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Cidades históricas de Minas Gerais

Cidades históricas de Minas Gerais

14/03/2011

Cidades históricas de Minas Gerais proporcionam uma inesquecível viagem pelo passado brasileiro

No alto da colina, estão eles imponentes a nos transmitir serenidade, a nos despertar para a arte e para conhecer a história e talvez até, ainda, conspirando contra os poderosos, mais de um século depois de sua construção. São os 12 profetas do Aleijadinho, confeccionados em pedra-sabão, a marca de seu gênio, estrategicamente postos no adro da Igreja do Senhor Bom Jesus, em Congonhas, na região das cidades históricas mineiras.

Para quem ainda não conhece as cidades históricas mineiras, como Congonhas, Ouro Preto (a mais famosa), Mariana, Tiradentes e outras, fica a sugestão: visite-as em sua próxima viagem. É um resgate do passado. É se embrenhar na história da riqueza brasileira, advinda do ouro no século 18. É lembrar do esforço do trabalho escravo e do talento de mestres como o próprio Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, o mestre Ataíde, Francisco Xavier de Brito, Servas e tantos outros.


A geografia da região, com montanhas e o Pico do Itacolomi, com 1.772 metros de altura, entre os municípios de Ouro Preto e Mariana, ajudam a impor um ar místico ao cenário histórico das cidades. Vale a pena passear sobre as ruas tortas, calçadas por paralelepípedos, e observar as construções das igrejas e casas, com suas paredes com quase um metro de espessura, feitas de adobe, portas de madeira maciça e telhados de telhas de barro, corroídos pelo tempo.


Mas quando se entra nas igrejas e museus é que o visitante fica, literalmente, de queixo caído e pode conhecer um pouco da arte barroca, em suas diversas fases. É uma maravilha que não tem como descrever. É preciso ir para conhecer, para avivar os olhos, para relembrar fatos de nossa história e depois tentar guardar na memória, e nas fotos, um pouco daquela beleza.


 Ouro Preto

O legado de Outro Preto é maior que as fronteiras. Por seu valor, a cidade foi decretada Cidade Monumento Nacional em 1933. Mas os olhares e o reconhecimento do mundo viriam em 1980, quando a Unesco a declarou Patrimônio Cultural da Humanidade.
É famosa por sua arquitetura colonial. Abriga a segunda igreja mais rica em ouro do País, perdendo apenas para a Igreja de São Francisco, em Salvador (BA). No estilo barroco, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar foi inaugurada em 1771 e tem mais de 400 quilos de ouro distribuídos em seu interior. Outra igreja, a de São Francisco de Assis, também tem sua importância: foi planejada e teve suas obras de arte esculpidas por Aleijadinho.
A cidade também se destaca pela atividade cultural. Todos os anos sedia o Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana. Também é ponto de encontro dos católicos, durante a Semana Santa, para celebrar o nascimento, vida e morte de Jesus.
Além de ser um museu a céu aberto, Ouro Preto guarda acervos variados como o Museu das Reduções, o Museu do Chá, o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, o Museu da Inconfidência, o Museu da Pharmacia, o Museu Aleijadinho e Museu do Ouro, com acervo de pedras preciosas, entre outros.
Uma das características mais marcantes de Ouro Preto são suas igrejas construídas durante o período colonial brasileiro. As que mais se destacam são: a Igreja São Francisco de Assis, a Igreja Matriz de Nossa Penhora do Pilar e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário.

 
Congonhas

Não menos famosa, porém menos visitada, Congonhas encanta os visitantes pela maravilhosa obra de Aleijadinho, exposta a céu aberto, na frente da Igreja do Senhor Bom Jesus. A série Profetas de Congonhas é considerada uma das mais completas da iconografia cristã ocidental. As esculturas, feitas em pedra-sabão (1800-1805), espalhadas no adro do Santuário, em admirável simetria, ao longo das esplanadas de níveis diferentes, formam um conjunto grandioso, no qual o artista figurou em cada profeta um participante da Inconfidência Mineira, com destaque para Tiradentes e para si próprio, no personagem do profeta Daniel.
Nas obras dos Passos da Paixão, Aleijadinho mostra toda a sua arte em madeira, que junto com os Profetas constitui o mais esplêndido conjunto de arte barroca mundial. A visa-sacra é formada por 66 figuras talhadas em madeira, em tamanho natural, esculpidas entre 1796 e 1799. Estão dispostas em seis capelas: Ceia, Horto, Prisão, Flagelação/Coroação dos Espinhos, Cruz às Costas e Crucificação. Os trabalhos de pintura nessas esculturas foram executados por Francisco Manoel Carneiro e Manuel da Costa Ataíde. O rigor dos detalhes, tanto nas esculturas quanto nas pinturas, é impressionante.
Lamentavelmente, os Profetas sofrem com o descaso, o abandono, o vandalismo e com a deterioração pelo tempo e correm graves riscos de mutilações. Já as obras dos Passos da Paixão estão bem conservadas, uma vez que elas ficam dentro de um tipo de "casinha", tendo um único portal gradeado, por onde podem ser apreciadas, embora com campo de visão restrito, e fotografadas.

 
Mariana

A 15 quilômetros de distância de Ouro Preto está Mariana. Esse trajeto pode ser feito pela rodovia ou de trem, este último de sexta-feira a domingo, saindo da estação de Ouro Preto às 10 horas e retornando às 15 horas. A viagem dura uma hora, com a ferrovia passando por trechos cheios de curvas e túneis, proporcionando ao viajante uma linda visão das paisagens das serras mineiras.
Mariana foi fundada em 1696 e foi a mais importante cidade do ciclo do ouro. É tombada como Monumento Nacional. Suas ladeiras e casarios guardam a originalidade do primeiro e único traçado urbanístico elaborado no período colonial.
Na praça principal está a Catedral da Sé, a primeira catedral de Minas, e uma das mais ricas igrejas do Brasil. Seus altares representam as diversas fases da arte barroca e o templo ostenta o órgão Arp Schnitger, que ainda é usado em concertos musicais. A cidade também abriga a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, com ornamentação requintada e pinturas policromadas, executadas pelos mestre Ataíde e Servas, características da terceira fase do barroco mineiro, o estilo rococó.
O município de Mariana também conta com a Mina da Passagem, que é a maior mina de ouro aberta a visitação do mundo, com dezenas de descidas subterrâneas que levam até um lago natural. Além de todas essas riquezas, as cidades históricas mineiras têm, ainda, a famosa culinária, composta de produtos caseiros de sabor único, como tutu, leitoa a pururuca, mandioca frita, queijos e o famoso pão de queijo mineiro.
 
 
SERVIÇO

COMO CHEGAR

Prático e todo asfaltado é pela BR-040, sentido Rio de Janeiro. Depois de rodar aproximadamente 20 quilômetros, entre no trevo sentido Ouro Preto (BR-356, Rodovia dos Inconfidentes) e siga até Ouro Preto.
Ouro Preto fica a 115 km do aeroporto de Pampulha (BH), a 12 km de Mariana e a 48 km de Congonhas
 
Onde ficar

Ouro Preto é um dos principais destinos turísticos de Minas. Nos finais de semana e feriados prolongados a cidade fica repleta de turistas. A cidade, bem como Congonhas e Mariana, tem bons hotéis e pousadas, que conciliam o esplendor barroco com os confortos e facilidades da vida moderna.
 
DICAS

Coloque na bagagem roupas confortáveis (não se esqueça de uma blusa de frio para se prevenir das surpresas climáticas), um bom e surrado tênis para andar nas ruas de calçamento irregular e para descer e subir as ladeiras, além de protetor solar e labial - por conta da altitude das cidades, o sol castiga ainda mais a pele.

Tenha sempre em mãos a câmera fotográfica.
Nas portas da igrejas e museus há sempre guias oficiais de plantão. Contrate um. O custo é baixo. Assim, além de você ver e admirar as obras, poderá se ater aos detalhes e se enfronhar na história. E bom proveito!

Foto: http://www.turismo.gov.br/salao/noticias/detalhes_noticias/200906222.html

 Fonte: O Popular - Sônia Ferreira

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