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Carnaval - Poetema :: Alexandru Solomon

Carnaval -  Poetema :: Alexandru Solomon


Como sempre, o deus Cronos brinca com a ampulheta.

Descobrimos um remédio, batizamos um cometa,

E cansados dessa vida, desse monte de misérias,

Decidimos dar um basta e tiramos umas férias.

 

Uma fuga, um subterfúgio ou será escapadela?

Para todos os efeitos , ele fica longe dela.

Céus , que será do mundo com o meu afastamento?

Pois garanto :Desprezível será todo seu tormento.

 

Cessará tudo que é guerra e se instaurará a trégua?

Sobre todos os pecados alguém passará a régua?

Ou como diria Dante do Inferno ao Paraíso,

Haverá um só caminho e seria seu sorriso?

 

Desde quando um feriado conseguiu esse poder?

Logo chega a quarta feira e o tempo de sofrer.

A folia implantada sob momesco patrocínio

Só reforça o pessimista e amargo vaticínio.

 

É um tríduo marcante, uma doce fantasia,

A miséria por instantes dá a vez à poesia.

Se o frevo entusiasta levantou toda poeira,

Ela logo se assenta, a partir da quarta feira.

 

Por saber que tudo é sonho, brincadeira dos sentidos,

Uns e outros aproveitam os momentos divertidos

E procuram, quando muito, prolongar a ilusão.

Erra quem se acomoda e prefere a inação.

 

Ao diabo a compostura e as tolas convenções.

Carnaval é carne vale, o recanto das paixões.

Um Pierrô desempregado dá adeus ao sossego,

Sobra tempo o ano todo para a busca do emprego.

 

*Do livro ´´Desespero Provisório``, Ed. Edicon.

Site: www.edicon.com.br

 

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