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João Pessoa

 

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Fotos: PBTur/Secom-Prefeitura de João Pessoa Praia do Picãozinho, em João Pessoa: formação de recifes com piscinas naturais faz com que a temperatura da água chegue a 28 graus Ainda pouco explorada pelo turismo e com jeitão de interior, capital da Paraíba é o paraíso para quem procura paz em meio a belas paisagens.

Não tão visitada quanto a vizinha Natal (RN), nem tão popular quanto a outra vizinha Recife (PE), João Pessoa, capital da Paraíba, surpreende o "turista acidental" com cenários de tirar o fôlego. O conceito de turista acidental é dado por um simpático taxista: quem ainda movimenta o turismo na cidade são pessoas que vieram conhecer Natal, Recife ou Olinda e aproveitaram para esticar a viagem. Talvez este seja um dos motivos que fazem os paraibanos receberem tão bem quem se dispõe a descobrir seus encantos.

De praias com águas mornas, passando por manifestações culturais autênticas até a culinária do sertão, à base de carne-de-sol e de bode, macaxeira, arroz de leite, feijão-de-corda e manteiga de garrafa. Para a sobremesa, muita rapadura. A primeira diferença das outras capitais nordestinas pode ser sentida já na chegada ao histórico Hotel Globo, de 1928, que hoje abriga um museu com exposições permanentes. Ao invés de meninos de rua pedintes, miniguias turísticos têm na ponta da língua todas as informações do lugar. É o pequeno guia João, de 9 anos, que explica ao POPULAR que João Pessoa é a terceira cidade mais antiga do Brasil (é de 1585), possui a maior área verde das Américas (54,7 árvores por habitante) e se orgulha de ter a primeira praia nordestina destinada à prática do naturismo (Tambaba).

Tudo falado freneticamente, sem pausas e com o forte sotaque nordestino. História O centro histórico é pequeno, mas vale a visita. De um lado, casarões dos séculos 17 e 18 nos estilos clássico, neogótico e barroco; do outro, um manguezal com o Rio Sanhauá. Perto fica o Convento de Santo Antônio e a Igreja de São Francisco, um suntuoso prédio de 1770. O acabamento inclui talhas em madeira recobertas de ouro e cantarias em pedra com motivos portugueses e orientais, influência da colonização portuguesa na China. Na saída, azulejos retratam a Paixão de Cristo. Do caminho do centro histórico às praias, dá para sentir o jeitão interiorano da capital. O trânsito é relativamente tranqüilo, as pessoas se sentam na porta de casa para jogar conversa fora e não existem arranha-céus à beira-mar.

Devido às rígidas leis de zoneamento, até mesmo os hotéis da orla têm no máximo cinco andares. Os paraibanos têm orgulho em falar que, enquanto em outras praias urbanas das capitais brasileiras só é possível tomar sol pela manhã, em João Pessoa o sol dura o dia inteiro. Dia que começa muito cedo - no verão, antes das 5 horas já está claro! Neste horário, a Avenida Cabo Branco é interditada para a caminhada matinal.

Quem perder a hora para dormir um pouco mais, corre o risco de encontrar um sol escaldante às 8 da manhã. Outra curiosidade é que na cidade o sol nasce primeiro. A Ponta do Seixas, principal atração de João Pessoa, é o ponto extremo oriental das Américas. A vendedora de picolé de tapioca, "o mais oriental das Américas" (tudo aqui tem este título, uma espécie já de gozação), conta que bem ali, depois do Oceano Atlântico, está a África. A Ponta do Seixas abriga o Farol do Cabo Branco, no formato de um pé de sisal, de onde se tem uma bela vista das praias. As mais visitadas são Intermares, Penha, Cabo Branco, Tambaú, Manaíra e Bessa. Cabo Branco é extensa, com coqueiros, falésias e barracas que servem pratos típicos da região. ¤ LEIA MAIS: " Gastronomia sertaneja Gastronomia sertaneja A culinária é mais voltada para os temperos do sertão do que para os frutos-do-mar. Tudo a preços bem convidativos (em setembro, um prato de pescado para dois saía a 12 reais). Falando em economia, comprar artesanato em João Pessoa pode ser muito vantajoso.

Reserve, no mínimo, uma tarde inteira para conhecer os shoppings de produtos típicos do Nordeste no centro da cidade. Redes estampadas, imagens de santos em estopa, cangaceiros em argila, jóias com conchas, bordados em renda são os destaques no Mercado de Artesanato Paraibano, em Tambaú. Na volta, aproveite o visual da lagoa rodeada de palmeiras do parque Sólon Lucena. Quase tudo na cidade (hotéis, restaurantes, casas noturnas) se concentra num eixo de poucos quarteirões, do final da praia de Cabo Branco até Tambaú. É de lá que partem os passeios, como para Picãozinho, que é um dos paraísos da cidade.

A formação de recifes com piscinas naturais faz com que a temperatura das águas chegam a 28ºC. Em noites de lua cheia, os hotéis de Tambaú organizam serenatas sobre a areia morna. PBTur/Secom-Prefeitura de João Pessoa Praia do Jacaré, em Cabedelo: pôr-do-sol inesquecível Pôr-do-sol ao som de Ravel

Programa obrigatório em João Pessoa é ver o pôr-do-sol na praia fluvial do Jacaré, na cidade portuária de Cabedelo (18 quilômetros da capital). É até engraçado: de repente, o lugar tranqüilo e quase deserto é invadido por vans, carros e ônibus apinhado de turistas. Todos querem ver o "pôr-do-sol mais bonito da Paraíba". Enquanto o sol vai baixando no horizonte, artistas locais tocam simultaneamente e ao vivo o Bolero de Ravel.

A partir de Cabedelo, chega-se ao extremo norte do litoral paraibano, à tranqüila Lucena, de balsa ou barco. Junto das praias de Costinha, no estuário do Rio Paraíba, de Fagundes e da Ponta do Lucena, os pés de coco imperam absolutos na paisagem. Campina Grande, a 120 quilômetros da capital, é nacionalmente conhecida por ter a maior festa de São João do mundo. Escolher visitar a praia de naturismo Tambaba (a 20 quilômetros ao sul de João Pessoa) pode ser uma furada se o visitante não estiver realmente disposto a tirar a roupa (o acesso é rigidamente controlado pela Sociedade de Naturismo de Tambaba e homem sem a companhia de uma mulher não entra). Ornamentada por uma mata praticamente virgem e por um labirinto de areia colorida, resultado da ação do vento nas falésias, Tambaba desperta (em vão) instintos voyeuristas.

Tantos predicados só esbarram quando o assunto é vida noturna. A cidade tem pouquíssimas opções de agito. Em compensação, ainda é possível caminhar tranqüilo sem medo de assaltos, segundo seus moradores. A sensação ao deixar João Pessoa de volta para Natal - sim, também fui um turista acidental - é de ter descoberto o prazer em pessoa.

> Como Chegar ¤ De avião: A TAM (www.tam.com.br) e a Gol (www.voegol.com.br) têm vôos diários de Goiânia para João Pessoa, invariavelmente com escalas e/ou conexões em Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE). As empresas trabalham com escalonamento tarifário, em que as tarifas mudam constantemente dependendo da disponibilidade. A média de preços varia entre R$ 450 e R$ 1.945. ¤ De carro: João Pessoa fica a 2.442 quilômetros de Goiânia. O acesso é pela BR-101 (a 120 quilômetros de Recife e 180 quilômetros de Natal). De Goiás, a opção menos perigosa (as condições das estradas são precárias e o risco de assalto é grande) é seguir pelo interior da Bahia até o litoral. Atualmente, a BR-101 está em obras de duplicação. Mais informações: No site da Empresa Paraibana de Turismo S.A. (www.pbtur.pb.gov.br) Renato Queiroz De João Pessoa (PB)- Jornal O Popular.

   
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