30/03/2010

 *Vanessa Gallo

A globalização e os avanços tecnológicos modificaram o padrão de vida das pessoas, tornando os seres humanos nitidamente mais sedentários e com uma alimentação muito pobre do ponto de vista nutricional. O acúmulo de atividades diárias e o aumento na disponibilidade de produtos rápidos e prontos para o consumo, conhecidos como fast-foods, foram alguns dos fatores da crescente incidência de doenças cardiovasculares, obesidade, dislipidemias e câncer, além de cansaço, depressão e estresse. No entanto, vemos crescer o interesse das pessoas por produtos diet/lights, orgânicos e funcionais, na busca de aliar praticidade e saúde.

Com o intuito de prevenir essas doenças, e com essa maior conscientização da população acerca dos perigos de uma vida sedentária e da má alimentação, a indústria alimentícia tem investido milhões em produtos para a promoção da saúde, como os funcionais. Os alimentos funcionais, por definição, são alimentos consumidos na forma de alimento comum, mas que trazem benefícios específicos para a saúde, como a prevenção de doenças e a melhora do bem-estar, graças à presença de ingredientes fisiologicamente saudáveis.

Alimentos com propriedades benéficas para a saúde sempre foram conhecidos e utilizados em diversas culturas desde os tempos mais remotos. No entanto, a baixa incidência de doenças em alguns povos chamou a atenção para sua alimentação, aumentando o número de pesquisas e de investimentos nesse sentido.

Segundo a Associação Brasileira de Indústria de Alimentos (ABIA), o setor de alimentos funcionais em 1999 foi calculado em torno de US$ 32 bilhões, chegando a US$ 60 bilhões em 2005, com taxa de crescimento anual em torno de 11%. Para se ter uma idéia do crescimento desse setor, nos EUA, na década de 80, o extrato de soja teve um faturamento de US$ 2 milhões, sendo que em 2006 os alimentos enriquecidos com soja somaram US$ 2,5 bilhões no mesmo país.

Enquanto o mercado de alimentos cresce em torno de 3% a 5% ao ano, o mercado de alimentos funcionais cresce ao ritmo de 10% a 15%. Uma pesquisa feita nos EUA mostrou que 80% dos entrevistados consomem ou têm interesse em consumir alimentos que tragam benefícios para a saúde.

Os alimentos fermentados são uma gama importante do setor de alimentos funcionais. A exemplo disso, as vendas de um iogurte fermentado adicionado de bactérias da empresa líder mundial nesse segmento aumentam cerca de 40% ao ano.

O processo de fermentação de alimentos para preservá-los e torná-los mais nutritivos e digeríveis é tão antigo quanto a humanidade. Há milhares de anos, o ser humano tem desfrutado o sabor e a nutrição resultantes da ação de seres microscópicos. Esses alimentos são um poderoso auxilio para a digestão e proteção contra doenças. A população oriental consome soja e seus derivados, como os fermentados de soja, há mais de 2000 anos, e esse consumo é associado à menor incidência de certos tipos de câncer e a maior longevidade e qualidade de vida daquela população.

Na Europa, foi desenvolvido um produto fermentado a base de gérmen de trigo que foi registrado como alimento medicinal pelos europeus e americanos, ou seja, um alimento com efeito na saúde e que é também muito utilizado no EUA como suporte a diversas patologias.

Desde 1930, a empresa Yakult comercializa seu leite fermentado que se tornou sinônimo da empresa e que é amplamente consumido em todo o mundo, com o intuito de proteger e estimular o funcionamento intestinal.

No Brasil, o AferBio, um fermentado em pó a base de soja, trigo e gérmen de trigo integrais e orgânicos, tem sido reconhecido por especialidades médicas como alimento saudável e que traz benefícios para a saúde. A ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia) criou o selo “Alimento Saudável”, que visa esclarecer a população sobre fatores de risco relacionados à alimentação e aprimorar o nível nutricional do consumidor brasileiro. Em 2009, a FBG (Federação Brasileira de Gastroenterologia) também lançou um selo de qualidade, que visa esclarecer a população quanto aos alimentos consumidos, sendo que alimentos com essa certificação estão dentro dos padrões de qualidade e são importantes para o controle e prevenção de doenças digestivas. A Revista Brasileira de Medicina publicou em sua edição especial de junho de 2009 o resumo de quatro estudos sobre os resultados positivos na constipação intestinal e sobre a atividade antiulcerogênica do AferBio. O reconhecimento pela FBG foi justamente pelo efeito positivo sobre o sistema digestivo, sendo o alimento considerado um citoprotetor da mucosa gástrica – estudo da Unicamp revela um aumento em 49% do muco gastroprotetor.

São muito importantes os estudos e investimentos feitos para aprimorar e criar novos alimentos voltados para a promoção da saúde. É importante ainda a conscientização da população sobre a alimentação saudável e a busca por opções que, além do valor nutricional, trazem também benefícios fisiológicos ao organismo. Porém, deve-se sempre estar atento à confiabilidade desses produtos e às comprovações científicas dos benefícios alegados. E é sempre muito importante consultar regularmente um médico ou nutricionista, pois as características individuais de cada pessoa devem ser levadas em conta no consumo de alimentos.

Vanessa Gallo é nutricionista

Enviado por:Fernanda Carolina de Souza - fernanda.souza@midiaopen.com.br