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Quando o açúcar é o inimigo

04/10/2011

 
Com uma dieta alimentar controlada e prática diária de exercícios, é possível manter o diabetes sob controle. É comum ouvir que pessoas diabéticas não podem ingerir açúcar, mas raramente entende-se o porquê. Na verdade, a explicação, por mais didática que seja, de fato, pode confundir um pouco. Em linhas gerais, para o funcionamento do organismo, as células de diversas partes do corpo demandam, diariamente, muita energia. Essa energia é gerada, basicamente, pelo açúcar, uma caloria essencialmente útil para o corpo humano. Se esse açúcar, chamado glicose, no entanto, ultrapassar seu limite de concentração, ele passa a ser nocivo ao ser humano. Surge, então, o diabetes, um grupo de doenças que afeta cerca de 13 milhões de brasileiros no País.


A concentração excessiva de glicose no sangue é a característica mais comum a respeito do diabetes. A principal causa no desencadeamento desse problema de saúde é a falta ou a má absorção de insulina, o hormônio produzido pelo pâncreas. Esse hormônio tem como função quebrar as moléculas de glicose e transformá-las em energia. Já que sozinha a glicose não consegue “entrar” nas células, a insulina dá a ela a força necessária, abrindo a ‘porta de entrada’. Se o pâncreas produz pouca insulina, parte da glicose acaba ‘sobrando’ no sangue, o que é extremamente nocivo ao ser humano.


Boa parte das pessoas que tem diabetes, senão a metade, não sabe que tem a doença. “O agravante é: sem controle, ela se torna grave. As altas taxas de glicose acumulada no sangue (hiperglicemia) podem, com o passar do tempo, afetar os rins, a visão, os nervos ou, até mesmo, o coração.

Os tipos mais comuns são Tipo 1 - Diabetes Mellitus Insulinodependente; Tipo 2 - Diabetes Melitus Não Insulinodependente e o Diabetes Gestacional”, afirma o cardiologista Hélio Castello, diretor da Angiocardio.
 
Como os três tipos se desenvolvem:


Tipo 1 – Diabetes Mellitus Insulinodependente (DM1)


Ocorre mais especificamente em crianças, jovens e adultos jovens – nestes casos há um déficit muito importante da produção de Insulina e são necessárias doses diárias de deste hormônio para ser controlada.


Tipo 2 – Diabetes Mellitus Não Insulinodependente (DM2)


É o tipo mais frequente e surge, geralmente, após os 40 anos de idade; possui um fator hereditário maior que o tipo 1; relação com a obesidade e o sedentarismo é maior - estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos.

Diabetes Gestacional (DMG)


É o tipo mais comum na gravidez, sobretudo, se:

· a mulher tem mais de 30 anos;
· parentes próximos têm diabetes;
· já teve filhos pesando mais de quatro quilos ao nascer;
· já teve abortos ou natimortos;
· é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação.

Fontes: Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Diabetes

Sintomas relacionados aos três tipos


Diabetes Mellitus 1
Ainda não se sabe por que as pessoas desenvolvem o DM1, mas é certo que algumas já nascem com genes que as predispõem à doença. No entanto, há também pessoas que têm os mesmos genes e não têm diabetes, o que mostra ser algo próprio do organismo. Causas externas também podem, curiosamente, desencadear a doença, a exemplo de uma perda emocional. Apesar de ser frequente em adultos com menos de 35 anos, a DM1 pode surgir em qualquer idade.
Seus principais sintomas são:

Vontade constante de urinar (poliúria);

Fome frequente;

Sede constante;

Emagrecimento;

Fraqueza;

Fadiga;

Tensão nervosa;

Mudanças de humor;

Náusea;

Vômito.

Diabetes Mellitus 2

Uma particularidade que os portadores da DM2 possuem é que o pâncreas produz, continuamente, insulina. As células musculares e adiposas, porém, têm dificuldade em absorvê-la, ou seja, por vários motivos, as células não conseguem processar, suficientemente, a glicose da corrente sanguínea e são resistentes a ela, por isso esse processo é chamado "resistência Insulínica".
 

Os sintomas mais comuns são:

Infecções frequentes (urina, pele e órgãos genitais);

Alteração visual (embaçamento);

Dificuldade na cicatrização de feridas (pernas e pés);

Sensação de formigamento e dores nas extremidades;

Furunculose.

Diabetes Gestacional (DMG)

A DMG é similar ao Diabetes Mellitus tipo 2 e, aproximadamente, 90% das pacientes têm uma deficiência de receptores de insulina (prévia à gestação). Nesse caso, são fundamentais o controle da glicemia e a programação da chegada do filho: ao decidir engravidar, a paciente deve procurar seu médico para receber a orientação mais adequada. “O especialista irá orientar a futura mãe quanto a como proceder, além de pedir exames necessários. É importante começar o controle alguns meses antes de engravidar”, recomenda o cardiologista da Angiocardio, Dr. Hélio Castelo.
Todas as mulheres grávidas devem realizar exame de dosagem de Glicose Plasmática em Jejum (GPJ) já na primeira consulta de pré-natal (www.diabetes.etc.com.br).
 
Sinais de alerta

A afirmação de que o diabetes não é apenas uma doença, mas uma Síndrome vem do fato de estar associada a várias outras doenças crônicas não transmissíveis, como coronariana e cerebrovascular, hipertensão arterial, lesões renais – que levam até mesmo à insuficiência renal crônica terminal etc.. Se as pessoas estiverem atentas aos primeiros sinais da doença, mais fácil será seu diagnóstico e, assim, o tratamento.
Em algumas pessoas, os sinais de alerta não são sentidos (DM1, por exemplo), mas fica mais claro identificar a probabilidade da doença se o quadro for similar aos seguintes exemplos: membros da família têm a doença; percebe-se excesso de peso; vida sedentária; mais de 40 anos de idade; se faz tratamento para pressão alta e se tem colesterol e triglicerídeos em níveis elevados etc.
 

O bom e velho exercício físico: o melhor tratamento

No caso do tratamento do diabetes, o acompanhamento médico e exames periódicos de sangue são fundamentais. Já que o diabético não conta com cura por tratamentos convencionais, sua dieta dever ter acompanhamento criterioso. Dessa forma, a conscientização e a educação do paciente são dois dos principais conceitos no controle da doença.

A prática diária de exercícios físicos é válida para muitas das doenças modernas, já que as pessoas têm cada vez menos tempo para esse tipo de atividade e vivem imersas em seus afazeres. Para o combate ao diabetes a recomendação não é diferente. “Praticar atividade física, além de hábitos saudáveis, como boa alimentação, ajudam a manter o peso normal. Tudo isso contribui para a prevenção do surgimento, bem como o controle, do diabetes, especialmente, a DM2”, ressalta Hélio Castello.

Evitar bebidas alcoólicas é primordial, pois o álcool traz mais calorias que a glicose e pode causar inflamação aguda do pâncreas, o que pode prejudicar o diabetes ainda mais.

Quanto ao Diabetes Mettilus Gestacional, o tratamento também vem, geralmente, com dieta e exercício. Nos poucos casos em que estes não são suficientes para o controle glicêmico, o tratamento é realizado com insulina.

Importante destacar ainda que o fumo é altamente nocivo aos diabéticos, já que provoca o estreitamento das artérias e pode acelerar as complicações da doença, colocando a vida em risco, além de alterar a ação da Insulina nos receptores periféricos.

No que se refere a medicamentos, são usados os Hipoglicemiantes orais (medicamentos por via oral) e alguns tipos de insulina injetáveis.

O controle é fundamental e se faz com a monitoração dos níveis de glicose, da hemoglobina glicada e outros exames quando necessários, além de consultas clínicas periódicas com seu médico.
 
Alimentação: o que comer e o que evitar

O diabético não precisa deixar de comer tudo que gosta, mas o uso equilibrado dos alimentos é de extrema importância. “A ideia é incorporar na dieta habitual a maior quantidade possível de alimentos ricos em fibras, tais como frutas e verduras. Entre elas estão acelga, agrião, alface, almeirão, mostarda, brócolis, chicória, repolho, couve, espinafre etc.. Frutas em geral são mais que bem-vindas, algumas, como maçã, pêssego e figo, nem devem ser descascadas com o intuito de aumentar o consumo de fibras”, afirma o cardiologista.

As carnes bovinas, quando consumidas, deverão ser ‘magras’, assim como aves e peixes. A quantidade de gorduras (óleo, manteiga, creme etc.) e de carboidratos (massa e doces), deve ser reduzida. Preferir alimentos grelhados e cozidos é a melhor saída.
Os bolos e doces, assim como leite condensado, chocolate e biscoitos não dietéticos devem ser evitados (Sociedade Brasileira de Diabetes).

Dr. Hélio Castello é cardiologista

 Nathalia Fernandes - rojascomunicacao@uol.com.br

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