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Praia do Forte

Praia do Forte

06/12/2010

Com uma paisagem exuberante e boa infraestrutura para acolher os turistas, a Praia do Forte, na Bahia, é uma ótima opção de passeio

Um destino que está "no ponto" para o turista que quer praia, rede hoteleira de qualidade, bons restaurantes, recepção aconchegante - tudo isso sem concorrência por um lugar ao sol.

A Praia do Forte (BA) é assim. Distante 53 km de Salvador, pelo litoral norte, o local é privilegiado por suas piscinas naturais, belas paisagens nas praias ao redor, uma vila calçada por pedras com restaurantes de decoração rústica e culinária elaborada. E o melhor: pelo menos por enquanto não está abarrotado de visitantes disputando mesa em barracas de praia ou na vila.


Se o turista se cansar de praia, o que não é difícil para um pacote de sete dias ou mais, os arredores da Praia do Forte oferecem opções bastante interessantes. A Reserva Ecológica de Sapiranga, reduto de Mata Atlântica, e o Rio Pojuca, ideais para o turismo de aventura, fazem da viagem um passeio além do mar e da areia. É possível ir de van (topique, na língua local), carro ou até de ônibus adaptado para a aventura, mas o melhor mesmo é conseguir um quadriciclo para chegar até a mata, onde uma caminhada vai agradar quem curte o contato com a natureza.

A tranquilidade do turismo se deve ao fato de a Praia do Forte ser um destino relativamente recente nas opções do litoral Nordeste brasileiro. Há 30 anos, o local era uma grande fazenda que estava nas mãos de um paulista descendente de alemão, Klauss Peter, que vendia glebas apenas para pessoas com quem simpatizava.


De 15 anos para cá a comunidade local viu a infraestrutura crescer. Dois resorts bem conceituados estão situados na Praia do Forte: o Iberostar e o Tivoli. Mas não é preciso ficar nesses imponentes resorts para curtir o destino. A rede hoteleira é bastante diversificada - oferece 800 apartamentos -, sendo a maior parte destinada aos públicos A e B, com preços de R$ 300 reais acima pela diária.


O turista pode optar por ficar nas pousadas e hotéis à beira-mar ou mais no início da vila, sem prejuízo no conforto do passeio. Isso porque a Praia do Forte é ainda muito pequena, com sua rua principal que concentra o comércio e pequenos becos onde vive a comunidade local. Para ir do início ao fim da vila, o turista fará uma caminhada de cerca de cinco minutos.


O que o turista não vai encontrar na Praia do Forte são barracas amplas e bem montadas à beira-mar, tradicionais em praias famosas do Nordeste. Elas são proibidas. A venda de bebidas é feita por nativos que montam pequenas estruturas de madeira. Em alguns trechos, como no Papa Gente, praia de piscinas naturais, nem isso tem. As bebidas estão em caixas de isopor e os vendedores também alugam cadeiras de praia - o guarda sol é gratuito.


Já a alimentação fica por conta do queijo assado na brasa ou do salgadinho, cujos vendedores passam de tempo em tempo. Nas barracas de madeira, a alimentação é mais fácil.
Apesar disso, não se pode dizer que a infraestrutura à beira-mar seja ruim - ela é rústica e ambientalmente sustentável.

Outra coisa que o turista que deseja ir à Praia do Forte precisa saber é que o mar tem bastante pedras e, no meio delas, surgem as piscinas, que ficam mais visíveis na maré baixa. Onde não há pedras, barcos tomam conta do mar. Nativos alertam que não é muito agradável o banho perto dos barcos, porque eles soltam dejetos na água.


Outra opção de praia, a cerca de 10 km da Praia do Forte, é Imbassaí. Um lugar paradisíaco, onde o Rio Pojuca se encontra com o mar e a areia forma pequenas dunas no final da tarde, separando a água doce da salgada. Nesse local, o mar é aberto, as ondas são mais fortes, mas nada que impeça a diversão dos mais medrosos. E o pôr do sol é cinematográfico.


Tamar


A Praia do Forte é a sede nacional do Projeto Tamar, cuja filosofia é preservar as tartarugas marinhas e toda a vida no oceano. Estamos justamente na época de desova das tartarugas. Os ovos são levados para o Tamar, enterrados e monitorados até os filhotes saírem da casca.


Aventura e história


A vila e os arredores da Praia do Forte foram tomados por estrangeiros que souberam explorar o potencial turístico e deixaram muito pouco nas mãos dos nativos. Descobrir os mitos e os fatos históricos daquele lugar, em três dias de muita aventura, foi uma experiência fantástica.


Sem saber os caminhos que levavam à praia, aceitei a oferta de um taxi bike que cobrou 30 reais para me levar ao Papa Gente, praia de piscinas naturais. Consegui 5 reais de desconto e subi satisfeita numa espécie de carroça de rodas. "A senhora pode pedalar, viu? O nosso transporte oferece ar-condicionado natural (leia-se muito vento), academia (o passageiro ajuda no pedal) e ainda não poluímos o ambiente", brinca o nativo.


A pedalada dura menos de 10 minutos. No caminho, o rapaz vai mostrando onde fica "casa de Ivete" (Sangalo, cantora), do lutador de boxe Popó e de Durval Lélis, vocalista da banda Asa de Águia. Eles dizem que não raro encontram Ivete e o marido pedalando pela vila de Praia do Forte.

Os elementos históricos começaram a ganhar corpo no Castelo de Garcia d´Ávila, um guerreiro espanhol que ganhou um "pedaço" de terra brasileira nos anos de 1550. Ele foi dono do maior latifúndio do mundo, com 800 mil km2, que começava na Praia do Forte e terminava no Maranhão.

Em Praia do Forte, Garcia d´Ávila levantou a maior construção portuguesa no Brasil, um castelo que levou cem anos para ficar pronto. Dá para ter uma boa noção do que foi esse castelo com as ruínas que ainda estão lá. Dez gerações de D´Ávila habitaram o palacete de pedras.


Já em um passado mais recente, cerca de 30 anos atrás, a região era uma grande fazenda. Um paulista com descendência alemã, Klauss Peter, adquiriu essa fazenda e idealizou a vila de Praia de Forte, que foi construída com foco no turismo e priorizando a tranquilidade. Klauss loteou a terra e vendia glebas apenas para quem ele queria, depois de investigar o histórico do pretenso comprador. Isso impediu também a especulação imobiliária no início de Praia do Forte.


Todos os moradores e empresários falam com carinho e saudade desse paulista/alemão, que há cerca de quatro anos vendeu seu resort para um grupo português - que atualmente é o Tivoli Resort - e sumiu sem deixar explicações.


Depois que Klauss foi embora, outros investimentos chegaram na região. Um deles é o do turismo de aventura. Junto com um grupo de jornalistas, fui convidada a experimentar os passeios ofertados. Até o nosso guia era estrangeiro: Erick Bunhomme, de Guiana Francesa, que se casou com uma nativa e se mudou de vez para lá.


Remar no caiaque nem de longe foi o sacrifício que eu esperava. É fácil e prazeroso. Depois tomamos banho entre as corredeiras, passamos alguns sustos com a correnteza e as muitas pedras, voltamos para a base e passamos à prática da tirolesa. A base é uma oca que chama a atenção pela sua beleza, inspirada nas antigas habitações dos índios tupinambás.


O cansaço bateu, mas ainda tínhamos uma caminhada pela reserva Sapiranga. No caminho, aprendemos alguma coisa do dialeto tupinambá e das belezas da mata atlântica. No final, o guia com sotaque francês foi carinhosamente apelidado pelos jornalistas de "coronel Nascimento".

Festival gastronômico


Tempero no Forte é o nome do festival gastronômico de Praia do Forte, que foi aberto no dia 25 de novembro e terminou ontem. Foram dez dias em que chefs de fama nacional e internacional apresentaram pratos elaborados especialmente para o evento com base em um tema específico. Nesta quinta edição a estrela principal da festa foi a pimenta.


As entradas e pratos principais, em geral, usaram ingredientes típicos da culinária local com base em frutos do mar. A criatividade dos chefs ficou no tempero e na apresentação. O risoto à base de polvo é servido com tanto capricho que dá gosto experimentar. O camarão é o curinga da gastronomia da Praia do Forte, presente em boa parte das receitas.

O festival incluiu também pratos doces. E, nesse ponto, combinar a pimenta com chocolate e marshmallow é uma tarefa árdua para os chefs. No Café Tango, de um argentino, uma torta de mousse de chocolate foi servida nas versões light e tradicional - a primeira, com menos ardor. Outro restaurante serviu sorvete de creme por cima de espaguete frito e calda de pimenta. O sabor é indescritível e foi aprovado.


Segundo os nativos, o forte da culinária da Praia do Forte está nos bolinhos de peixe e nas moquecas. De fato, é possível sentir o cheiro das moquecas em toda a vila na hora do almoço. O bolinho de peixe é petisco obrigatório para todos os restaurantes.
Foto divulgação: Bahiatursa

Fonte: Jornal O Popular - Núbia Lôbo

 

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