Mundo Mulher

Vou ser mãe: como lidar com a situação?

04/05/2012

Ramy Arany

 

Na vida de uma mulher o “positivo” de um teste de gravidez é uma força de precipitação que muda por completo sua visão de vida, seus sentimentos, seus pensamentos, sua motivação, suas emoções, sua maneira de se relacionar consigo mesma e com o outro, seu corpo, sua autoestima, sua autoimagem, em fim, sua consciência, havendo uma transformação imensa envolvendo tanto seu universo interno quanto seu universo externo.

O tomar a ciência de que existe um ser, de ínfimo tamanho existindo e crescendo dentro de si, já é o suficiente para dar início a todas estas transformações que, com o passar do tempo, vão se encaminhando para uma consciência da gravidez.


Isto proporciona à mulher uma condição de novas descobertas sobre si mesma, bem como sobre o ser mãe. É fundamental que a mulher se sinta acolhida e apoiada pelo companheiro, se houver, pelos familiares, mas também, ser acompanhada clinicamente todos os meses, através do pré-natal.
 

Dependendo das situações que envolvem a gravidez e de acordo com sua individualidade, a mulher pode se sentir feliz, segura, realizada, completa, como também, pode se sentir com medo, insegura, triste, desesperada chegando até não saber como lidar com a situação de estar grávida. Há casos que envolvem situações de saúde, outros que envolvem situações emocionais, outros que envolvem situações familiares, profissionais, de relacionamentos, financeiras, sendo que neste momento, sejam quais forem as situações, elas devem ser acomodadas para que a mulher possa ter uma gestação segura e feliz. É importante que a mulher aceite e acolha a gravidez, compreendendo que, neste momento, as dificuldades não devem ser valorizadas para que haja maior fluência e amor por este momento.


O início da gestação geralmente trás uma sensação de que tudo aconteceu de forma muito rápida, embora possa parecer que nada esteja ocorrendo, pois a mulher pouco sente fisicamente a presença do ser que está gestando, tendo até dificuldade para acreditar que realmente se encontra grávida. Algumas sentem sintomas físicos que provocam certos desconfortos, o que por outro lado as fazem lembrar de que se encontram grávidas. No primeiro trimestre existe ainda uma acomodação entre mãe e bebê, pois afinal são dois seres convivendo num mesmo ambiente físico, através do útero materno.


Desta forma, a mãe necessita compreender e aceitar que um universo de transformações se encontra acontecendo dentro de seu corpo, lhe trazendo sensações até então nunca sentidas. Já no segundo trimestre a tendência é a diminuição dos sintomas ou o desaparecimento destes; a barriga está mais crescida e a mulher começa realmente a acreditar que se encontra grávida; assim, inicia uma maior comunicação com o bebê, tendo também maior percepção de sua presença. Neste ponto, a futura mãe já tem condições de transmitir seu amor e segurança ao bebê, para que ele sinta que é acolhido, amparado, querido e bem vindo. Toda a estranheza do início agora é transformada em proximidade e intimidade entre mãe e bebê. Não se deve esquecer de que a presença do pai quando este é existente é muito importante na relação com o bebê, pois este também sente a presença paterna.


É também importante que a mulher seja consciente que se encontra gestando um ser e, que esta é sua maior missão, pois ser mãe é ser canal para o nascimento de um ser sendo, portanto, a prioridade na sua vida. Nada é mais importante do que preservar a harmonia da gestação e para isto terá que ser bem firme consigo mesma, no propósito de aceitar que não tem condições de manter sua agenda e tudo o que está acostumada a fazer no mesmo ritmo e intensidade como era antes de estar grávida.

Evidente que gravidez não é doença, porém tem suas necessidades, cabendo à futura mãe sustentá-la de forma a que chegue bem até o momento do parto. Muitas mulheres, contudo, se descuidam neste período e continuam a manter o ritmo que sempre tiveram, priorizando suas agendas, seus empregos, compromissos sociais em detrimento da gestação, ocasionando muitas vezes alguns “acidentes de percurso” que poderiam ser evitados se houvesse um pouco do cuidado necessário.


O final da gestação é um período muito delicado, pois a mulher se encontra pesada, com o ventre bem expandido, sentindo alguns incômodos e, principalmente, ansiosa pelo nascimento do bebê, necessitando assim, de um pouco mais de repouso e maior diminuição de suas atividades. Não adianta querer ser uma “super grávida” e teimar em mostrar que se encontra bem, como se não estivesse grávida, pois esta teimosia pode causar interferência no parto e maior cansaço no pós-parto, dificultando até os cuidados com o bebê. É importante descansar em casa e para isto existe a licença maternidade que lhe dá o direito a isto. Neste período é normal que a mulher sinta insegurança sobre o momento do parto e a preocupação com o bem estar do bebê e a expectativa dele nascer bem.


Outro ponto muito importante e sério é a questão da escolha do tipo de parto. Hoje é comum o direcionamento para que o parto seja cirúrgico ao em vez de ser normal ou natural. As estatísticas mostram o alto índice de cesarianas no Brasil, o que indica a falta de incentivo às mulheres para optarem pelo parto normal; há depoimentos de gestantes que falam que foram orientadas para fazerem cesariana, por ser um parto mais confortável, onde se pode marcar dia e hora e também, porque exige menos sofrimento para a mãe. Penso que não tendo nenhuma observação médica sobre algum tipo de impedimento que interfira no andamento do trabalho de parto normal, somente a mãe é que pode realmente decidir o que ela sente que é melhor para si mesma quanto para o bebê, necessitando ser respeitada na sua escolha.


A mãe deve se preparar com harmonia para este momento e para receber seu filho, que a partir do nascimento também lhe traz a oportunidade de nascer como mãe, bem como de um novo ciclo na sua vida. Com a presença do bebê na sua vida e como uma mãe recém nascida, muitas transformações novamente se encontram ocorrendo, o que exigirá aceitação e paciência para que haja harmonia entre mãe e filho; é comum logo após o parto que a mãe sinta certa estranheza na sua relação com o bebê, pois ela ainda mal crê que ele saiu de dentro de si. É um momento também delicado, pois muitas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo necessitando de calma e tranqüilidade, bem como do apoio de todos os envolvidos.


Porém, o tempo passa rápido e num instante a mãe estará completamente adaptada e acomodada em seu novo ritmo de vida bem como ao bebê, que agora também já está mais acostumado com a presença materna, paterna e das pessoas em geral. No final, a chegada do bebê, após a grande maratona de nove meses, faz valer à pena o “positivo” que muda completamente a vida de uma mulher.


Ramy Arany – co-fundadora do Instituto KVT e do Instituto KVT Desenvolvimento da Consciência Empresarial é Assistente social, Escritora dos livros Eternamente Ísis – O retorno do feminino ao Sagrado e Visão Gestadora – A visão em teia. Terapeuta comportamental, na linha da consciência. Especialista na Liderança feminina e na consciência feminina, relacionamentos e maternidade. É também palestrante nestas áreas.
Site: www.kvtfeminino.com / E-mail: ramyarany@kvt.org.br

Natália - kvtcomunicacao@kvt.org.br

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