Mundo Mulher

Lisboa - Para você descobrir

19/10/2011

 

A capital portuguesa é uma viagem pelo tempo, ao passado e ao futuro

 

Prédios de arquitetura ousada e contemporânea também compõem o cenário urbano de L isboa


Tarde ensolarada em Lisboa. A vendedora ainda estava embalando o que eu havia comprado - uma garrafa de vinho - quando me perguntou de onde eu vinha. "Brasil", eu respondi. "Por certo", ela retrucou, "mas de onde no Brasil?" "Goiás, Goiânia", disse meio sem acreditar que ela já tivesse ouvido algo a respeito de nossa terrinha. Para meu espanto ela completou: "É onde tem aquele rio, o Araguaia?" "É sim. Você já foi lá?", perguntei meio assombrado. Ela sorriu e disse: "Não, mas é que aqui está passando uma novela..."
A novela que a simpática vendedora assiste é Araguaia , produção da Rede Globo, e é apenas mais uma prova do interesse lusitano pelo Brasil. De fato, Portugal está aberto ao Brasil como nunca. Para entender basta ver alguns números. O gasto do turista brasileiro em Lisboa foi, em 2010, de 185,78 euros por dia em média, segundo Mario Machado, presidente da Associação Turismo de Lisboa (ATL), entidade criada para promover o turismo na cidade. Este valor é maior que o de qualquer outro turista estrangeiro (veja quadro) . Os brasileiros também têm uma boa média de utilização da rede hoteleira portuguesa, com três noites por pessoa. De janeiro a junho deste ano, o número de turistas com origem no Brasil que passaram pelo menos uma noite em Lisboa aumentou 21%, de acordo com a ATL, com mais de 280 mil pernoites.


Os motivos para uma visita à capital portuguesa são vários, mas vão muito além das atrações mais conhecidas como o fado ou um mergulho num ambiente de nostalgia romântica. Lisboa, que tem aproximadamente 500 mil habitantes, está cheia de turistas aproveitando, nesta época do ano, suas tardes ensolaradas e recebe todos os estilos de visitantes. A cidade é dividida em três áreas principais: a primeira delas aBaixa, que é a região mais antiga da cidade com prédios históricos e praças amplas. Nem todos os prédios estão em boas condições e há realmente um ar de decadência em muitos deles. A segunda é Belém, que já foi uma importante cidade, hoje anexada ao espaço urbano de Lisboa. E a terceira é o Parque das Nações, uma área completamente moderna criada originalmente para abrigar a Exposição Internacional de Lisboa de 1998 (Expo 98) e que depois foi ocupada por prédios modernos e mostra Lisboa com face bem contemporânea.


Suas noites são conhecidas pelas muitas opções de diversão e isso atrai jovens de toda a Europa. As tardes são propícias para caminhadas no Parque das Nações ou nas ruas e vielas da região Baixa, onde é possível encontrar praças muito bem recuperadas e conservadas - como a do Comércio-, bons restaurantes e locais de compras.


Belém, além do famoso pastelzinho, possui excelentes opções de visita, como o Mosteiro dos Jerónimos, prédio do século 16 no estilo Manuelino construído perto das margens do Rio Tejo. Uma obra monumental que levou quase cem anos para ficar pronta e carrega a marca de um Portugal dominante e altivo. O estilo Manuelino é marcado por formas rebuscadas e se iniciou no reinado de d. Manuel I, e é também conhecido como o gótico português tardio. Outro museu muito interessante é o Berardo, do lado oposto do Mosteiro dos Jerónimos. Com uma arquitetura contrastante com os prédios mais antigos, é uma excelente amostra de arte moderna e contemporânea. O prédio sozinho já é uma obra de arte.


No Parque das Nações, a atração principal é o Oceanário de Lisboa. Obra criada para a Expo98, um dos locais mais visitados de Portugal, rende homenagem aos quatro oceanos, o elemento físico que forjou o espírito português e o elevou ao status de nação dominante de então. O Oceanário é dividido em quatro partes, simulando o habitat do Atlântico norte e do Índico tropical, orlas costeiras do oceano Antártico e a floresta de algas gigantes de zonas temperadas do oceano Pacífico. Cada ambiente recebe um cuidadoso tratamento que lembra em forma e clima as diferentes partes do globo. Em cada um deles, a representação da fauna correspondente, como num zoo ao ar livre com aves marinhas, lontras e pinguins vivos. No centro do prédio há um gigantesco aquário, com 5 milhões de litros de água e espécies diversas dos mares: tubarões, arraias gigantes, polvos, crustáceos. Tudo dentro de um edifício com aclimatação controlada.


No quesito gastronomia, Lisboa é outra sugestiva referência. O tradicional bacalhau servido em postas generosas, assado na broa de milho ou frito na versão conhecida como patanisca é encontrado nos mais diferentes restaurantes para todos os tipos de bolso. Os preços são bem menos salgados que em outros locais da Europa. Em Lisboa, é possível encontrar um prato bem servido por 9 euros. Outro prato muito apreciado é o carapau. Há opções como a perdiz de Escabeche e a dobrada com feijão branco, servido com vinho tinto. Uma maravilha.


Os Pastéis

O pastel de Belém é um importante e obrigatório atrativo de Lisboa. Ele é produzido na Antiga Confeitaria de Belém, uma casa que serve outras iguarias, mas que é, obviamente, mais procurada pelos famosos pastéis. A casa, inaugurada em 1837, fica lotada o dia todo. É preciso enfrentar uma fila enorme para conseguir uma mesa e apreciar o pastelzinho, que custa 95 centavos de euro cada. Eles são comprados às dúzias pelos turistas. O tamanho é generoso e o sabor é agradável. Doce sem exagero e de textura macia. No entanto, pela natural ansiedade que se estabelece, dá pra ficar com uma sensação de que não é tão extraordinário. É servido com café, se preferir, e regado com canela em pó a gosto. Há outro “concorrente” em Portugal conhecido como pastel de nata. A diferença entre os dois somente um lisboeta identificaria. Para quem nunca experimentou nem um nem outro, o gosto é muito parecido. O de nata pode ser encontrado em muitos lugares: padarias, restaurantes e até no free-shop. O original pastel de Belém, somente na Antiga Confeitaria de Belém. A receita tem origem no Mosteiro dos Jerónimos e é um mistério guardado há anos. Em toda história da guloseima, o segredo foi sempre protegido e transmitido para pessoas que vão sendo substituídas conforme morrem. Atualmente, apenas três mestres confeiteiros conhecem esta receita. Na Confeitaria, pasmem, são vendidos 12 mil deles por dia. O Popular - André Rodrigues - De Lisboa, Portugal

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