou nas mãos de colecionadores.

Seleção criteriosa
No Brasil, existem muitas cópias Luís XV, às vezes de qualidade duvidosa. Não lembram em nada o requinte do mobiliário original. Profissionais recomendam um olhar seletivo na hora de escolher uma peça inspirada no estilo. Pois é comum se deparar com cadeiras, cômodas ou outro tipo de móvel que recebem folha de ouro ou pátina apenas para esconder uma madeira de baixa qualidade. Não se espelham nas técnicas de produção originais.

As cadeiras com encosto de palhinha, herança do Brasil Colônia, são uma tradução bem brasileira do espírito chique do Luís XV. Também simbolizam e remetem à identidade do estilo Luís XV elementos decorativos impressos em objetos e acessórios como lustres, porcelanas, estátuas, arandelas, conchas estilizadas, guirlandas, flores e fitas ou ligados aos atributos do amor (flechas, arcos, cupidos, corações entrelaçados), a instrumentos musicais (harpas, flautas) e à ciência (bússola e globo).

Outro detalhe que não pode passar despercebido é que o típico mobiliário Luís XV foi concebido para ser usado em ambientes generosos. Eles adornavam dimensões quase gigantescas que não comungam muito com os tamanhos mais reduzidos das residências atuais. Portanto, não dá para distribuir aleatoriamente recriações do estilo nos espaços modernos. O resultado pode ser um lugar fake, cafona mesmo.

“Móveis estilo Luís XV oferecem um contraponto. Criam um elemento de interesse, quebram a linearidade e a homogeneidade visual das formas retas e dão dinamismo ao ambiente”, ensina Denise Oliveira. Coordená-los com outras linguagens decorativas demanda bom senso e uma excelente acuidade visual. É um exercício que exige vazios, pausas, para equilibrar as composições e um mobiliário que respira glamour.

Diferenças de estilo

LUÍS XIV – Barroco. Traz um estilo predominantemente masculino, pesado, grandioso, que transmite força e vigor. Nasceu no reinado de Luís XIV, o Rei Sol, um dos mais poderosos da França. Há no mobiliário o predomínio das linhas retangulares e o exagero do decorativismo. As peças são maiores, simétricas, pesadas, mais carregadas de detalhes e entalhes. Na decoração, aposta no jogo de contrastes claro/escuro. As cores usadas no estofamento são mais escuras: púrpura, dourado, roxo, verde e azul-escuro. Os tecidos que os recobrem também são pesados: veludos, brocados, adamascados, cetim, gobelins.

* LUIS XV– Móveis que retratam a simbologia do conforto, do feminino, a sinuosidade, a assimetria e o luxo. Tecidos de revestimento aparecem mais leves e esvoaçantes: brocados, cetins, adamascados, tafetás, algodão com estampas florais. Predomínio das cores claras e suaves: tons pastéis, verde-claro, cinza, azul-claro, lilás, amarelo-palha, azul e rosa.

* LUIS XVI – Neoclássico e híbrido, pois conjuga em si elementos opostos criando uma estética nova. Móveis simétricos, simples e românticos. É um estilo calmo. As pernas das cadeiras perdem as curvas e passam a ser suavizadas adotando a função de suporte. Resgata os ideais e as referências greco-romanas na decoração (louros, colunas, cestos de flores, cupidos, guirlandas). Surge o uso dos listrados. As cortinas são retas e lisas. Permanece o uso de cores claras na decoração: branco, cinza, verde e azul claros, bege e dourado.

Gpoiasnt.com/Margareth Gomes - O Popular

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