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Culpa

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A culpa é aprendida. Nós aprendemos a nos sentir culpados. A culpa causa angustia. Angustia por alguma coisa que você disse ou fez. Ou por alguma coisa que não deveria ter sido dita ou feita. Culpa não é uma condição "momentânea", ela pode até, se tornar crônica. Claro, você deve conhecer, ou talvez seja até você mesmo, uma dessas pessoas que vivem constantemente se culpando.

A culpa é um desperdício de energia emotiva. Você pode errar, e deve aprender com os seus erros. Na maioria das vezes, a culpa não cumpre este papel. Isto é: você não aprende nada. Você apenas se pune por ter errado. Mas se punir não evita, nem evitará que você se comporte daquela maneira novamente. E aí vem mais culpa.... Alem disso, a culpa que você sente não tem o poder de desfazer coisa alguma.

A culpa mais típica é aquela incutida pelos próprios pais. Alias, são os pais os primeiros "professores" de culpa. Você deve se lembrar de frases muito comuns ouvidas na infância: "Eu só fiz isso por você" (por isso você tem que sentir culpa quando se nega a fazer alguma coisa para mim). "O que os outros vão dizer" (isto é: você vai sentir culpa, pela nossa "humilhação familiar"). "Você me deixou com enxaqueca" (você tem culpa pela minha dor).

"Você deixou a mamãe triste com aquilo que você fez" (sinta-se culpado, e não faça mais isso, porque mamãe não gosta). Ou: "Se você não fizer.......mamãe vai ficar triste com você". As nossas relações afetivas são o maior campo para a manipulação da culpa.

Usamos a culpa para manipular nossos parceiros, enquanto eles fazem a mesma coisa conosco. A frase mais utilizada é: "Se você realmente me amasse, você.......". Basta isso para produzir um sentimento de culpa enorme. Porem neste caso o que se espera ao provocar a culpa no outro desta forma, não é que ele se sinta "mal". Na verdade o que realmente se busca, é que o outro, por causa da culpa, tenha uma atitude de "arrependimento" (de expiração da culpa) fazendo exatamente aquilo que queremos. A culpa pode ser "estimulada" através de frases como: "Eu fiz.............só por você".

O que significa que agora, você tem que fazer o que eu quiser. Como se o fato de eu ter feito alguma coisa pelo outro (que se esperaria que fosse espontâneo) me desse o direito de cobrar o que eu quisesse. Até que fiquemos "quites". A culpa também pode ser produzida através de comportamentos velados, e menos óbvios, como o silencio, o famoso "bico", e até mesmo as respostas irônicas.

Toda vez que você adotar qualquer um destes comportamentos, estará comunicando para o outro a sua insatisfação, o seu incomodo, e o seu mal estar, pelo outro não fazer aquilo que você queria e/ou esperava. Pode-se também utilizar fatos passados. Pode ser que em uma determinada ocasião, você não tenha se "aproveitado" de algum fato.

Mas, como "nunca é tarde", o parceiro que quer ter sua vontade satisfeita, pode se utilizar uma fato passado como: "Lembra daquela vez que você me traiu ?".

Quer dizer: "Eu sou tão bom que aceitei e não me separei de você". Basta puxar um ou dois "cordãozinhos" invisíveis, para que o outro ceda submisso. Neste caso a suposta "bondade" e "compreensão" do "traído", terminam onde começa a sua constatação de que aquela lembrança pode fazer com que ele consiga aquilo que quer do outro.

É claro que estas cobranças podem ser apenas inúteis, porque a vida se encarrega de mostrar que é um perigo querer manipular o outro através da culpa. E como tudo tem um preço.

Um dia ele pode se descobrir livre da culpa...E o feitiço virar contra o feiticeiro. Nesta hora seu medo da liberdade do outro, se transformará na fonte da sua própria, total e infindável culpa.

Texto: Valéria Lemos Palazzo Psicóloga CRP 06/35173
e-mail: valp@uol.com.br


   
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