Mundo Mulher

Chapada dos Veadeiros

18/07/2011

Paraíso goiano que o goiano quase não vê


Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso, recebe poucos turistas de Goiás. Maioria dos visitantes é de Brasília, SP e RJ

 

A estatística não é oficial, mas a certeza é tão grande que é repetida como se fosse precisa: os goianos são minoria absoluta entre os mais de 45 mil turistas que visitam anualmente o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, na Vila de São Jorge, no município de Alto Paraíso. Mais 50% dos turistas são de Brasília; em seguida, vêm os paulistas, depois os cariocas, e só então os goianos. Até os estrangeiros são vistos com frequência na região, especialmente neste mês que coincide com o período de férias de verão na Europa.

"Só 2% dos turistas que frequentam o parque são de Goiás", exagera o guia Rui Brasil. "Goiano só gosta do Araguaia", emenda o guia Wilson José, ambos nativos da região e guiando turistas pela chapada desde que o garimpo de cristal foi definitivamente banido da área do parque, no início da década de 90. A impressão dos dois guias repete-se na voz de outras pessoas da região. "A maioria das pessoas que vêm no meu restaurante é de São Paulo. Agora começou a aparecer alguns goianos", informa Waldomiro da Silva Filho, proprietário do Rancho do Waldomiro, um restaurante de comida típica localizada na Serra da Baleia, no km 18 da GO-239.

"Goiano é pão-duro, não gosta de gastar dinheiro", arrisca a guia de Alto Paraíso Ana Lídia, também acostumada a trabalhar com turistas brasilienses e paulistas. "Goiano é raro por aqui", informa Júlia Mattos, proprietária da Pousada Alecrim do Campo. "Acho que as pessoas de Goiânia só gostam de viajar para cidades mais próximas, como Pirenópolis e Caldas Novas. Aqui é longe", acredita a funcionária do Restaurante da d. Nenzinha.

Em comparação com essas duas cidades, de fato é longe: são 440 quilômetros de Goiânia a Alto Paraíso, mas muito menos que as longas distâncias das praias dos litorais brasileiros, destinos muito visitados pelos goianos, e bem próximo das distâncias a serem percorridas para chegar às praias do Araguaia.

Alta temporada

Julho é mês de alta temporada em Alto Paraíso e a cidade está cheia. Andando pela rua, conversando com companheiros de trilhas, é possível confirmar a percepção dos moradores da cidade. Os paulistas chegaram em massa, assim como os brasilienses. Nesta semana o movimento vai crescer ainda mais e já tem muitas pousadas com lotação esgotada.

"Agora só tenho algumas vagas em meio de semana e porque houve desistência", informa Júlia Mattos. Na pousada anexa ao Restaurante da d. Nenzinha já não há mais vagas. A segunda quinzena de julho é tradicionalmente mais movimentada que a primeira e, neste ano, tem um atrativo a mais: o 11º Encontro das Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que será realizada de 22 a 30 próximos com promessa de agitar a Vila São Jorge.


Preços para todos os bolsos

Os preços na Chapada dos Veadeiros não são proibitivos. Há alternativas para todos os padrões de público. Tanto São Jorge quanto Alto Paraíso têm pousadas mais sofisticadas, com diárias na casa dos 300 reais (são três na vila e quatro na cidade neste categoria), como pousadas mais simples, mas charmosas, com preços mais em conta, variando de 80 a 120 reais, até pensões baratas e os populares campings. Esses preços vão cair bem a partir de 30 de julho, fim da alta temporada.

A visita ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros custa 10 reais por trilha, o valor cobrado pelo guia, que forma grupos de no máximo dez pessoas. O mesmo valor da entrada para outros pontos turísticos, como o Vale da Lua. As opções de alimentação também são diversificadas em São Jorge. Desde restaurantes mais caros até quiosque de tapiocas (que custam no máximo 7 reais) a várias opções de self-service e caldos para todos os gostos.

O Popular - Texto e fotos: Cileide Alves
 

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