04/01/2011

Um dos melhores programas de Buenos Aires é usufruir de suas áreas verdes. Nessa época quente na região, o passeio é ainda mais recomendável

Quem vai a Buenos Aires costuma procurar as atrações turísticas mais badaladas da cidade, como os shows de tango, restaurantes e cafés, pontos turísticos, as lojas com promoções irresistíveis. A capital da Argentina, porém, oferece um programa praticamente gratuito e muito agradável. A cidade está repleta de grandes parques e praças lindíssimas, bem cuidados, limpos e recheados de atrações culturais. Muito verde que existe por conta de seu projeto urbanístico, que privilegia os bulevares, as áreas de convívio e espaços para diversão ao ar livre, tudo influenciado pelo estilo francês, que pode ser visto por todos os lados.

 

Vale a pena bater perna pelos parques e praças de Buenos Aires. O maior deles é o gigantesco Parque Três de Febrero, carinhosamente apelidado de Praia Portenha. Ali, o projeto paisagístico possibilita que as pessoas aproveitem o espaço. Nos domingos e feriados, muitas das largas avenidas da região são fechadas e o asfalto se torna o paraíso de skatistas, ciclistas e patinadores. Não há a proibição de pisar na grama.

 

Deitar e rolar

A grama ali é feita para pisar, deitar e rolar. Famílias fazem piquenique, amigos marcam encontros, vizinhos se socializam no espaço. Grandes lagos ajudam a compor uma paisagem para lá de aconchegante. Há também charretes que fazem pequenos circuitos na área verde. O acesso é excelente, com muitos pontos de táxi, linhas de ônibus e estações de metrô próximas.

 

Situado na região do bairro de Palermo, o mais elegante da cidade, o Três de Febrero fazia parte de uma grande propriedade rural. Com o crescimento de Buenos Aires, a área foi sendo urbanizada e diminuiu, mas ainda conservou um tamanho para lá de generoso. Fundado em 1875, é o principal pulmão de Buenos

 

 Aires, agregando áreas e praças onde estavam as sedes dos governos argentino e da capital.
O paisagista francês Carlos Thays imprimiu sua marca no projeto definitivo do parque, criando um lago de regatas e áreas para diversos monumentos. Há no espaço, por exemplo, trabalhos assinados pelo escultor francês Auguste Rodin. No parque, há um rosedal, com várias tipos de flores raras, e um acervo de 5 mil espécies da flora de diversas partes do mundo. Muitos animais também circulam pelo amplo espaço.

 

Jardim Japonês

 

O parque se estende por vários quilômetros e se integra com outras áreas verdes de Buenos Aires. Quem sai do Jardim Zoológico, por exemplo, se depara com uma das principais entradas do Três de Febrero. Nele estão, por exemplo, o Planetário Galileu Galilei, uma das grandes atrações educativas da cidade. Um dos cantinhos mais bonitos é o Jardim Japonês, estrutura presenteada a Buenos Aires pela comunidade nipônica da Argentina.

Com pontes estilizadas, bonsais, cerejeiras, museu, biblioteca, muitas flores e carpas imensas, o local é um colírio. Lá dentro, os visitantes podem comprar mudas de plantas típicas, arranjos e outros objetos orientais de paisagismo, além de fazer cursos na área. Bem perto dali fica o Museu de Arte da América Latina, o Malba, que possui enorme acervos de obras de artistas do continente.
Em suas paredes estão telas de grande valor, como o Abaporu, principal quadro da pintora brasileira Tarsila do Amaral. Há também trabalhos de Cândido Portiniari, Botero e Frida Khalo

 

Domingo na Recoleta

O Parque da Recoleta é um dos mais antigos da capital portenha e um dos melhores para se estar. Aos domingos, uma feira de artesanato e roupas faz a festa dos turistas, que pode adquirir todo tipo de lembrancinha a preços bem em conta. Shows ao ar livre de artistas locais e apresentações de tango debaixo das frondosas árvores também atraem muita gente, que se espalha em grupos ou em casais pela grama e nos numerosos bancos do lugar. Há também a opção dos cafés do entorno, um convite a saborear deliciosos chocolates quentes e sorvetes.

 

A Recoleta fica em frente à área em que estão a Faculdade de Direito, um majestoso edifício em que são constantes as intervenções artísticas, e da Rosa Prateada, enorme monumento futurista em formato de flor que abre com a luz solar e fecha suas pétalas de aço à noite. Ali também fica o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, detentor de grande acervo, principalmente de pintores impressionistas.

 

O que chama a atenção é que boa parte da cidade foi pensada para os pedestres e não só para os carros. Estacionamentos subterrâneos ajudam a não tumultuar as vias públicas e dão conforto aos usuários. As largas avenidas fornecem acesso rápido e facilitado aos visitantes, mas as alamedas e passarelas dão comodidade e segurança a quem deseja curtir um passeio ao ar livre. A grama é bem cuidada e não se vê titica de cachorro espalhada, apesar de eles dominarem a paisagem.

 

É muito comum ver passeadores de cães em ação por Buenos Aires, conduzindo verdadeiras matilhas com até 15 animais. Nas praças, há até espaço reservado para os bichos de estimação, em que eles podem brincar livremente dentro de áreas cercadas. E seus donos estão sempre com um saquinho plástico à mão para recolher os dejetos. São mesmo muitos os exemplos que devemos tirar dos nossos hermanos.

 

Arca de Noé

Um bom Zoológico faz muita falta a quem deseja ter um programa divertido e educativo com as crianças. Basta visitar Buenos Aires para se lembrar disso, ainda mais se o turista for de Goiânia, cidade que convive com a vergonha de ter um zoológico que se transformou em cemitério de bichos e que está fechado há um ano e meio e sem previsão de reabertura. O zoológico da capital argentina não tem nada de luxuoso, não possui animais muito exóticos, mas cumpre muito bem seu papel de lazer e entretenimento.

 

Nos finais de semana e feriados, a garotada e seus pais tomam conta do amplo espaço, cheio de animais de todas as partes do mundo, acomodados em recintos amplos e que tentam reproduzir o hábitat natural de cada um. Uma das coisas bacanas do lugar é que o visitante pode comprar em barraquinhas do próprio zoo, por poucos centavos, saquinhos de amendoim e outros alimentos próprios para os animais e dar comida às atrações.

 

Elefante exibido

 

Os bichos já estão acostumados com essa dinâmica e adoram ser afagados com presentinhos saborosos. O zoológico construiu pequenas rampas de madeira para que as crianças joguem o alimento a lhamas, bisões e antílopes. Há um elefante exibido que faz pose para ganhar seus amendoins. Como se fosse um animal de circo adestrado, ele brinca com a plateia e recebe o pagamento.

As girafas também adoram interagir e esticar o pescoção bem perto do pessoal que não para de tirar fotos. O local tem grandes felinos. Um exuberante tigre siberiano gosta de brincar na grama e, protegido por uma parede de vidro espesso, o público fica bem perto do animal. O casal de leões albinos é mais preguiçoso e, quando está deitado, fica quase invisível junto ao chão.

A cela do casal de rinocerontes - na verdade, uma espécie de curral enorme - é um dos lugares mais visitados, apesar da pouca simpatia dos moradores. O ursos são igualmente muito procurados pelo público, principalmente o grande representante do Ártico. O urso polar de Buenos Aires é imenso e parece um tanto estressado, já que não para de roer suas garras.

A National Geografic montou um estande no parque, onde o visitante pode ver os répteis e os anfíbios, com todas as informações sobre os animais. Para entrar no local, é preciso comprar um passaporte completo das atrações, que custa 7 pesos (R$ 3,50) a mais que o ingresso comum. Esse passaporte também dá acesso ao aquário. Os bichos menores, como pássaros e alguns roedores, vivem soltos no parque, em integração com o público.

 

No jardim e nas praças

 

Ao lado do Zoológico, o Jardim Botânico de Buenos Aires é um lugar especialmente bonito e ótimo para descansar a mente. Muito verde, ar puro e passarinhos cantando. Nem parece que o espaço fica encravado numa das regiões mais populosas da cidade. Seu tamanho não rivaliza com o do Jardim Botânico do Rio, por exemplo, mas não precisa. As plantas trazem informações sobre a espécie e por todo o parque existem esculturas de arte. No centro do lugar existe um centro de estudos da flora. O Jardim Botânico é um dos destinos preferidos de quem quer tranquilidade para conversar, ler um jornal ou um livro ou deseja ficar sozinho pensando na vida.

Os argentinos e os turistas adoram as praças de Buenos Aires tanto quanto os parques da cidade. A principal delas, a Praça de Maio, onde está a Casa Rosada, sede do governo, a catedral e outros edifícios históricos e monumentos, vive cheia de gente até altas horas da noite. Seguindo pela Avenida de Maio, atravessando a bela Avenida 9 de Julho, que tem seu traçado e projeto paisagístico inspirados na Champs-Élysées, de Paris, chega-se à Praça do Congresso. Lá é possível comer em todo tipo de restaurante, bons e ruins, e ver uma réplica de O Pensador, de Rodin.

SERVIÇOS

Jardim Japonês
(Av. Figueroa Alcorta com Av. Casares, Bairro de Palermo) Aberto todos os dias, das 10 às 18 horas. Ingressos a 3 pesos (R$ 1,50) em dias úteis e a 4 pesos (R$ 2) nos finais de semana e feriado.

Zoológico de Buenos Aires
(Av. General Las Heras com Av. Santa Fé, Praça Itália, Palermo) Passaporte geral: 22 pesos (R$ 11), com direito a visita ao serpentário e aquário). Entrada comum: 15 pesos (R$ 7,50); menores de 12 anos não pagam. Horário de funcionamento: todos os dias, das 10 às 18 horas.

Museu de Arte Moderna de Buenos Aires
(Av. San Juan, nº 350, Recoleta) Aberto todos os dias, de segunda a sexta, das 12 às 19 horas, e sábados e domingos, das 11 às 20 horas. Ingresso sinmbólico a 1 peso (R$ 0,50), com entrada franca às terças-feiras.

Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba)
(Av. Figueiroa Alcorta, Palermo) Aberto de quinta a segunda, das 12 às 20 horas. Às terças, aberto das 12 às 21 horas. Às quartas, fechado. Entrada a 20 pesos (R$ 10), com meia-entrada para estudantes.


Fonte: O Popular - Rogério Borges, de Buenos Aires

Foto: http://argentinastravel.com/