O Papel dos Pais na Construção da Responsabilidade nos Filhos
Volta
às aulas. Pais preocupados. Como
será o resultado de um ano letivo? O que fazer com meu filho irresponsável?
Sabemos que o papel dos pais na vida de
um filho é único. O espaço destinado ao pai ou à mãe é algo singular na
vida de qualquer ser humano.
O papel de pai e de mãe exige primeiramente
uma reflexão. O filho não solicitou sua existência aos pais, ao contrário,
por ação divina concretiza-se na vida de um novo ser, o terceiro de uma
relação. Começa nesse entendimento, um processo de responsabilidade.
Mesmo que haja uma separação conjugal, o papel dos pais mantem-se inalterado.
Não existe portanto, ex-pai ou ex-mãe, embora exista ex-marido ou ex-mulher.
Entendemos com papel, o desempenho, a função, as atribuições de pai e
de mãe.
O papel de pais exige amor e não é uma
relação de amizade. Amigos se têm muitos, em várias fases da vida e em
diferentes locais. Pai se tem só um. Mãe é mãe e amiga é amiga. A amizade
pode mascarar os papeis ou anulá-los.
O papel de pais exige diálogo conjugal,
afinal a resposta dada a um filho deve ser uma resposta única, fruto de
um prévio diálogo conjugal. Pai e mãe são cúplices na missão de formar
um ser humano. A cumplicidade não deve existir apenas no encontro de um
óvulo com um espermatozóide. Uma vez concretizado esse encontro, as respostas
devem chegar ao novo ser de uma só forma. Filho é muito mais que uma bola
de ping-pong.
Em alguns momentos, esse papel pode parecer pesado demais ou quem sabe,
um amontoado de dúvidas e incertezas. A perfeição não faz parte da realidade
dos pais; por isso se faz necessária uma orientação por um profissional,
uma busca incessante de informações, quer sejam por uma bibliografia vasta,
ou até pelos modernos meios da internet.
Como criar um filho responsável? Eis uma
indagação própria de quem já ousou ser pai ou mãe. Em primeiro lugar,
ter claro na mente que essa responsabilidade se constrói, forma-se, edifica-se,
institui-se durante toda a infância. Construir requer tempo, meses, anos.
Construir é diferente de adquirir pronto. Construir é deixar pronto para
uso.
Como será que os pais estão deixando os filhos "prontos" para a vida em
sociedade? Qual é o caráter dos filhos que estão sendo construídos? Quais
são os valores passados a esses filhos? Qual é o material utilizado na
construção desses filhos? Será que esses filhos estão sendo construídos
na massa da honestidade, da fraternidade, da solidariedade, da partilha,
da aprendizagem, do trabalho?
A responsabilidade constrói-se através
do anos da infância. Vendo responsabilidade como sendo a qualidade de
responder pelos próprios atos, entendemos o porquê da necessidade de se
fazer uma criança guardar os brinquedos que utilizou, dar descarga após
o uso do sanitário, cuidar do amigo que se machucou após ter levado um
empurrão seu no recreio, etc, etc, etc.
Outro aspécto relevante nessa construção
da responsabilidade é a questão da auto-estim. Se a criança se sente responsável
por alguma tarefa, realiza-a por si só e sente-se capaz de realizá-la
novamente. Está sendo movida por uma auto-estima elevada, confiante no
seu potencial.
Da mesma forma, se a criança precisa de
auxílio para todas as atividades e não se sente responsável por nenhuma
tarefa, mesmo que seja arrumar a mesa para o almoço, colocar o lixo na
rua, ou arrumar seu próprio quart, essa criança provavelmente crescerá
com o sentimento que precisará sempre de uma força externa, de outro alguém
que não ela, para resolver suas situações.
Ainda um outro aspecto çda responsabilidade é a questão da recompensa.
Não há reconpensa para quem cumpriu uma responsabilidade. Ser aprovado
na escola é uma obrigação do aluno saldável e nã um meio de ganhar uma
bicicleta. Pois se assim o fosse, de que valeria o saber? Ser responsável
é respeitar os outros. É ter consciência de que vivemos em comunidade.
Se não devo buzinar em frente a um hospital é por respeito às pessoas
que estão vivenciando momentos de dor naquele local. Buzinar significa
não ser responsável pelos próprios atos, uma vez que prejudica a outros
e não a mim.
Uma outra questão importante na construção
da responsabilidade é a necessidade de frustrações. Frustar-se faz parte
da vida humana. O ser humano que é constantemente poupado pelos pais a
enfrentar uma situação de frustração sofrerá muito na vida adulta.
Imaginemos um bebê que quis se utilizar de um copo de cristal, ouviu não,
chorou e ganhou o copo. Pronto! O caminho para se conseguir as coisas
desejadas é através da birra. Na vida adulta quando depara-se com situações
como doenças ou outras limitações constantes na vida, entrega-se à frustração
como se ela fosse o único aspecto de sua vida. Não consegue vencê-la simplismente
porque nunca a vivenciou antes. O que era uma gota transforma-se rapidamente
em oceano.
A vida é um constante desafio. Formar a
responsabilidade nos filhos é vencer esse grande desafio. Filho é aquele
que vem de, que é descendente, oriundo. Formar um filho responsável é
formar um aluno responsável, um funcionário responsável, um chefe responsável,
um pai responsável.
A tarefa á árdua, mas é dos pais! Se eles construíram a própria responsabilidade,
saberão construir nos filhos. Se não a construíram, talvez seja hora de
buscar ajuda com um profissional psicopedagogo! Caso contrário, a reprovação
poderá marcar a vida do filho e de toda a família.
Fonte: Jornal Psicopedagogia
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