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A máquina de tortura por Mayara Paz

A máquina de tortura por Mayara Paz

09/04/2011

Entre masoquistas e sádicos, a academia é um cenário perfeito para a tortura diária

Alguém, alguém, alguém pode me responder porquê a gente paga tão caro para sofrer feito uma porca suando na academia? Tá, tá, não me venham com “faz bem à saúde”, “seu popô fica firminho”, “os caras olham mais para você” porque já sei disso tudo e com a raiva que tô daqueles aparelhos medonhos que mais parecem máquinas de tortura chinesas, nenhuma justificativa será suficiente para acalmar minhas pernas latejantes, meu braços dormentes e meu pulmão que acabou de bater a porta na minha cara.

Depois de um dia estressante de trabalho ouvindo a doce voz da chefe buzinando no meu ouvido, enfrento um trânsito bem legalzinho de uns mil quilômetros (me permitam o exagero, eu mereço nessas horas) enquanto meu rádio, minha única companhia nos momentos de abandono da sanidade, pifa. Se o cenário lembrava novela das nove, Zé do Caixão que me esperasse. Olhinho no relógio me rememora que ainda tenho a academia pela frente. Pior que visitar sogra, muito pior que lavar a cozinha inteira ou cuidar do filho candidato a Bin Laden da vizinha é lembrar que a academia lhe espera. Por que há consciência em meu ser, por que?
Quando se é mais jovem burla-se o sistema dos pais e foge-se sem dó nem piedade das sessões de aula de reforço, esportes forçados e afins. Mas e quando se é adulto e aquele prejuízo sai do seu próprio bolso? O jeito é dar mão à palmatória e ir à luta.

Embora a consciência ajude no caminho, a certeza de que passar uma hora naquele quadrado, correndo feito uma doida sem sair do lugar, suando como um boi (se não sua é porque ele não faz academia!) e levantando peso – após carregar o mundo nas costas, ela não é suficiente para sair de lá pensando que meu masoquismo realmente não tem limite. Isso tudo aguentando a trilha sonora do Uh, Uh, Uh, dos colegas homens que parecem estar levantando mil quilos naquele pesinho de 5kg enquanto se olham no espelho a cada movimento. Ah, nem.

Que meu popô pareça uma gelatina, que minha saúde seja duvidosa, que os homens não me olhem nem pintada de ouro, amanhã minha consciência que vá sozinha para aquele antro, porque eu? Tô fora!


Mayara Paz - maypaz@gmail.com

 

 

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