17/07/2010 

Dar beijinhos como nós brasileiros fazemos é algo muito exótico para os japoneses. Tão distante dos hábitos deles que virou tema de um curso universitário.

(Veja o vídeo da reportagem)

A aula acontece uma vez por ano e os alunos ficam sentados lado a lado para uma experiência inédita: beijar os colegas do jeito brasileiro.

Um encontro encontro "caloroso" entre duas amigas japonesas se resume a acenos, uma rápida reverência com a cabeça e mais nada. Nada de abraços, nem beijinhos. Elas ficam a meio metro de distância umas das outras.

Os japoneses estão entre os povos mais formais e tímidos do planeta. São assim até com a família.Uma das alunas conta que jamais beijou o pai dela. "Isso seria maluquice", diz ela

O curso é de relações internacionais. Quem mostra como é o beijo são seis alunas que aprenderam na prática no Brasil.

Primeiro, os alunos - alguns estrangeiros - aprendem a diferença entre os vários tipos de cumprimento. A reverência japonesa, o aperto de mão dos americanos.

Vem então a parte mais difícil: o beijinho brasileiro. "É assim", mostram duas alunas. "Atenção", explica uma delas, "não pode ficar longe. tem que chegar perto, encostar no rosto da outra pessoa."

A turma ri. Nervos a ponto de quase arrancar a pele, a menina se coça e beija o colega do lado. Outro casal dá beijos no ar! Se depender do desempenho, muita gente vai ficar em recuperação.

"Fiquei com muita vergonha", diz uma aluna, "É muito difícil beijar os meninos".

Mais uma tentativa, agora, com uma fila de beijinhos. Finalmente, a turma começa a se soltar.

O professor Daisuke Onuki, casado com uma brasileira, explica que dá essa aula porque aprender diferentes formas de cumprimento é uma das melhores maneiras de conhecer outras culturas. Mas diz que tem outro objetivo.

“Todos nós que gostamos do Brasil, gostamos daquele carinho, aquela vida assim bastante feliz. Eu gostaria que essa cultura do Brasil vigorasse aqui no Japão”, disse. “Beijar é a melhor coisa do mundo.”

As meninas que deram a aula contam para a turma que foram ao Brasil participar de um programa de ajuda a pessoas pobres. E aproveitaram para conhecer o nosso jeito.

“Um beijo, me liga”, dizem em coro. Pelo jeito, se tornaram especialistas.

Goiasnet.com/Jornal Nacional