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Leste Europeu

25052012

 


Roteiro das Capitais Imperiais da Europa é um grande passeio pela História da humanidade


 
Na aldeia de Grinzing, vioalino n o jantar de comidas típicas
 
Os brasileiros que já visitaram portais de entrada na Europa – como Portugal, Espanha, França e Itália – estão ampliando horizontes nas viagens de passeios. Segundo as agências de turismo, nos últimos três anos aumentou consideravelmente o número dos que desejam conhecer o Leste Europeu, principalmente capitais como Praga (República Checa), Viena (Áustria), Berlim (Alemanha), Bratislava (Eslováquia), Varsóvia (Polônia) e Budapeste (Hungria), que são chamadas Capitais Imperiais, com seus históricos marcados por guerras e superações, e que hoje compõem a União Europeia (UE).


São países que conservam seus centros históricos, com palácios, igrejas, museus, prédios residenciais e que hoje também mostram novas arquiteturas com a modernidade de edifícios, comércio e indústrias, largas avenidas, parques e lojas de grandes e famosas marcas do mundo da moda, móveis, indústrias e construções. O que é melhor: qualquer pessoa que não pertença a um país da UE tem no primeiro país de entrada o carimbo no passaporte e passagem pela alfândega – daí pra frente, não há exigência do documento até a saída pelo último país visitado.


O país da entrada da pessoa fica sendo o responsável por esse cidadão, pois, entre os 27 países da comunidade, não há controle de turistas nas fronteiras, assim como todos os cidadãos dos países membros da UE podem circular livremente entre eles. E a segurança de andar a pé pelas ruas a qualquer hora do dia ou da noite dá um gosto de liberdade. A melhor época de visitar a região é em outubro. E não se preocupe com os complicados idiomas – o inglês resolve bem em todos os países.


CAPITAL DA MÚSICA


Chamada de Capital da Música pelos grandes autores clássicos, Viena, capital da Áustria, é rica em programação de orquestras que fazem concertos de Mozart ou Strauss, no Palácio Imperial Schonbrunn, residência de verão da fascinante Elisabeth, a imperatriz Sissi (1830), casada com o imperador Francis Joseph da Áustria. Enquanto você aguarda o início da apresentação, é parte do glamour tomar café em ambiente de lustres de cristais e paredes decoradas divinamente.
 

Tem charme visitar e comprar adereços de cristais Swarosksy iguais aos da imperatriz na loja ali instalada. O palácio é palco ainda hoje de suntuosas recepções do governo austríaco, e foi residência de verão da dinastia de Habsburg por 600 anos, com seus imensos jardins que, na primavera, se enchem de tulipas em meio a estátuas de deusas. A Grande Galeria de Schõnbrunn tem afresco central de G. Guiglielmi, que impressiona pela riqueza dos detalhes na arte que vai das paredes ao teto.
 

A Áustria reverencia a Imperatriz Maria Teresa (1740), de personalidade enérgica, que enfrentou guerras, transformou Viena em metrópole importante, suprimiu tortura e outros rigores, reformulou e fundou escolas primárias, deu nova organização militar, desenvolveu as artes, transformando-se numa das mais queridas personalidades do país. É preciso também visitar o interior do Teatro Nacional, a Catedral de Santo Estevão, a Igreja de São Pedro, a Torre Giratória com vista da cidade, curtir 40 quilômetros de praias fluviais do Danúbio, fazer um passeio em carruagem puxada por cavalos brancos.
 

Ao final da tarde, vale a pena visitar a aldeia de Grinzing e degustar comidas típicas ao som de violinos e sanfonas. Tem a beleza dos Montes Alpes, com eternas neves. Suas terras agricultáveis têm atividade 100% mecanizada. Lagos e rios não têm poluição. Não há indústrias às margens das rodovias. Cerca de 2.350 milhões de euros foram aplicados em restaurações de monumentos. A Áustria se orgulha pela fama de ecologicamente correta.


O Centro Administrativo Federal, o Oktoneum, cuja construção foi concluída em 1986 em estilo pós-moderno, mas inspirado nas antigas artes egípcias e em motivos art-nouveau, tem no telhado escultura em aço representando as bandeiras dos nove Estados Federados da Áustria. Também chama a atenção o Hundertwasser-Haus (3º distrito Luwengasse) pelo programa social de habitação popular de Viena, um conceito de arquitetura que visa preencher as necessidades de moradia, com edifícios cujas fachadas mostram um colorido e estrutura diferenciados de tudo que já se viu sobre o assunto.
 

O cemitério também tem famosos: Mozart, Strauss, Schubert, Hydn e outros menos conhecidos por aqui. O Belvedere é um complexo construído pelo italiano Engenio de Savoia, militar importante e rico que construiu palácios e adquiriu obras de artes – morreu sem deixar herdeiros e hoje todos os seus ricos objetos e herança pertencem ao Estado.

 

 
Três monumentos da capital da República Checa: o relógio astronômico, a Igreja Menino Jesus de Praga e o castelo que foi moradia dos reis da Boêmia

A República Checa (desmembrada da Checoslováquia, que se transformou em dois países na história recente – a outra parte é hoje a Eslováquia) tem na capital Praga – a capital do império europeu – uma grande surpresa: é uma das capitais mais lindas da Europa, com sua arquitetura, beleza das praças, jardins, monumentos, igrejas e palácios. Conhecida como a Cidade de Ouro ou das Cem Torres, Praga foi capital do Império Europeu, fica nas margens do Rio Moldava, no coração da região da Boêmia.
 

É preciso conhecer o Castelo de Praga – antiga residência dos reis da Boêmia –, com a Catedral de São Vito, a Igreja de São Nicolau (onde são realizados concertos diariamente às 18 horas), a Igreja Menino Jesus de Praga com sua pequenina imagem milagrosa. Dentre as diversas pontes na cidade, a Carlos, construída em 1357, é a mais famosa, embelezada com estátuas dos séculos 18 e 19.


Ver e ser visto na Praça da Cidade Velha é tudo o que visitantes desejam. E é pra lá que todo mundo vai. É onde fica o famoso relógio astronômico de 1410, funcionando há 600 anos e que marca também as fases da lua e o calendário zodíaco. Dê uma pausa para ver as horas, cujo badalo faz todo mundo parar, pois as batidas no sino são feitas por um esqueleto, enquanto os 12 apóstolos de Cristo vão passando por uma janela. Imperdível.


Das comidas típicas, a carne suína é a preferida, mas o peixe é muito apreciado. A cerveja é a bebida nacional e fala-se que ali é o povo que mais consome cerveja por cabeça em toda a Europa. É servida em copos altos. Os cafés, sorveterias, restaurantes, lojas de cristais de Moser e porcelanas fina de Bohemia (ambos fabricados na cidade), de roupas, relógios de marcas, shoppings, é tudo ali junto da Praça da Cidade Velha. Vale um passeio de barco pelo Rio Moldava, com música ao vivo e almoço incluso, se desejar, apreciando a casa e hoje Museu de Franz Kafta.
 

Andar a pé é a maneira mais fácil de encontrar as pessoas, ver lojas, ouvir músicos nas ruas, se informar sobre o restaurante mais charmoso, o teatro, a apresentação de ópera, enfim. Instalada numa rua paralela à da praça, há uma feirinha permanente que vende porções de frutas como mirtilo, amora, cereja, morango e groselha. É sair pelas ruas se deliciando com essas guloseimas que não engordam. É só não olhar para as bancas de chocolates provocantes que pulam na frente da gente. Praga tem o único bairro judeu da Europa que sobreviveu ao holocausto, onde é possível visitar as sinagogas. A noite é uma criança e os jovens têm a sua disposição um sem-número de boates e pubs – a maioria com som ao vivo.

 Na terra de João Paulo II
 

Minas de Sal e museu em Auschwitz são alguns dos atrativos para quem visita a Polônia
 
Minas de Sal: esculturas datam do século 13
 
Da Eslováquia, o bom é seguir viagem por terra para a Polônia. Parada na cidadezinha de Waldovice, terra natal do papa João Paulo II, para visitar a bela igreja onde ele rezou sua primeira missa e a casa onde viveu. Os três locais mais visitados na Polônia são as Minas de Sal, Auschwitz e Chzestochowa.
As antigas Minas de Sal de Wieliczka são famosas pelos seus lagos subterrâneos e galerias repletas de estátuas esculpidas em sal. As minas foram construídas no século 13 e funcionaram até meados do século 20. A Capela de St. Antonio está a 100 metros de profundidade – ali ainda se rezam missas e há casamentos.


Auschwitz. Silêncio e respeito, pedem os guias. Um nome que por si já arrepia diante da matança em câmara de gás de pelos menos 6 milhões de pessoas, a maioria judeus. Foi o segundo maior campo de concentração, agora transformado em museu testemunho do Holocausto. Na entrada, a frase “Quem não conhece a sua história arrisca-se a voltar nela”. E por lá ninguém quer esquecer, diante das imagens impressionantes da realidade conservadas. Muitos não conseguem fazer todo o percurso do museu.


O roteiro indica a capital religiosa da Polônia, Czestochowa, um dos mais importantes santuários de devoção mariana no mundo, ao lado de Fátima e Lourdes. É imprescindível visitar o Santuário de Jasna Gora, onde se encontra a famosa pintura da Virgem Negra, milagrosa padroeira da Polônia. A imagem foi cortada por espadas de soldados durante a guerra e, por mais que se restaure, as marcas da violência voltam novamente.
 

Durante a 2ª Guerra Mundial, Varsóvia, a capital, foi praticamente destruída. A prisão Pawiak era o gueto dos judeus. Hoje, o museu dos judeus ocupa um quarteirão em construção significativa: é o Umschalagplatz. Em Varsória estão vários prédios antigos vazios que pertenciam aos judeus e que até hoje esperam por seus donos.


Guerras à parte, os poloneses reverenciam também seu cidadão Nicolau Copérnico, padre e estudioso que deixou grande legado à ciência e à astronomia. A Rua Novo Mundo é mais elegante da cidade, e as visitas passam pelo Palácio da Ciência e da Cultura. No parque e também museu Royal Lazienki, a reverência ao músico Frederic Chopin, orgulho polonês. Vale assistir apresentações musicais, inclusive por professores das escolas de músicas. No país inteiro não se fala alto, nem em pubs e restaurantes, onde não se vê sequer uma TV.

Fonte: O Popular - Maria do Rosário Mesquita - Especial para O Popular

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