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Meu filho já não quer mais brincar e agora?

Meu filho já não quer mais brincar e agora?

31/08/2012

Adriana Iassuda, dá dicas aos pais de como lidar com a entrada precoce de seus filhos na adolescência

 

“Mãe estou ficando com um garoto”. Nos dias de hoje essa frase se tornou muito comum entre meninas que mal acabaram de sair da infância, o que demonstra que a garotada de hoje começa a pensar em namoros, ficadas, maquiagens e outros assuntos do gênero cada vez mais cedo.

A entrada precoce na fase da adolescência é algo que tem progredido rapidamente na sociedade. Diante deste fato somos obrigados a nos perguntar: Serão os pais os grandes responsáveis por esse fenômeno em razão da forma como educam seus filhos? E quanto à mídia? Qual o grau de responsabilidade que ela tem neste quesito? Adriana Iassuda, Cordenadora Pedagógica do Colégio Itatiaia, esclarece algumas informações a respeito.

Para Adriana, a rapidez com que as informações circulam permitindo que crianças tenham acesso a temas e notícias que antigamente não estavam à disposição delas tem contribuído e muito para que saiam da fase da infância cada vez mais cedo. Ela afirma que a mídia é uma das colaboradoras para a existência de tal fenômeno, mas que os pais devem estar atentos em como conduzir e não simplesmente se renderem aos apelos midiáticos, além de tentar justificarem suas atitudes responsabilizando somente os meios de comunicação.

Algo que também pode contribuir para a saída precoce da infância é o medo das crianças de não serem aceitas por determinados grupos em que outras já conversam sobre assuntos da adolescência e optam por escolher amizades que tenham o mesmo comportamento. “Realmente além da mídia, outro fator que influencia bastante é o grupo, porém, neste período de pré-adolescência isso é bem mais fácil de se contornar, pois a opinião dos pais ainda é mais importante. O que observo às vezes é que quem fica mais incomodado são os pais, quando seu filho não está ‘igual’ ao grupo” ressalta Adriana.

É muito comum que nos dias de hoje os pais se deparem com suas filhas de sete, oito ou nove anos de idade já dando preferência às maquiagens do que às bonecas. Mas para Adriana esse comportamento não necessariamente significa uma entrada precoce na adolescência, já que as mulheres de hoje também chegaram a brincar com as maquiagens de suas mães. “O fato é que a maneira como isso é conduzido é que pode levar a esse processo de ‘adolescência precoce’, ou seja, a supervalorização e de repente algumas colocações (‘nossa que gata’, ‘os meninos vão adorar’, etc) isso é que deve ser repensado”, complementa a coordenadora.

Também é comum que algumas meninas desta faixa etária larguem seus brinquedos e já despertem interesse por ficar ou namorar. Para Adriana é importante que neste momento os pais deixem claro que eles sabem o que é melhor para suas filhas, que não é deixando de brincar que elas serão melhores do que outras, que é essencial mostrar a importância das brincadeiras e, se for preciso, brincar juntamente com elas. “É relevante que os pais estejam junto com suas filhas e criem situações de jogos e brincadeiras, além de mostrarem a elas que tudo tem seu tempo e que no momento adequado maquiagem e garotos vão fazer parte da vida”.

Portanto é importante que os pequenos percebam quão gostosa e relevante é a fase da infância para o crescimento e porque é mais adequado viverem cada período no momento certo. No Colégio Itatiaia, segundo a coordenadora, os educadores mostram a importância do brincar não só pelo brincar, mas também para o desenvolvimento e aprendizagem “Até o 5º ano temos na nossa rotina o ‘Dia do Brinquedo’, em que os alunos trazem de casa seus brinquedos e compartilham com os colegas. Nossa sala do integral tem uma jogoteca, onde as crianças têm livre acesso”, comenta.

Ela diz que o comportamento observado nos alunos do colégio entre 7 e 10 anos é realmente de criança, já que a maioria estuda em tempo integral e a proposta da instituição é proporcionar um ambiente adequado para a faixa etária. “É claro que não colocamos as crianças numa redoma e simplesmente impomos que elas sejam crianças, porém incentivamos muito que elas aproveitem bastante esse momento sem deixar de se conectarem com o mundo lá fora”, afirma Adriana.

Para a coordenadora do Colégio Itatiaia a forma mais adequada dos pais lidarem com a entrada precoce de suas crianças na adolescência não é através do controle sobre elas, mas sim estar a par do que acontece ao redor dos filhos. Para ela o controle sobre as crianças é algo momentâneo já que, diante dos pais, elas até agem da maneira que eles desejam, mas logo em seguida retomam o comportamento anterior. “O importante é que os pais passem valores, sejam o exemplo, acreditem e não desistam por ser o caminho mais fácil”, conclui.

Adriana Iassuda é coordenadora pedagógica
www.colegioitatiaia.com.br
Mariana Mascarenhas / lucky@luckyassessoria.com.br

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