06/04/2009

O tempo em que turistas e veranistas só procuravam Santos para dar um mergulho no mar e pegar uma corzinha já era. Com um total de 44,6% contra 44,% das praias, o Centro Histórico já se destaca no interesse dos visitantes. Essa situação foi identificada pelo Ipat (Instituto de Pesquisas A Tribuna), ao apresentar levantamento sobre o perfil de 400 visitantes, inclusive de cruzeiros marítimos, que estiveram na cidade durante o Carnaval.

Nesse segundo ano de pesquisa, lideram a preferência, no Centro Histórico, o Bonde Turístico (18% em 2009 contra 12,1% em 2008), a Bolsa Oficial de Café (18,3% em 2009 contra  7,7% em 2009) e o Monte Serrat (9,3% em 2009 contra 8,8% em 2008). Motivo de sobra para aproveitar o feriadão da Semana Santa conhecendo essas e outras atrações. “Elas contam histórias de Santos que se refletiram para o País inteiro”, comenta o prefeito João Paulo Papa.

A Linha Turística de Bonde, cujo trajeto de 1,7 Km acompanha parte dos pontos históricos, está sendo ampliada para 5 Km. Para aproveitar o passeio, é preciso ouvir com atenção as informações da guia bilíngüe e conversar com os vovôs-sabe-tudo, motorneiros e condutores aposentados que narram curiosidades do passado. Também está sendo criado o Museu Vivo do Bonde, com exemplares de diversos países: Portugal, Itália, Escócia.   

O roteiro tem início na Praça Mauá, onde se encontra o Palácio José Bonifácio, sede da Prefeitura de Santos. Apesar das linhas arquitetônicas neoclássicas, seu estilo é eclético. A edificação data  de 1939, quando o Paço Municipal deixou de funcionar em antigos casarões do Valongo. (Pça Mauá s/nº. Visitas monitoradas podem ser agendadas pelo telefone 13* 3201-5000)

A Rua XV de Novembro, que na época áurea do café era conhecida como Wall Street Brasileira, ganhou mais encanto depois de restaurada. Nova iluminação e calçamento de época foram reconstituídos na reforma. Conta com restaurantes e cafés. Toda sexta-feira o programa certo é o “Música na XV”, happy hour de primeira em que se apresentam bandas musicais de MPB e Pop/Rock, a partir das 18 horas.

Na rua XV fica, ainda, a Bolsa de Café, em cuja Sala de Pregões - iluminada por magnífico vitral - os comerciantes combinavam o preço e a qualidade do produto, sentados no cadeirado de jacarandá. Paisagens santistas pintadas por Benedicto Calixto cobrem uma  das paredes. O prédio da Bolsa abriga um museu e uma cafeteria, onde se saboreia e vende o verdadeiro café brasileiro tipo exportação. (R. XV de Novembro, 95. Tel. 13*3219-5585)

Construído em 1865 para residência e armazém de renomado comerciante português, a Casa de Frontaria Azulejada ficou conhecida por sua fachada de influência neoclássica, formada por azulejos em alto relevo importados de Portugal. Concebida em forma de ‘U’, a construção foi utilizada como escritório, hotel, armazém de cargas e depósito de adubos químicos. Desde 2006, constitui-se no Espaço Cultural Frontaria Azulejada. (Rua do Comércio, 96).

Em honra a José Bonifácio de Andrada e Silva, uma das maiores personalidades que já surgiu no País, sua cidade natal restaurou o Pantheon dos Andradas. O Patriarca da Independência descansa ao lado de seus irmãos - Antônio Carlos, Martim Francisco e Padre Patrício Manuel. (Pça Barão do Rio Branco, s/nº. Tel.13*3201-800 Ramal 5032).

O Outeiro de Santa Catarina é o local exato da fundação do município.  Em edifício acastelado da década de 1880, hoje ali funciona a Fundação Arquivo e Memória de Santos, que garante a salvaguarda de um patrimônio que vai do final do século XVIII aos dias atuais. Possui cerca de três milhões de documentos e acervo fotográfico com mais de 350 mil imagens de Santos e região. (R. Visconde do Rio Branco, 46. Tel. 13*3223-7009).

O Teatro Coliseu voltou a ter cadeira cativa na arquitetura antiga da cidade. Entre sua inauguração (1909), a reinauguração (1924) e a recente restauração (finalizada em janeiro de 2006), passou-se quase um século. Com a reforma, a cortina de veludo vermelho de seu palco abriu-se para um salto de cerca de 100 anos de tecnologia. (R. Amador Bueno, 237.Tel. 13*3226-8000).

Já a Estação do Valongo , erguida em 1860, reproduz, de modo simplificado, a Victoria Station de Londres. Em 2004, as características originais de sua arquitetura vitoriana foram resgatadas, para abrigar a Secretaria Municipal de Turismo. (Largo Marquês de Monte Alegre, s/nº. Tel. 13*3201-800).

A 3ª Casa de Câmara e Cadeia de Santos (1869), conhecida como Cadeia Velha, recepcionou personalidades ilustres, como a Princesa Isabel. A partir de 1896 funcionou apenas como cadeia, até 1956, quando se iniciou a transferência dos presos para outro prédio. Restaurada em 1981, atualmente abriga a Oficina Cultural Pagu, da Secretaria de Estado da Cultura, onde são realizadas exposições e ministrados cursos de música e artes plásticas. (Pça. dos Andradas, 1. Tel. 13*3219-1741).

Construído pelos empresários do café em 1882, o Teatro Guarani voltou à cena em dezembro de 2008. A grande obra de recuperação dos elementos antigos, remanescentes da reforma de 1909, que transformou o edifício em eclético, não desprezou detalhes originais do neoclássico, ancestral mais distante, do século XIX.  Funciona também como Escola de Artes Cênicas (Praça dos Andradas).

Grande incentivador da recuperação do Guarani e do Centro Histórico, o secretário de Cultura, Carlos Pinto, pondera: "Um povo sem história não tem rosto”.

E como a semana é santa....