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Cachoeira teve R$ 167 milhões em bens apreendidos

22/08/2012

 

Os procuradores da República Daniel Rezende Salgado e Léa Batista, que integraram as investigações da Operação Monte Carlo, prestaram depoimento, nesta terça-feira (21), aos parlamentares na CPMI do Cachoeira, que investiga a relação de Carlos Cachoeira com empresários e políticos.

O procurador Daniel Rezende afirmou que os bens do grupo de Cachoeira, sequestrados pela Justiça Federal, somam cerca de R$ 167 milhões. Ainda de acordo com o procurador, os bens estão apreendidos desde fevereiro, quando foi deflagrada a Monte Carlo,  a operação resultou, em fevereiro, na prisão de Carlinhos Cachoeira, apontado como chefe de uma quadrilha que explorava jogo ilegal em Goiás.

Segundo Daniel, há questionamentos na Justiça em relação ao sequestro dos bens, ele afirma que a única forma do material apreendido ser mantido sob a guarda da Justiça é o próprio Ministério Público Federal acelerar as investigações com relação à lavagem de dinheiro.

O procurador diz que parte das investigações foram prejudicadas devido ao vazamento de informações. O relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), questinou o caminho do dinheiro dentro da organização. Daniel explicou como os policiais recebiam o suborno. "Recebiam, na exploração de caça níqueis, determinados valores em cheque e encaminhavam para factorings. Essa factoring era responsável por ficar com 6% do valor do cheque e encaminhar (o restante) para a conta dos membros da organização criminosa e esse valor era refinanciado na empresa criminosa. Esse valor era reutilizado para cooptação dos agentes do estado. Eles falavam pejorativamente em 'assistência'.”, disse o procurador.

Delta
Daniel Rezende confirmou que há proximidade entre Cachoeira e a construtora Delta. "Sabemos que havia um contato muito próximo de Cachoeira com Cláudio Abreu [diretor da Delta no Centro-Oeste] e havia uma movimentação financeira partindo da Delta para laranjas ou de laranjas para a Delta", disse.

Questionado pelo relator da CPI sobre a atuação da Delta no esquema, o procurador reiterou: “Não posso chegar e colocar para os senhores esta percepção [lavagem de dinheiro]. Mas havia contato [da empresa com o esquema]. O senhor Carlos Augusto chegava a receber pessoas na sede da Delta, mas isto numa percepção muito inicial. Não conseguimos fazer nenhuma investigação na parte empresarial”.

Léa Batista
A procurada Léa Batista de Oliveira iniciou seu depoimento apresentando um resumo da investigação da Operação Monte Carlo. Segundo ela, os trabalhos começaram na cidade de Valparaíso, Goiás, no entorno do Distrito Federal. A procuradora também disse que foi vítima de uma tentativa de invasão da sua casa.

Segundo a procuradora Léa, a máfia associou servidores públicos das esferas municipal, estadual e federal. “É uma organização criminosa armada, complexa e organizada. Tem um código de silêncio orquestrado. Não se pode exigir do cidadão que colabore ativamente com o Estado. Entretanto, a postura dessa organização é típica das organizações criminosas de parâmetro mafioso. (...) Essa conduta ficou nítida aqui na CPI e na Justiça”, afirmou.

Léa Batista falou também sobre supostas ameaças que recebeu. “Eu recebi dois e-mails de caráter claramente intimidatórios. O segundo dizia que minha família corria risco. Já foram identificados. Vieram de Anápolis, reduto de Cachoeira. Uma mulher tentou entrar no meu prédio às 5h45 da manhã, dizendo ser empregada da família, mas o porteiro estranhou e não a deixou entarr. Essa tentativa de invasão está sendo investigada pela Polícia Federal. Minha equipe de segurança já foi abordada por PMs. Foi identificada uma marcação no carro que estava sendo usado para minha segurança”, disse.

Para Léa Batista, o grupo de Cachoeira ainda está ativo. “A organização criminosa não foi desarticulada e isto está claro por meio das ameaças e chantagens”, disse a procuradora.
Goiasnet.com

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