Dia dos Namorados :: Poetema :: Alexandru Solomon
06/06/2009
Uma data que ocorre sempre uma vez por ano
Um pretexto, um motivo, ou um álibi talvez
Para os apaixonados abdicar da lucidez.
Cultivada com esmero no rigor do cotidiano.
Namorados têm seu dia consagrado no varejo
É a hora de da gastança testemunho da paixão
Como se pela despesa se julgasse a afeição
Ou se fosse a embalagem garantia do desejo.
Os anúncios insistentes incendeiam fantasias
Estimulam, patrocinam, nutrem a competição,
Pois é fato, na bandeja tem de estar o coração,
Condição para resgate de pecados de outros dias
Se a salva for motivo de indulgência suserana,
Se for o tributo aceito com sorriso encantador
Servirá por um instante o gesto mutilador
Para uso e consumo para a tal doce tirana.
Mas se for praticidade, mesmo, o nome do jogo
Há opções no comércio: celulares ou bombons
Lenços, calças ou jantares (dos melhores ou dos bons)
Bato palmas, mas hesito colocar a mão no fogo.
Já sabendo qual o risco que advém da queimadura
A razão, sempre presente, aconselha a prudência
É melhor deixar de lado, por um tempo a impaciência
Pois a tal chama sagrada ilumina enquanto dura.
Alexandru Solomon, empresário, escritor, é autor de ´Almanaque Anacrônico`, ´Versos Anacrônicos`, ´Apetite Famélico`, ´Mãos Outonais`, ´Sessão da Tarde`, ´Desespero Provisório` , ´Não basta sonhar` e ´Um Triângulo de Bermudas`. (Ed. Totalidade). Nas livrarias Cultura, Saraiva, Laselva e Siciliano (www.siciliano.com.br).| E-mail do autor: asolo@alexandru.com.br
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