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Gripe

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Caracterizada por início súbito, com sinais e sintomas marcantes, tais como febre, calafrios, dores no corpo e de cabeça, tosse, coriza e, por vezes, prostração, a gripe é uma doença infecciosa das vias respiratórias.

Causada pelo vírus influenza, é altamente contagiosa. Estima-se que cerca de 10% da população mundial contraia gripe anualmente.

A preocupação com a doença aumenta no inverno, quando sua ocorrência é epidêmica. Além do prejuízo ao bem-estar da pessoa, a gripe pode ser "porta de entrada" para outras infecções graves, principalmente a pneumonia bacteriana, que, em alguns casos, pode ser fatal.

A gripe não deve ser confundida com o resfriado comum, que também apresenta sintomas respiratórios, porém de forma mais branda e de curta duração. A gripe diferencia-se por trazer conseqüências clínicas mais graves ao organismo e interferir diretamente no ritmo de vida das pessoas.

Sem medicamentos eficazes ou acessíveis contra oinfluenza (os usados servem para aliviar os sintomas), a vacinação é a melhor forma de prevenção. Para a proteção no inverno, a imunização deve ocorrer no outono.

A prevenção é a melhor proteção contra a gripe

A vacina antigripal faz parte de um procedimento preventivo cada vez mais usado em todo o mundo, constituindo-se em uma das mais vantajosas intervenções de saúde pública. Desenvolvida há décadas, a vacina tem eficácia clínica comprovada de até 89%, demonstrada em locais onde a circulação do vírus foi confirmada, e a proteção conferida dura aproximadamente um ano.

O início da proteção ocorre cerca de 15 dias após a aplicação, feita em dose única. Só os alérgicos à proteína do ovo (a vacina é cultivada em ovos) ou algum componente da vacina não podem ser imunizados.

Aqueles com alguma doença acompanhada de febre só devem ser vacinados após os sintomas desaparecerem.

A Organização Mundial de Saúde - OMS recomenda expressamente a vacinação para alguns grupos especiais  (bem como a imunização contra a pneumonia e tétano), considerados de risco: pessoas com mais de 60 anos, indivíduos com condições médicas crônicas e profissionais de saúde, familiares e outras pessoas em contato regular com os grupos de risco.

As pessoas com mais de 60 anos são as mais beneficiadas com a imunização. Com o sistema imunológico debilitado, esse grupo é muito suscetível às infecções por influenza. A gripe pode desequilibrar um organismo "enfraquecido" e agravar problemas cardíacos, renais ou pulmonares preexistentes. Além disso, fica mais exposto a instalação de outras doenças, como a pneumonia. Cerca de 80% das mortes relacionadas a gripe ocorrem nessa faixa etária.

A imunização anual contra a gripe tem se mostrado um meio eficaz de prevenir ou reduzir a gravidade da doença em pessoas com mais de 60 anos. Em alguns casos a resposta imunológica pode não ser suficientemente satisfatória para evitar completamente a infecção. No entanto, a imunização diminui a gravidade dos sintomas, freqüentemente evitando a hospitalização e a morte por
complicações relacionadas a estados gripais.

As pessoas com condições médicas crônicas, o segundo grupo de risco, são as portadores de doenças de base, como enfisema, diabetes, hipertensão, doenças renais crônicas, asma, além de problemas do sistema imunológico. Uma gripe em pessoas desse grupo pode desequilibrar de forma irreversível o organismo.

Finalmente, recomenda-se a vacina para os familiares e profissionais de saúde que tenham contato com os grupos de risco. Segundo estudo desenvolvido no Reino Unido, envolvendo 12 clínicas geriátricas, a imunização dos profissionais foi associada a redução de 10% na mortalidade dos pacientes.

Além disso, segundo o Comitê Assessor em Práticas de Imunização dos Estados Unidos, a vacina antigripal também é indicada para todos que desejem reduzir o risco de contágio e assim evitar o incômodo dos sintomas característicos da gripe, que podem inclusive determinar perdas, como o afastamento do trabalho, falta à escola,
cancelamento de viagens, etc.

A vacina e sua eficácia: o impacto da imunização

A vacina conferiu 89% de proteção em uma ampla pesquisa desenvolvida na França, com a participação de mais de 53 mil pessoas. Uma outra pesquisa realizada nos Estados Unidos durante três anos com idosos demonstrou que a taxa de internação hospitalar por influenza e pneumonia no grupo vacinado foi entre 48% e 57% menor do que aquela entre não-vacinados.

Segundo estimativa do Centro de Controle e Prevenção de Doenças - CDC de Atlanta, Estados Unidos, a cada ano, o influenza e suas complicações causam entre 20 mil e 40 mil mortes e de 150 mil a 200 mil internações hospitalares no país. No Japão, verificou-se a eficácia da vacina em crianças asmáticas. A proteção chegou a
67,5%.

Outros estudos americanos indicam ainda que 25% dos casos de pneumonia em crianças têm origem em estados gripais e que 30% a 70% dos idosos desenvolvem complicações respiratórias depois de contrair gripe.

Estima-se que cerca de 120 milhões de pessoas nos Estados Unidos, Europa e Japão sejam anualmente infectados pela gripe. Dados publicados em 1996 indicavam que as epidemias de gripe nos Estados Unidos, a cada inverno, consomem em torno de US$ 4,5 bilhões (gastos com internações, medicamentos, afastamento do trabalho, etc.).

A definição da vacina

A Organização Mundial de Saúde é quem define a composição da vacina contra a gripe. Em função do caráter mutante do vírus da gripe, a OMS formou ao longo dos anos uma Rede Mundial de Vigilância da Gripe. São 112 laboratórios em cerca de 80 países que analisam e classificam o vírus da gripe em circulação. No Brasil, participam da Rede Mundial os institutos Adolfo Lutz (SP), Fiocruz (RJ) e Evandro Chagas (PA).

A OMS, após a observação dos novos subtipos circulantes do vírus, compara-os às cepas de referência, sua ligação a surtos de gripe e outros critérios técnicos, e avalia quais as cepas que devem fazer parte da composição da vacina para a próxima temporada de outono/inverno.

A partir de 1998, a OMS decidiu por emitir duas recomendações (fevereiro e outubro), no sentido de acompanhar melhor as mudanças constantes do influenza nos hemisférios norte e sul. A recomendação de outubro é a usada nas vacinas contra a gripe utilizadas no Brasil.

As epidemias de gripe

Uma mutação muito grande na informação genética do vírus da gripe pode gerar uma epidemia de proporções extensas, também denominadas de pandemias. Nesse século, a gripe já provocou três: a Gripe Espanhola (1918-19), a Gripe Asiática (1957) e a Gripe de Hong Kong (1968).

Recentemente, a "Gripe das Galinhas", de proporção restrita, em Hong Kong pôs o mundo científico em alerta para os riscos de uma nova pandemia. A Gripe Espanhola foi a mais devastadora.

Estima-se que tenha matado mais de 20 milhões de pessoas, número muito superior do que as pessoas mortas durante a segunda grande Guerra Mundial. No Rio de Janeiro, a gripe deixou cerca de 20 mil vítimas.

As crianças em idade escolar foram as principais vítimas da Gripe Asiática; e cerca de 30 mil ingleses morreram em conseqüência da Gripe de Hong Kong. Uma outra epidemia de menores proporções na Inglaterra, no inverno de 1989-90, causou a morte de 4 mil pessoas e a perda de 10 milhões de jornadas de trabalho.
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