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Dia mundial do câncer de mama, entrevista com Gilze Francisco

Dia mundial do câncer de mama, entrevista com Gilze Francisco

23/10/2010

Dia mundial do câncer de mama, entrevista com Gilze Francisco, criadora do site sobre câncer de mama mais relevante da língua portuguesa(www.cancerdemama.com.br) e fundadora e presidente do Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama, serviço pioneiro na América Latina, desde 2002.

Gilze descobriu que tinha câncer de mama aos 38 anos e enfrentou as adversidades impostas por essa condição com muita coragem e a certeza de que esses dias ruins passariam, por mais que insistissem em deixar o seu céu cinza. Hoje, dá palestras por todo Brasil sobre este e outros assuntos relacionados à saúde e qualidade de vida. É também apresentadora de um programa semanal na retransmissora da TV Educativa da Baixada Santista (www.santos,tv.br/umtoquepelavida).

Tivemos a oportunidade de fazê-la uma entrevista na qual nos conta um pouco da sua trajetória de vida de mãos dadas com o câncer de mama e como conseguiu superar a doença e refazer sua vida.

 

Como e quando você descobriu que tinha câncer?

Descobri aos 38 anos, a 11 anos atrás, através de um auto-exame corriqueiro. Como o realizava mensalmente, conhecia de modo profundo a anatomia das minhas mamas, e juntando o fato de ser enfermeira, logo senti do que se tratava.

Qual foi sua primeira reação e como você se sentiu?

Parei, literalmente, com a mão na minha mama, e um filme da minha vida passou na frente meus olhos. Senti-me apavorada, desesperada, achando que este seria o inicio do meu fim. É bom que fique claro que esta certeza só existia porque eu soube, na hora, distinguir aquela anormalidade das demais estruturas mamarias.

Minha primeira providencia foi procurar meu ginecologista e pedir que fosse solicitada uma mamografia. Estava em pânico, e ao ver a imagem através do negatoscopio, onde a técnica foi ver se a imagem tinha ficado boa, eu confirmei minhas poucas dúvidas.

Como foi recebida a noticia por seus familiares e amigos?

Em principio, todos ficaram incrédulos diante da possibilidade. Afinal de contas, eu era enfermeira, era eu quem socorria toda a família. Senti-me desacreditada, e o pior, algumas pessoas deixaram claro que eu estava querendo chamar a atenção, que não era nada tão grave assim.

Foi um grande choque por parte de todos, porque nessa época poucas mulheres tinham câncer tão jovens. Ao menos serviu para que a maioria das mulheres que eu conhecia correrem para seus médicos e cuidarem-se. Mas, contudo, devo ressaltar que, desde familiares até “amigos” fugiram desta minha realidade. Pouparam-se de falar comigo ou me ver. Hoje, vejo que isso acontece com freqüência, mas na época foi um pouco decepcionante. Só não foi pior porque não costumo esperar muito das pessoas.

Como foi seu tratamento? Quais foram as mudanças no seu corpo e na sua mente?

Meu tratamento foi mutilador e agressivo, assim como o câncer se apresentou em meu organismo. Fui mastectomizada, minha quimioterapia foi “pesada”, até porque tudo depende de vários fatores, como tipo de câncer e estagio do mesmo, idade (quanto mais jovem, mais agressivo), peso e altura (eu estava muito acima do peso), entre outros. Passei muito mal com as quimios, mas se tudo fosse oferecido à mim para viver um pouco mais, abraçaria do mesmo jeito. Foi minha salvação.

Quanto ao meu corpo, é muito difícil olhar-se no espelho e se deparar com olheiras profundas, engordando mais a cada quimio, sem uma das mamas, careca. Uma caricatura de mal gosto de quem fui um dia.
Mas minha mente só pensava que eu precisava me curar. Eu estava focada nisso 100%. Não me permiti desistir, apesar de muitos momentos de fraqueza e de desespero até.

Como você encarou ter que se submeter a uma mastectomia?
Chorei muito, mas desde o começo, por me conhecer e reconhecer como sou, sabia que uma cirurgia radical seria melhor que uma preservadora (para mim, que fique bem explicado).

O que essa cirurgia mudou na sua vida?

Tudo. Desde minha nova situação corporal, até estilo de vida e as cores que comecei a pintar meu novo mundo. Vi novas possibilidades, dei valor a outras, aprendi a conjugar o verbo RE (redimensionar, reavaliar, repriorizar, e outros “res”).

Qual é o seu conselho para aquelas mulheres que estão afrontando o mesmo problema atualmente?

Lutar, e nunca pensar em desistir. As pessoas que gostam de nós contam que façamos direito, com empenho, a nossa parte. De verdade, não temos o direito de desistir (apesar de tantas pessoas dizerem o contrário). Temos obrigação de dar a mão para a vida, e deixar para trás o estigma que vem com a palavra câncer. Estatísticas servem para serem derrubadas, e a palavra de ordem é VENCER.

Como era a Gilze há 11 anos atrás e como é a Gilze hoje?

Praticamente iguais, totalmente diferentes. Continuo estressada (mas com as coisas certas), continuo me preocupando demais com os outros (mas canalizo isso para quem merece, pricipalmente para quem tem câncer), entre outras coisas.

Hoje, Gilze é avó de um lindo menino, um neto que por muitas vezes pensou que não veria crescer. Gilze termina seu testemunho contando-nos que sente como se Deus a tivesse marcado para não perdê-la  de vista.

Sinto-me abençoada. Não me troco, apesar da passagem do tempo. Ganhei muito mais, perdendo para o câncer

Existem alguns hábitos saudaveis que ajudam a prevenir o cancer de mama. Veja também algumas recomendações INCA para reduzir esse tipo de câncer.

Leia mais em: http://www.lazerbeleza.com

Fernanda Guerzoni - fernanda@lazerblogs.com.br

 

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