::Flávio Paranhos –

Vamos repassar, Aninha.

Primeiro mamãe, depois sua mãe, depois tio Alberto, depois tia Honestina, daí primo Carlos, então prima Tainá, depois...

– Do jeito que você está montando o roteiro vamos conhecer Goiânia três vezes. Primeiro mamãe...

– Por quê? – Não vamos começar tudo de novo, Paulo Otávio, por favor.

– Sempre sua mãe primeiro.

– E isso nem é bom, sabia? É a mais sacrificada. A gente acaba ceando na sua mãe.

– Alguma indireta?

– De jeito nenhum... A não ser que não se goste de peru todo santo Natal.

– Aninha...

– Tá bom. Paz. É Natal. Vamos repassar.

– Vamos. Daí tem o tio Sérgio. – Não se esqueça dos pais da namoradinha do Eduardo.

– Mas eles moram naquele condomínio na pqp...

– Paulo Otávio...

– Tá bom. Vamos começar por esses, então. A gente vai cedo, de lá passamos na sua mãe.

– De lá é melhor passar no primo Carlos. Depois na tia Honestina.

– Não vamos ter de passar nos pais do namorado da Mônica, vamos? Diz que não, pelo amor de Deus.

– Vamos sim. Primeiro o pai, que mora perto do primo Carlos. Depois a mãe. – Por que eles decidiram se separar justo agora?

– Paulo Otávio, eles são separados há 20 anos. E a gente também já se separou uma vez, lembra-se? – Mas comemorávamos o Natal juntos.

– Vamos repassar.

– Vamos repassar. Da prima Tainá a gente passa na tia Honestina.

– Não. Tia Honestina é depois do primo Carlos, que é logo depois dos pais da namoradinha do Eduardo.

Não. Peraí. Como era mesmo?

– E o tio Alberto? Vamos passar no tio Alberto?

– Deixa eu pensar. Prima Tainá mora no Jardim América, tio Alberto, em Bela Vista... Pode ser ele depois dela.

– Desse jeito vamos chegar na mamãe pro almoço do dia 25.

– Já fiz as contas. Meia hora em cada casa, chegamos a tempo da ceia em sua mãe.

– Meia hora? Sem chance. Só com a história da família na tia Honestina serão duas horas.

– A gente corta um pouco nos outros.

– Ok. E o almoço de 25?

– Primeiro mamãe.

– Não. Primeiro minha mãe.

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