Feliz Aniversário

Quando acordei corri para o banheiro. Me olhei no espelho e procurei incansavelmente novos fios de cabelos brancos ou rugas que tenham surgido espontaneamente no meio da madrugada. Há trinta anos eu dei o meu primeiro chorinho de vida.

            Não é fácil saber que completei três décadas de vida. Na sociedade em que vivemos, onde a juventude é buscada a qualquer preço, saber que estou definitivamente na vida adulta dá uma sensação esquisita na boca do estômago.

            Quando eu fiz quinze, tive a festa dos sonhos de todas as meninas. Tive vestido, bolo, valsa e namorado com cara de príncipe. E eu imaginava que quando eu fizesse trinta a vida seria perfeita. Me imaginava com um emprego maravilhoso e um marido lindo. Eu queria ser modelo/manequim/atriz, e seria capaz naquela época de fazer qualquer coisa (legal, é lógico) para alcançar o meu objetivo.

            Quinze anos se passaram, e eu não consegui ser modelo/manequim/atriz. Sou servidora pública federal, tenho um diploma honesto, fiz um casamento bem bacana e tenho um filho que é um tesouro. Tudo bem que eu queria ser rica e magra, mas estou bastante satisfeita com as minhas vitórias.

            Não sei o que quero aos quarenta e cinco. Aprendi que não adianta muita coisa a gente fazer planos impossíveis e traçar um futuro de comercial de margarina. Se eu conseguir chegar lá disfarçando os cabelos brancos e as rugas, já vou estar muito feliz.

            O principal é que sou uma pessoa realizada. Me sinto uma vitoriosa, uma lutadora, uma mulher que busca os seus ideais. E só consigo isso porque tenho 30 anos. Aos 20 a insegurança é nossa irmã siamesa, que enche o saco o tempo todo. Aos 30, tenho como melhor amiga a tranqüilidade, e espero aos 40 ter a sabedoria como minha parceira.

            É isso aí, vamos lá, crescendo, amadurecendo e evoluindo. E assim, feliz aniversário para mim.

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