Eles estão invadindo aos poucos as prateleiras dos supermercados. Trata-se dos alimentos funcionais. Na aparência são semelhantes aos outros, mas diferem por ter compostos, chamados bioativos, que reduzem o risco de ocorrência de doenças, como as do coração.

Caracterizados por terem propriedades saudáveis, esses produtos são a nova vedete da indústria alimentícia, que está investindo pesado nessa área. Afinal, estima-se que possa movimentar cifras acima dos bilhões de dólares.

O bioquímico Franco Lajolo, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, é um grande conhecer do assunto. Lajolo explicou o conceito de alimento funcional e citou exemplos de substâncias que vêm sendo estudadas devido a suas propriedades benéficas à saúde, como o licopeno - composto presente no tomate que pode "barrar" certos tipos de câncer, como os de próstata e o de pulmão. 

Lajolo também é um dos membros da Comissão Técnica de Alimentos do Serviço Nacional de Vigilância Sanitária. Sobre as pesquisas na área de alimentos funcionais no país, ele reconhece que as pessoas começaram a se interessar pelo assunto agora. "Há ainda poucos trabalhos".

Segundo afirmou, uma pesquisa na USP está avaliando a ação redutora do licopeno e de outros carotenóides em ratos, nos quais foi induzido, por meio de substâncias cancerígenas, um tipo de câncer no fígado. 

Outro trabalho que vem sendo desenvolvido, adianta, estuda a composição das fibras e pretende verificar os seus efeitos biológicos - por exemplo, se auxiliam a digestão. "Uma tabela está sendo preparada para quantificar a presença de compostos bioativos em frutas e vegetais. Todas estão ainda em andamento."

Esses alimentos são aprovados por um corpo científico oficialmente indicado. Conforme explica o bioquímico, passam por uma avaliação de risco e de segurança. "Deve haver também um relatório técnico-científico, com evidências aplicáveis à comprovação de segurança e às alegações funcionais. É proibido colocar no rótulo que o alimento cura ou previne doenças", esclarece.